Abelhas Nativas

A MELIPONICULTURA NA AUSTRÁLIA
UM PEQUENO RETRATO DE UMA ATIVIDADE INCIPIENTE

Texto: Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME.
Matéria traduzida, publicada na revista Apiacta, 2000, 35 (2), 57/64.
Tim ª Heard’Anne E. Dollin
Csiro Entomology, PMB3, Indooroopilly Q L D 4068, Austrália
Australian Native Bee Research Centre, PO Box 74, Horth Richmond NSW 2754, Australia.
 

RESUMO:

    Elaboramos um questionário sobre a criação de abelhas sem ferrão na Austrália.

    Os resultados indicam que esta nova atividade, experimenta um rápido crescimento, já que recebemos respostas de uns 250 criadores de meliponas, possuidores de cerca de 1.400 colônias. Algumas dessas colônias, se mantém em suas colmeias originais de tronco de árvores, mas, a maior parte foi transferida para as OATH ( Original Australian Trigona Hive), colmeia australiana original para Trigona, que se adapta bem para a multiplicação das colônias.
Este tipo de atividade meliponícula, está concentrada na Costa da Província de Queensland, sendo a Trigona carbonária a espécie mais encontrada.

    A maioria dos praticantes de meliponicultura, só possuem uma colônia, e são pessoas com experiência inferior a três anos.
A expectativa de ver multiplicado o número de colônias ( em 30% anualmente), se baseia nos crescimentos registrados, que indicam a existência de um importante potencial de rápido crescimento nos próximos vinte anos.
São as principais vantagens do emprego de tais colônias: Para polinização dos cultivares; para produção de mel e  a venda de colmeias.

    São muitos os cultivos polinizados por estes insetos, sendo a Macadâmia o mais comum.

    Se requer estudos especiais para dar solução e organização, a fim de mobilizar o maior número de criadores de abelhas sem ferrão.

INTRODUÇÃO

    Uns dos grupos de abelhas de maior distribuição nas Zonas Tropicais e Subtropicais do norte da Austrália é formado pelas abelhas sem ferrão ( Meliponini). São insetos eusociais bem desenvolvidos que vivem em colônias formadas por milhares de indivíduos. As espécies australianas de abelhas sem ferrão são de tamanho pequeno (menos de 4mm), e de cores escuras; nidificam em ocos de árvores e pertencem aos gêneros Trigona e Austroplebéia (Michener 1.990).

    A tribo Trigona ( Heterotrigona) foi revisada recentemente, estabelecendo-se cerca de seis espécies (Dollin et al 1.997). É provável que a Austroplebéia esteja constituída, aproximadamente, por quatro espécies.

    Nos últimos anos, em certas zonas da Austrália vem se notando um maior interesse pela criação das espécies nativas sem ferrão. Existem muitos motivos para se observar que, desde a sua quase inexistência em 1984, esta atividade vá se desenvolver vertiginosamente nos próximos decênios.

    Nos parece útil oferecer a descrição do tamanho e da natureza de tal atividade na atualidade, sendo imprescindível para a planificação e para a informação básica e necessária para futuras análises. Sobre este aspecto levamos a cabo um estudo sobre as abelhas sem ferrão.  Futuramente vamos analisar e interpretar estes dados em virtude de nossa aproximação às abelhas sem ferrão na Austrália.

METODOS DE ESTUDO




    O Estudo foi revisado e editado.

    Em conseqüência ao comunicado feito à imprensa, foram publicados artigos em uns vinte jornais especializados em assuntos rurais. Os formulários questionário, com respostas com porte pago, foram despachados para 1.800 endereços que figuravam em nosso banco de dados e para pessoas que se interessaram pelo artigo publicado na imprensa.

    Se recebeu um total de 298 respostas. Só foram consideradas as respostas relativas aos casos em que se trabalhavam algum tempo com as colônias, de modo que as respostas que não tinham assinalados a presença de um ninho de abelhas foram ignoradas.

    Denominamos criadores de abelhas sem ferrão as pessoas que haviam manejado uma colônia, ou quando cortaram um tronco de árvore oco que abrigava uma colônia e a  transportaram para um lugar seguro.

    Denominamos colônias,  as abelhas e os produtos de seu ninho, definindo os ninhos como colônias que se encontram distribuídos em sítios distintos da natureza e colmeias como colônias alojadas em caixas artificiais de madeira.

    Estimamos ter recebido respostas de menos de 50% dos criadores de Meliponíneos de quantos existem, no momento, na Austrália. Em contrapartida, nos colocamos em contato com a maior parte dos meliponicultores possuidores do maior número de colônias de abelhas sem ferrão e assim contamos com informações provenientes de uma grande parte de pessoas que exercem esta atividade.

