Editorial
MEL ORGÂNICO? PARA QUEM?


Tanto no XIV Congresso Brasileiro de Apicultura, realizado em Campo Grande _ MS, como no Seminário Sobre Apicultura Orgânica, realizado pela APACAME no dia 23 de agosto de 2002, em São Paulo _ SP, restou-nos as seguintes informações:

1)- Que o Brasil tem vocação para a produção de mel orgânico, tendo em vista o vasto território que dispõe de áreas propícias para a produção desse mel.

2)- Que o Brasil, a par desta vastidão territorial tem uma diversidade vegetal que constitui um excelente pasto apícola.

3)- Que o Brasil dispõe de uma abelha que apresenta uma rusticidade tal que, praticamente, a protege de qualquer doença, especialmente aquelas tão conhecidas internacionalmente, o que isenta o apicultor de aplicar qualquer tipo de medicamento às suas abelhas, ao contrário do que ocorre no mundo todo.

Pudemos aprender que nos países desenvolvidos existe um nicho comercial para os produtos orgânicos e dentre eles, o mel.

Pudemos aprender que esse mel orgânico alcança um preço de até 20% maior do que o mel convencional.

Pudemos aprender que para se conseguir a certificação, o apicultor terá que adaptar-se a uma série de exigências, conforme publicado neste numero.

Pudemos aprender que esse mel orgânico, após a certificação é enviado a granel às empresas importadoras que, logicamente, irão fraciona-lo para atender ao exigente mercado dos países desenvolvidos.

É aí que não deu para entender.

Após produzir o mel orgânico, que tem agregado todas as qualidades naturais do mel brasileiro; atendidos todos os procedimentos na produção, manipulação, processamento, estocagem, para a obtenção da certificação, agora será vendido a granel para ser fracionado no exterior e vendido a um preço muitas vezes superior, uma vez que se trata do melhor mel que se pode produzir.

E aí fica a pergunta: Mel orgânico? Para quem?
 

Constantino Zara Filho - Presidente Executivo

 

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