Artigo

PLANTAS TRANSGÊNICAS (OGM - Organismos Geneticamente Modificados) E A ABELHA

Resumo de artigo publicado  na revista "Abeille de France" n. 891, de abril de 2003, traduzido pelo nosso sócio João Sobenko.

Muito se tem estudado, discutido e direcionado sobre as plantas transgênicas nesses 20 anos da sua existência. Há países como USA (60,8%), Argentina (22%), China (3%) e outros que possuem cereais transgênicos ou geneticamente modificados e por eles utilizados.

A EU todavia resiste em aceitá-los para o consumo humano.  Na Europa foi criada a  "AFSSA" Agência de Securidade Sanitária de Alimentos que após um ano de existência não chegou até agora a nenhuma conclusão sobre o consumo de plantas transgênicas, tanto para a sua utilização como o risco que poderiam causar à saúde humana.

O Pólen de plantas transgeneticamente modificadas tem ele influência sobre a saúde e desenvolvimento das abelhas?

O cuidado da abelha é particularmente importante, tendo-se em vista seu papel insubstituível no nível econômico e sobretudo ecológico, pelo fato da planta modificada produzir uma toxina especificamente dirigida contra os insetos.

E as abelhas não correm risco?

Estudando a biologia alimentar da abelha, constata-se que em todos os estágios de seu desenvolvimento corre o risco do contato com a toxina da planta se o pólen o contém. O pólen é recolhido pelas campeiras, trazido para a colméia para ser distribuído, transformado e estocado. As necessidades de pólen e a quantidade consumida variam com a idade da abelha, suas funções na colméia e sua casta.

As larvas são alimentadas por abelhas jovens durante os primeiros dias com geléia real, pobre em lipídios. Em seguida, elas recebem uma mistura de pólen e mel. O crescimento das larvas é espetacular! Em 6 dias seu peso é multiplicado por 1.000! Após o seu nascimento a jovem abelha alcança seu desenvolvimento em 8 a 10 dias, durante os quais ela necessita das proteínas do pólen para a formação de suas glândulas hipofaringianas e mandíbulas como também de corpos graxos.

Observou-se que a durabilidade da vida de uma abelha, se lhe falta pólen é muito reduzida.

As larvas de zangão recebem uma alimentação parecida, mas ainda mais rica em pólen e em maior quantidade.

A quantidade de pólen recolhido por uma colméia varia d 15 a 26 kg./ano. Cada larva consome 163mg, cujos 36mg de proteínas. A campeira recolhe esses 163mg em 8 saídas de 26mg cada uma.

Esses números mostram toda a importância de um pólen são para a sobrevivência de uma colméia.

Por muitos anos se procurou saber se o pólen de plantas OGM tinha influência na criação e desenvolvimento da abelhas, e a  transferência horizontal dos genes sobre os micros organismos presentes nos intestinos.

Chama-se transferência vertical quando um organismo que se reproduz, transmite seu gene à geração seguinte pela reprodução sexual, ao passo que na transferência horizontal os genes vão de um organismo à um outro sem intervenção sexual, como nas plantas OGM.

Na França foram feitas experiências em estufas, com 8 colméias de 2.000 abelhas cada uma, onde tinham unicamente pólen de plantas transgênicas. Simultaneamente outras 8 colméias de 2.000 abelhas, testemunhas eram alimentadas com pólen sem OGM.

Após seis semanas observou-se o seguinte:

1) - As chances de sobrevivência em cada estágio larval foram absolutamente idênticos;
2) - O peso das abelhas nascentes era idêntico nos dois grupos;
3) - Notou-se espantosamente que o peso das abelhas parasitadas por varroa diminuiu 18% nos dois grupos

Foram feitas estas experiências com pólen de Colza e Milho, nos dois casos os resultados foram idênticos. Sendo que na Colza foi usado o germicida "Basta" (PAT-gene) e no Milho "Bacillus turingis".

Segundo a especialização do BT, chamado (CRY) estes cristais agem especificamente contra os lepidópteros (borboletas...), os coleópteros (besouros...) ou os dípteros (moscas..).

A abelha é um himenóptero.

Quanto à migração trasngênica dos microorganismos nos intestinos das abelhas, estudados por métodos d biologia molecular, procurando o gene de resistência aos herbicidas, sobre um milhão de culturas de microorganismos foram isolados apenas oito que continham este gene.

CONCLUÍNDO: Mexer com a natureza apresenta sempre riscos.  Mas nós o fazemos desde que o homem é homem. Quantas variedades d e leguminosas, florais ou frutíferas apareceram depois que o homem se dicidiu experimentar sei poder sobre a natureza. Nós experimentamos, modificamos, enxertamos, melhoramos, trafegamos....

É claro que os poderes dos quais dispomos hoje com a transgênese nada tem haver com os dos nossos antepassados. A aceleração das transformações que ela permite nos enlouquece.

Devemos, pois escolher entre um progresso que desejamos sempre melhor a um imobilismo esclerosado e fechado.

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