RESULTADOS

    Responderam os questionários um total de 257 criadores de abelhas sem ferrão(veja tabela I).

    A grande maioria mantém suas abelhas dentro de colmeias. Mas tem muitos que ainda às mantém em tronco de árvores exclusivamente ou, em outras cavidades naturais.

    Os criadores de abelhas sem ferrão possuem um total de 1.429 colônias mantidas, a sua maioria, em colmeias.

TABELA I

  N. de meliponicultores n. de colônias
Ninhos em cavidade original 91 (35%) 261 (18%)
Colmeias 129 (50%) 1.168 (82%)
Ninhos e Colmeias 37 (14%) DI
Total  257 1.429
DI = Dados inexistentes

DESENHO DA COLMEIA

    A maioria (90%) dos 166 criadores de abelhas sem ferrão empregam colmeias do mesmo desenho e a mesma distribuição interna.

    A colmeia consiste em uma simples caixa retangular de uns 8 litros de capacidade, dividida horizontalmente em duas partes iguais ( Fig. 1), condições que permite a divisão da colônia mediante a separação da colmeia uma vez cheia, unindo cada metade cheia à outra vazia.


Fig. 1 - Vista de uma colmeia original australiana para Trigona.

ESPÉCIES E DISTRIBUIÇÃO

    A espécie de maior incidência que vem se criando na Austrália é a Trigona carbonária (69%), seguida pela Trigona hockingsi (20%).

    A Austroplebéia SPP, especialmente A. australis, junto com A. symei, representam cerca de 11% das colônias.

    Se observou a existência de uma só colônia de Trigona mellipes e Trigona clypearis.

    O maior número de meliponicultores (71%) e de colônias (91%) se registrou no Estado de Queensland e na Zona Noroeste do país ( Tabela 2). O restante encontra-se em New South Wales, somente dois (2) no território norte ( Northern Territory) e um no Sul da Austrália.

TABELA 2

Distribuição das colônias de meliponas, por espécies e por Estados.

  1 2 3 4 5
  T. carbonária T. hockingsi Austroplebeia SPP Desconhecidas Todas espécies
  Melip Colôn Melip Colôn Melip Colôn. Melip Colôn. Melip Colôn
NSW 40 78 3 5 5 13 29 34 73 130
QLD 105 756 17 238 20 115 71 186 180 1.295
Total 145 834 20 243 25 128 100 220 253 1.425

Legenda: Melip = Meliponicultores; Colôn = Colônias
ESPÉCIES: 1)- Trigona carbonária; 2)- Trigona Hockingsi; 3)- Austroplebéia SPP; 4)- Desconhecidas; 5)- Todas as espécies.

    Dos 56% do total de meliponários explorados pelos criadores de Meliponíneos encontram-se radicados em zonas periféricas urbanas.  (25%) m propriedades rurais e (20%) em seu habitat natural em terras sem culturas cobertas d vegetação arbustiva, típica de cerrado. São muitos os meliponicultores que declaram ter suas colmeias em algumas dessas localizações.

CARACTERÍSTICAS DOS MELIPONICULTORES

    Mais de 50% dos meliponicultores estão criando uma só colônia. Só nove (9) deles possuem mais de vinte (20).

    Quase a metade dos meliponicultores tem uma experiência inferior há três anos.

    Tem muitos criadores de Meliponíneos que conseguiram a sua colônia em troncos ocos de árvores ou em colmeias, mas depois abandonaram a atividade ( Tabela 3).

    Muitos transferiram colônia de uma cavidade natural para uma colmeia sem proceder, depois, sua divisão em colmeias filhas.

    Há, também, os que adquiriram colmeias e as dividiram depois. Em contrapartida  outros, precisamente os meliponicultores mais experientes, adquiriram colônias e as transferiram para caixas de madeira e dividiram as colônias resultantes. Em 29% das  1.168 colônias instaladas em caixas, foram conseguidas por divisão.

TABELA 3.

Manejo das colônias pelos meliponicultores.

  N. de meliponicultores n. de colônias
Não se fez nada 138 DI
Só transferência 58 166
Só divisão 17 27
Transferências e divisão 44 transferências 857 Divisões
DI = Dados inexistentes.

    Aos criadores de Meliponíneos foi pedido uma avaliação do número de colmeias que esperavam ter dentro de 5 a 10 anos respectivamente. Um número de 188 criadores, possuidores neste momento, de 1.050 colônias, preconizam ter 2.495 colônias dentro de 5 anos (um crescimento anual de 18%), mas 84 criadores de abelhas sem ferrão, possuidores na atualidade de 763 colônias, estimam que dentro de 10 anos terão 2.909 colônias ( um crescimento anual de 15%).

