Comentário

Um exemplo a ser seguido

Texto: Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, diretor do Departamento de Abelhas Indígenas sem Ferrão da APACAME.



Aconteceu no II Congresso Brasileiro de Meliponicultura em Aracajú - SE.  Quando da escolha do mais idoso e mais jovem apicultor presentes no Congresso nos surpreendeu o interesse de um garoto pela meliponicultura e conseqüentemente pela preservação das abelhas nativas.

Refiro-me ao garoto Loabim da Silva Vieira que quando foi questionado por mim me deixou atônito.

Menino com idéias de adulto e o coração cheio de esperança quebrando, assim, o tabu de que só os idosos e experientes têm a sensibilidade e o saber. Demonstrou que os jovens, quando bem orientados, podem nos dar uma lição de sabedoria.

Eu não poderia perder essa oportunidade e achei por bem mostrar a todos o seu amor pelas abelhas indígenas sem ferrão, então, resolvi transcrever na integra o seu belo depoimento.

"Meu nome é Loabim da Silva Vieira, tenho quinze anos, comecei a criar abelhas africanizadas com o meu pai desde pequeno. Quando via ele ir ao apiário eu ficava curioso em conhecer seu trabalho com as abelhas. Então ele me levou um dia, fiquei fascinado e, desde então, iniciei com minha criação.

Há três anos crio abelhas indígenas sem ferrão. Comecei por volta de 2004 quando na edição da Exposição Agropecuária, o SEBRAE ofereceu cursos sobre abelhas sem ferrão, eu me interessei já que alguns colegas da Associação de Apicultores onde meu pai freqüenta, já criavam e me disseram coisas muito interessantes sobre a meliponicultura.

Depois do curso vi que no sítio do meu pai tinha um cortiço de abelhas Jataí e um de Irai. Quando fui transferir o primeiro cortiço para uma caixa racional tive uma decepção muito grande, pois perdi o enxame.

Outro dia fui transferir outro cortiço, só que agora era de Uruçu e, novamente, tive outra decepção, o enxame havia morrido, vítima do ataque de Forídeos mas, mesmo assim nunca desisti, pois meu maior objetivo era ser um meliponicultor.

Com a ajuda de um amigo criador experiente transferi um cortiço de Irai e um de Uruçu que havia comprado. Posteriormente comprei uma caixa de Uruçu de outro criador e comecei a dividir.

Tempos depois, no sítio do meu pai, chegaram em diversos blocos ocos, vários enxames de Jataí, as quais tranferi para caixas.

Hoje já tenho o meu próprio meliponário com vários enxames de Uruçu, Jataí, Irai e várias outras espécies, inclusive uma nidificada em um coqueiro que ainda não foi identificada.

Agradeço primeiramente a Deus e também ao SEBRAE que teve essa ótima iniciativa, pois por intermédio dele comecei a gostar e criar essas abelhas. Aconselho as pessoas que gostam e que preservam a natureza a criar essa abelha, pois são dóceis e inofensivas.

Hoje posso afirmar que a meliponicultura deixou a minha vida mais doce"

Loabim da Silva Vieira, meliponicultor - (0xx79) 3631-2816 - loabimsv@bol.com.br

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