Artigo

O PEQUENO COLEÓPTERO DA COLMÉIA
( Aethina túmida,M)

Texto traduzido da revista L´Abeille de France et l´apiculteur, número 911 - fevereiro 2005, pelo membro do Departamento Técnico da APACAME sócio João Sobenko.


(Aethina túmida, M)

1. Como conhecê-lo ?

O pequeno coleóptero das colméias (Aethina túmida,M) é em tamanho natural um pouco maior que a cabeça de uma abelha (5 a 7mm de comprimento e de 3 a 4,5mm de largura). Portanto é muito menor do que qualquer besouro.

O adulto é de cor marrom-escuro ou preto; desloca-se rapidamente entre os restos que se depositam no fundo da colméia, entre os quadros e sobre as ceras que são pouco visitadas pelas abelhas; foge da luz e desaparece rapidamente da nossa vista em alguns instantes. Suas larvas se distinguem claramente das larvas da falsa traça e são de um tamanho inferior ao do verme da falsa traça, possuindo uma consistência mais firme e mais resistente.

Apresentam três pares de patas na sua extremidade anterior (ao passo que as da falsa traça são dispostos ao longo do corpo).

Não são capazes de produzir teia quando se alimentam e portanto não formam casulos.

É possível vê-los freqüentemente flutuarem sobre os alvéolos contendo mel sem risco de se afogar, graças a algumas sedas e protuberâncias presentes sobre a superfície de seus corpos.


  2. Onde os encontramos atualmente?

Este parasita, originário da África do Sul, foi descrito pela primeira vez em 1867 e após se espalhou a outros continentes. Nos Estados Unidos foi detectado pela primeira vez em 1998 e atualmente ocupa a metade Leste do país. Recentemente, em outubro de 2002, foi identificado no continente australiano.

A rapidez com que o coleóptero se espalha é devido a grande facilidade de se adaptar e a capacidade de sobreviver em ambientes diferentes das colméias, pois pode completar o seu ciclo sem necessidade da presença de abelhas.

Parece que até agora esse coleóptero ainda não chegou à Europa, pois a sua presença aí ainda não foi confirmada.

  3. Como vive e se reproduz?

A fêmea do coleóptero deposita seus ovos de cor branca madrepérola junto com os da abelha, aglomerados de modo irregular, em pequenas frestas e nos espaços livres, entre as extremidades do quadro de madeira e o favo de cera. A capacidade de postura ainda é desconhecida com exatidão, mas considera-se que 2 ou 3 fêmeas adultas são capazes de provocar um nível de infestação suficiente para pôr em perigo a viabilidade da colônia.

Após um curto período de encubação (3 a 6 dias), nascem pequenas larvas que continuam o seu desenvolvimento alimentando-se de mel e pólen.

Uma vez atingido o grau de maturidade suficiente, as larvas saem da colméia e se enterram, onde completam a sua formação. Se as características do solo são favoráveis (terrenos arenosos e úmidos) as pupas preferem ficar nas proximidades das entradas das colméias (a maioria se encontra a menos de um metro de distância) e a uma pequena profundidade (10 a 30 cm).

O tempo necessário para as pupas se formarem vai de 15 a 60 dias dependendo das condições climáticas; o ciclo é mais curto quando a temperatura é mais suave. Em condições ideais de temperatura e umidade, o ciclo do desenvolvimento dura de 3 a 4 semanas.

Quando o adulto sai do solo é muito rápido e pronto a voar, orientando-se pela luz. Após alguns dias, ele se dirige para uma colméia, atraído pelo odor típico da colônia (cheiro de mel, da cera, das abelhas...).

Uma vez na colméia os machos e as fêmeas copulam e a postura da fêmea começa mais ou menos em uma semana.

Constatou-se que em condições exteriores desfa-voráveis, o coleóptero era capaz de completar o seu ciclo de vida com ausência de abelhas. O desenvolvimento larval continua utilizando outras fontes alimentares, principalmente frutos em decomposição e restos de materiais apícolas.