    Estas taxas de crescimento são baixas, se comparar-mos com as encontradas pelos autores (um crescimento anual de 30% Dollin e Heard 1997).

    Os criadores de Meliponíneos dedicam-se à sua criação por várias razões: a satisfação pela atividade e a preservação das espécies foram os motivos mais importantes, sem falar no interesse comercial ( Tabela 4).

    O número de criadores de Meliponíneos que se dedicam exclusivamente à produção de mel e venda de colônias é mais escasso, porém  mantém um firme propósito de criá-las para os fins mencionados.

TABELA 4.

Razões pelas quais se criam Meliponíneos indicadas pelos próprios meliponicultores e o número de colmeias que possuem.

  n. de meliponicultores n. de colônias
Proteção das espécies 176 1.051
Entretenimento 207 931
Polinização da vegetação 70 585
Polinização de culturas 62 317
Produção de mel 20 542
Educação 14 26
Venda de Colônias 13 612
Produção de Própolis 5 29
Pesquisa 4 125

ASPÉCTOS COMERCIAIS

    São 62 criadores de Meliponíneos que possuem 317 colônias com o fim exclusivo para a polinização dos cultivares.

    Foram vinte (20) os cultivos submetidos à polinização pelas abelhas sem ferrão ( Tabela 5). Dentro deste contexto, foi a Macadâmia o cultivo de maior extensão.

    Houve respostas em que só fazia menção a frutas e legumes.

    Pode ser que estes meliponicultores utilizem suas abelhas para várias espécies de plantas o que fica bem claro o grande número de espécies polinizadas pelos Meliponíneos. É possível que a polinização de alguns cultivos assinalados não seja feito por insetos, como no caso do milho polinizado pelo vento. Também é possível que haja cultivos polinizados por insetos distintos aos Meliponíneos, entre eles o Maracujá, Mamão e Anona ( Anona reticulata) e o Tomate (Heard 1.999)

TABELA 5.

Cultivos polinizados por colônias de abelhas sem ferrão.

Denominação Gênero e Espécies n. de Meliponicultores Observações
Abacate Persea americana 3 -
Feijão Leguminosas 1 -
Choko Sechium edule 2 -
Limão Citrus SPP 5 -
Coco Cocos nucifera 1 -
Anona Anona SPP 1 -
Kiwi Actinidia deliciosa 1 -
Lichia Nephelium litchi 5 -
Macadâmia Macadâmia integrifolia 18 -
Milho Zea mays 1 -
Mangas Mangifera indica 4 -
Melão Cucurbitaceae 4 -
Mamão Caricapapaya 1 -
Maracujá Passiflora edulis 5 -
Pêssego Prunus persica 1 -
Pecan Carya illinoinensis 1 -
Ameixa Prunus doméstica 1 -
Cabaça Cucurbita pepo 1 -
Framboeza Rubus SP 1 -
Ananás Fragaria xananassa 2 -
Tomate Lycopersicon esculentum 3 -
Frutas   15 -
Legumes   18
É pouco provável que os Meliponíneos polinizem esses cultivos

    Chegam a vinte (20) o número de criadores de Meliponíneos com 542 colônias que extraem mel de suas colônias, produzindo um total de 90 Kg de mel.  Houve um só produtor que situou-se em lugar destacado à esse respeito. O preço do mel, um produto bastante escasso, e bem elevado, atinge o preço de 40 a 150 dólares australianos o Kg. Enquanto que as abelhas Meliferas  produzem anualmente na Austrália 30 milhões de Kg de mel, que se vende por menos de 2 (dois) dólares australianos o Kg. ( 1 dólar australiano eqüivale, mais ou menos, a 0,63 US Americano). A venda de colônias produziu um bom rendimento aos 13 (treze) criadores de Meliponíneos que possuem 602 colmeias e que vendem cerca de 103 núcleos anualmente. Os preços de aproximam a 200 dólares australianos (130 dólares americanos) por colmeia.

    Na maioria das vezes, grande parte da procura pelas colmeias são feitas por pessoas que desejam possuir uma colmeia para lazer. As abelhas sem ferrão misturam a própolis(resina recolhida das plantas) com cera(secretada pelas glândulas do corpo do inseto) para formar o cerume, material que usam para a construção do ninho. Este cerume é coletado por cinco (5) dos criadores possuidores de 29 colmeias.

DISCUSSÃO

    A criação de Meliponíneos (Meliponicultura) tem seu perfil na Austrália como uma atividade doméstica emergente e que conta com grandes recursos.

    Algumas das razões susceptíveis de fazer crescer o interesse pelas abelhas sem ferrão são:

    1- A conscientização de que os Meliponíneos podem ser mantidos em colmeias e podem ser multiplicados;

    2-  O crescente interesse pelo alimento indígena, incluindo o mel de Meliponíneos;

    3-  A preservação das espécies, utilizando a espécie nativa na polinização das culturas, deixando de centralizar o interesse exclusivamente na Abelha melifera.

