Artigo

MERCADO   APÍCOLA

Radamés Zovaro
Apicultor e Empresário Apícola
Diretor da Apacame
Presidente do Conabee
E.mail  -  zovaro@zovaro.com.br


    Aos poucos estamos percebendo uma grande transformação na comercialização dos produtos apícolas. Não é só o fator sócio-econômico que faz com que o pequeno apicultor (mais ou menos até 100 colméias) tenha dificuldade na venda de seus produtos, mas a própria concorrência provocada pelos entrepostos, hoje industrias e algumas a nível de primeiro mundo, colocam seus produtos nas prateleiras dos supermercados com um  visual melhor apresentando em seus rótulos o símbolo da inspeção Federal, Estadual ou Municipal, que oferecem uma garantia de qualidade, alem da variação de produtos e principalmente  dos  méis compostos,  hoje talvez o mais vendido.

    Além disso o Brasil desperta para a Exportação dos produtos apícolas atingindo um Record no ano de 2001 (até Novembro o total de mel exportado foi de  1.815 ton., bem superior aos anos anteriores - 2000 = 269 ton. e 1999 = 18,6 ton. -  fonte Secex - MA). A própolis foi o grande vilão das exportações em meados da década de 1990, porem, talvez por problemas de preços e cotação do Dólar , nos perdemos uma parte do mercado para outros paises, apesar da própolis de algumas regiões do Brasil ser considerada uma das melhores do mundo.

    Porém,  sentimos  que o pequeno apicultor esta  desmotivado de continuar na apicultura, pelos problemas que encontra na colocação de seus produtos, alem de outros como por exemplo   a área que é ocupada pelos apiários, aparentemente pequena,  mas que deve ser mantida a uma certa distancia de criações e residências em função da agressividade das nossas abelhas.

    A apicultura no mundo todo é tida como atividade familiar, assim como  em todas as atividades agrícolas temos o pequeno, o médio e o grande, no Brasil não é diferente, e temos a obrigação de preservar o pequeno, o médio e o grande apicultor, assim como os entrepostos e as empresas fabricantes de matérias para apicultura, afinal toda a cadeia produtiva  que representa a atividade apícola já existe e deve ser preservada.

    É  fundamental que deva ter a colaboração de todos para que a atividade se fortaleça e possa ocupar o espaço que tem direito.  Os entrepostos devem abrir suas portas para comprar os produtos dos pequenos e médios apicultores, assim como, estes, tem que  perceber que a venda dos produtos no atacado tem um preço menor, porem com menos trabalho,  menor risco de uma fiscalização, evitando a estocagem do produto por muito mais tempo e podendo girar o dinheiro com maior rapidez.

    O apicultor deve pensar que ele deve ser produtor, não se preocupando com o envase fracionado do produto, essa atividade é do entreposto que fará a homogeneização, o envase, a rotulagem e a comercialização, seja para o mercado interno como para o externo, assumindo todos os riscos quanto a qualidade, a fiscalização, a venda e a imagem do produto final.

    O importante é que o apicultor tem que se preocupar com a produção, tentando melhorar o manejo com a finalidade de melhorar a produtividade, alem da qualidade do produto, tanto do mel com relação à umidade, higienização, etc., como dos outros produtos, limpeza da própolis, polem e cera. Não comentamos da geléia real porque é uma atividade muito peculiar e é evidente que requer todos os cuidados.

    Não é fácil mudar esses conceitos, afinal é uma nova filosofia de trabalho na atividade apícola,  mas, acreditamos que a  perseverança que o apicultor tem de trabalhar com as abelhas é possível que brevemente poderemos ver a apicultura bem mais estável, em desenvolvimento, ampliando seu parque de fabricantes de materiais apícolas, melhorando as condições do pequeno, médio e grande apicultor e, os entrepostos oferecendo um produto da melhor qualidade para o consumidor final fazendo com que este esqueça a famosa frase que todos os apicultores um dia já ouviram  “ESSE MEL É PURO?”.


 
 


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