Editorial

MEL PARA O MERCADO INTERNO?

Acabamos de participar do XXXIX Congresso Internacional de Apicultura, realizado na cidade de Dublin, na Irlanda, no período de 21 a 26 de agosto de 2005.

Como santo de casa não faz milagres, é preciso participar desses eventos para aquilatar o potencial apícola brasileiro e, a cada congresso internacional que nós participamos, retornamos entusiasmados com o nosso País.

Desta vez pudemos ver o Brasil representado por um estande de 48m2 promovido pela APEX / SEBRAE, no qual diversos empresários puderam expor os seus produtos de modo tímido, com exceção da APILANI Máquinas e Equipamentos Técnicos Ltda., que levou uma Centrifuga e Equipamento para laminar e alveolar cera, o que causou boa impressão aos visitantes. Digo tímido, pois diversas empresas dispunham de um pequeno balcão com vidro, onde os produtos se acumulavam numa demonstração de total improviso, ao contrário dos empresários argentinos, por exemplo, que organizadamente ocupavam quatro estandes, sem falar dos outros espalhados pela ApiExpo2005.

Devemos destacar a participação da CEARAPI - CE que tinha um estande próprio para a divulgação dos seus produtos. Comentário à parte, verificamos a preocupação dos empresários e do SEBRAE em retomar o mercado interno brasileiro como saída para a apicultura brasileira diante da queda vertiginosa dos preços do mel no mercado internacional, causado pelo retorno do mel chinês e pelo aumento da produção em nível mundial, incentivados pelos preços favoráveis praticados nos últimos anos.

Por diversas vezes a revista Mensagem Doce, através dos seus editoriais, manifestou a sua preocupação a esse respeito. Se de um lado uma campanha para incentivar o consumo de mel no mercado interno é louvável, cabe-nos perguntar: De onde virá o mel para suprir o aumento de consumo? Da China? Da Argentina?

Sabemos que o preço que está sendo praticado pelos entrepostos brasileiros para o mel torna impraticável a apicultura nos moldes em que ela é praticada hoje no Brasil.

Como sobreviver?

Essa campanha seria para incentivar a apicultura ou para salvar da insolvência os entrepostos?

Uma saída para escoar o mel brasileiro seria colocá-lo na merenda escolar. Acreditamos que não teríamos mel para atender a demanda. Aí, de onde viria o mel para o mercado interno?

Resumindo: Há que se criar uma política para o aumento da produção, para a proteção do produtor, para a proibição da importação de produtos apícolas, para que o setor apícola possa se estruturar. Caso contrário seremos meros importadores e revendedores de mel.
Constantino Zara Filho - Presidente Executivo

 

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