  4. Quais são os desgastes ocasionados?

O pequeno coleóptero das colméias aparece principalmente em colônias fracas, que apresentam, por esse motivo, numerosos favos pouco ocupados pelas abelhas. Entretanto, pode às vezes aparecer em colônias mais fortes com uma boa população de abelhas.

Para esse coleóptero, como no caso das traças, os desgastes mais graves são causados pelas larvas. Essas últimas se alimentam de todos os componentes da colméia: do mel, do pólen, de crias como também dos cadáveres de abelhas.

Os excrementos e secreções que a larva deposita sobre a cera quando se alimenta contém uma subs-tância que dá origem à fermentação do mel. Este último se decompõe então em uma massa viscosa, que transborda dos alvéolos com um cheiro característico de laranja podre.

Esta fermentação pode também se produzir nos favos de mel recolhidos e estocados na sala de extração, desde que o período de estocagem exceda 3 dias.

Pode também se produzir nos recipientes que contenham mel, já que as larvas são capazes de sobreviver nos líquidos.

As ceras afetadas não são mais aceitas pelas abelhas e devem ser bem limpas se o apicultor desejar reaproveitá-las.

  5. Como fazer o diagnóstico?

Como no caso de qualquer doença, a realização de um diagnóstico precoce é indispensável para dominar a infestação.

No caso do pequeno coleóptero das colméias, a precocidade deste diagnóstico seria muito importante mesmo que a sua presença ainda não esteja confirmada. De modo geral, este coleóptero prefere regiões quentes com temperatura suaves.

Para completar o seu ciclo, ele precisa deixar a colméia e se enterrar no solo. Prefere terrenos arenosos, com certo grau de umidade que lhe permite cavar pequenos túneis ou galerias onde se formará a pupa.

Acontece encontra-lo em colméias fortes, mas é mais freqüente em colméias fracas providas de quadros contendo mel e pólen que servem para alimenta-lo. No caso extremo de ausência de comida, ele ataca os ovos e as larvas de abelhas para assegurar sua subsistência.

Quando a parasitose é fraca, é difícil detectar a presença dos indivíduos adultos sobre os favos. Entretanto, em função das características próprias da colméia é preciso orientar as buscas nos fundos e nos locais onde há menos luz e onde se acumulam detritos que as abelhas não conseguem retirar.

Quando se faz uma inspeção de rotina nos quadros é possível confundir as larvas do coleóptero com as da traça, o que aumenta o risco de não detectar o começo da evolução.

  6. Algumas recomendações:

A melhor medida de prevenção contra a aparição da maior parte das doenças repousa sobre um bom cuidado da parte do apicultor.

No caso do pequeno coleóptero há outras medidas que o apicultor deverá tomar no próximo porvir para combater esta doença na sua exploração, tais como:

No apiário:

a) possuir colméias fortes com favos cobertos de abelhas; evita-se assim que os quadros fiquem desocu-pados e abandonados nas extremidades laterais da colméia;

b) utilizar colméias que permitam limpeza dos fundos, evitando assim um acúmulo de detritos;

c) nunca deixar quadros ou restos de favos abandonados no apiário, porque o seu cheiro atrai os coleópteros das colméias;

d) evitar trocar quadros entre as colméias atingidas com as sãs;

e) inspecionar periodicamente suas colméias e, prestar atenção especial no caso em que se constatar sintomas parecidos aos da traça.

  Na casa do mel:

a) não estocar quadros por mais de 3 dias, sobretudo contendo pólen ou crias;

b) eliminar todos os restos de mel e ceras de opérculos presentes nos recipientes;

c) não guardar por muito tempo as ceras não-derretidas, mesmo dos opérculos;

d) não estocar favos ou colméias no interior das instalações porque podem conter o coleóptero.  

Para todas as etapas: Manter condições de limpeza e higiene adequadas,evitando estocagem de detritos provenientes da colméia.

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