Atividade

MELIPONICULTURA.
Tripla Visita Técnica.

Texto: Waldemar Ribas Monteiro.
O Nosso Departamento de Meliponicultura, representado pelo nosso Diretor, o conservacionista Waldemar Ribas Monteiro, juntamente com a pesquisadora Profa. Dra Marilda Cortopassi Laurino, da Universidade de São Paulo - USP, mais os Engenheiros agrônomo José Luciano Panigassi e Jean Louis Jullien, fizeram um trabalho de campo visando cada vez mais dotar nossa Meliponicultura de informações muito importantes.
Visita técnica
Eng. Agrônomo José Luciano Panigassi no seu Meliponário


A primeira visita, na parte da manhã, foi feita no Meliponário do Eng. agrônomo José Luciano Panigassi, o qual mantém uma bela coleção de abelhas Indígenas sem Ferrão predominantemente Melíponas, como exemplo: Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides), Manduri (Melipona marginata) etc.

Este Meliponário é composto de mais de oitenta [80] famílias da Melipona quadrifasciata anthidioides (Mandaçaia), sem contar com outras espécies existentes na região da cidade de Pedreiras - SP, onde se encontra o Meliponário.

Luciano também nos apresentou algumas espécies de plantas visitadas por essas abelhas que ele está cultivando, dentre elas: A Escova-de-Macaco (Cobretum coccineum), a Ora-pro-nóbis (Pereskia-acuelata) e outras.

O Meliponicultor Luciano nos mostrou fotos da exuberante florescência das plantas mencionadas.

Luciano e seu pai, exímios marceneiros que são, têm estudado e confeccionado, a título de estudos, caixas para várias espécies de meliponineos, visando adequar o melhor volume, e facilidade de manejo para com esses insetos.

Feito isso, após ter observado todo este belo trabalho, partimos para a fazenda São João na divisa de Pedreira e Campinas - SP, fazenda esta, de propriedade de Eng Agrônomo Jean Louis Jullien.

Na chegada à fazenda, ficamos surpreendidos quando deparamos com o belo casarão do século XIX, construído pelos bisavós de Jean.

Dando início ao nosso trabalho, na referida fazenda, fomos de encontro a uma paineira secular (Chorisia speciosa), também conhecida como árvore-da-paina, paina-de-seda etc,da família das bombacáceas, cujo porte é de até 30 metros de altura e, a pedido do Jean, usando uma escada articulada, subimos a uma altura entre 4 a 5 metros para identificar uma abelha ali existente a três décadas.

A subida na escada foi lenta, mas a descida super rápida. Por que?

Porque estávamos sem indumentária, e frente a frente a um ninho enorme de Sanharão (Trigona truculenta) abelha social da familia dos meliponineos.

Abelha indígena sem ferrão, pertencente a tribo dos trigonini, medindo cerca de 9 a 11mm de comprimento, uniformemente preta reluzente e asas em geral muito retintas.

Pelo aspecto geral pouco difere, da "Irapuá" (Trigona spinipes), sendo esta bem menor.

É abelha notoriamente agressiva, que nidifica em tronco ocos. O mel não é aproveitável, porque o Sanharão tem hábitos sujos, isto é, freqüenta também matéria orgânica em decomposição, e também usa fezes de mamíferos para a construção do ninho.

Na verdade esta escalada à fazenda São João de propriedade do Jean, foi para conhecer o maior meliponário e o maior criador de abelha jataí (Tetragonisca angustula) do Brasil.
Visita técnica
Da esquerda para a direita: Meliponicultor Carlos Alberto Barreiros
Profa. Dr. Marilda Cortopassi Laurino
o diretor da APACAME Waldemar Ribas Monteiro
e Eng. Agrônomo Jean Louis Jullien


Dotada de um pasto meliponicula exuberante, a fazenda São João abriga em seu seio um magnífico meliponário modelo com mais de 120 colméias, em franca produção do delicioso e valorizado mel.

Após um breve manejo em algumas caixas, diga-se de passagem, todas do modelo PNN do grande mestre Prof.Dr Paulo Nogueira Neto, observamos que todas estavam repletas de mel.

Dando prosseguimento as nossas observações, conseguimos também, na referida fazenda, localizar alguns ninhos naturais de Abelhas Nativas Sem Ferrão: Guira (Geotrigona inusitata), Mombucão, Mombuca (Cephalotrigona capitata), Borá (Tetragona clavipes), Irai (Nannotrigona testaceicornis), Mandaguari amarelo (Scaptotrigona xanthotricha) e outras.

Uma outra informação dada por Jean, foi que ele plantou uma quantidade significativa da fruta Lixia, e pode observar a forte presença da abelha Jataí, provavelmente polinizando essa planta.

Já ao entardecer, partimos para a terceira e última etapa das visitas, agora na cidade de Mogi-Mirim - SP.

Esta visita para nós, teve uma conotação bastante romântica.

Revelou-nos, a imagem de um soldado do fogo, um bombeiro da cidade de Mogi - Mirim, cujo nome de guerra é "Barreiro", ou seja Carlos Alberto Barreiro, que em seu trabalho cotidiano foi chamado a intervir para eliminar um enxame de abelhas que parecia por em perigo os cidadões dessa cidade.

Qual não foi a surpresa de "Barreiro" quando chegou no local, e defrontou-se com um enxame de abelha Jataí, abelhas dóceis e inofensivas, que logo despertou seu interesse.

Retiradas as abelhas do local, Barreiro ofereceu a elas uma pequena caixa, levando-as para sua casa.

Dai começou seu amor e carinho pelas nossas abelhas nativas.

Hoje "Barreiro", é um dos maiores criadores de Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides) da região e do Estado de São Paulo, pois possui cerca de 120 colméias.

Há de se destacar a organização e a beleza de seu meliponário, e como não poderia deixar de ser, ele também mantém uma bela coleção de plantas que oferecem pólen e néctar para essas suas abelhas.

Todas essas atividades, foram documentadas fotograficamente pela Dra Prof.Marilda Cortopassi Laurino.

Queremos agradecer ao Luciano, ao Jean, ao Carlos e a Dra Marilda pela colaboração e participação de tão proveitosa visita,que nos encheu de alegria satisfação e conhecimento.

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