    4-  A simpatia e afinidade das pessoas para com estes insetos.

    A criação de Meliponíneos na Austrália necessita das raízes tradicionais com que contava os assentamentos pré europeus da América Central, onde a meliponicultura conheceu um notável desenvolvimento (Echazarreta 1.997).

    Os aborígenes australianos não domesticaram as abelhas sem ferrão, mas colhiam mel e resina dos ninhos encontrados em cavidades naturais. O caso é que enquanto vai decaindo na América Central, a criação de Meliponíneos vai prosperando na Austrália essa atividade ( Echazarreta 1.997).

    Responderam o questionário sobre o tema Meliponicultura um total de 257 criadores que possuem 1.429 colônias, e 80% as mantém em colmeias feitas de madeira.

    A maioria dos criadores usavam o mesmo tipo de colmeia e o método descrito por ( Heard 1.986). Em virtude da grande difusão deste tipo de colmeia a mesma recebeu um nome - Original Australiano para Trigona ( OATH).

    Definimos a OATH como uma simples caixa de madeira de uns 8 litros de capacidade, com 20mm de largura, 250mm de altura e 300mm de profundidade, e com uma distribuição interna de espaços separados horizontalmente e em duas partes iguais.(Fig.I).

    Este formato permite a divisão da colônia mediante a separação das duas partes da colônia uma vez cheia e, acoplando uma metade cheia com outra vazia.

    Há variantes menores deste desenho (Dollin e Heard 1.997).

    Uma caixa que se divide em duas (2) partes iguais, forma um núcleo de duas colmeias filhas é o que se faz com mais freqüência. É de se esperar que esse modelo sofra modificações com a finalidade de incrementar a produção de mel.
Os criadores de Meliponíneos que responderam ao questionário em discussão informaram sobre a transferência de mais de 1.400 colônias para este tipo de colmeia, dividindo mais de 800 vezes as colônias resultantes para obter novas colônias. Com ambos os procedimentos alcançaram-se elevadas porcentagens de acerto. A maioria dos meliponicultores habitam a costa da Província de Queensland.

    Este esquema de extensão obedece a distribuição da população e das abelhas. As abelhas sem ferrão encontram-se mais presente no norte do país.

    A região costeira de Queensland é a única zona mais povoada da Austrália.

    Há zonas ricas em meliponas, como no Território do Norte, mas não iguais em quantidades d criadores, devido a sua baixa população. É que a maioria das colmeias estão situadas em perímetros urbanos, refletindo o interesse da população das cidades australianas por este inseto.

    Para muitos, a criação de abelhas sem ferrão, significa manter a preservação das espécies, igual a preocupação pelo cultivo de plantas nativas  e a criação de rãs

    Esta atividade se realiza basicamente com três (3) espécies: Trigona carbonária; Trigona Hockingsi e A. autralis. Porém, existem recursos para desenvolver outras espécies também no norte do país, onde se nota a sua presença.

    Grande parte dos criadores de Meliponíneos possuem só uma colônia e com menos de três anos. Só conseguiram colocando-a numa colmeia ou mantendo-a num tronco oco de árvore, sem processar a transferência, ou fazer divisões nas mesmas.

    Este modelo de comportamento indica a novidade da meliponicultura na Austrália.

    Muitos destes meliponicultores vão ampliar seus conhecimentos e habilidades, mas há quem não acredita nessa possibilidade. Assinalamos entre os motivos de sua impossibilidade, o clima adverso, as colmeias impróprias, a falta de vocação e conhecimento e as negativas anteriores.

    Porém, esta atividade promete benefícios no que tange a proteção da natureza e a educação das pessoas.

    Para incentivar tal desenvolvimento, se sugere a existência de ganhos econômicos tangíveis e condições de se incrementar a meliponicultura. Tanto a taxa atual de crescimento anual, como a prevista se situam em 30%.

    De modo que, 24.000 colônias vão ser trabalhadas racionalmente até o ano 2.010 e, 320.000 até 2.020. Para contrastar esse momento na Austrália existem umas 700.000 colônias de abelhas melifera ( Gibbs e Muirhead 1.998).

    Os principais aspectos comerciais dos Meliponíneos são: Polinização das culturas, produção de mel, venda de colônias e produção de cerume usado no artesanato aborígine e para fins medicinais. Num determinado momento a taxa de crescimento diminuirá  e as dimensões dessa atividade estabilizará, só não se pode prever o momento que isso ocorrerá.

    As estimativas indicam que 2.000 colônias são suficientes para que o meliponicultor apure uma renda segura.

    Supondo que a atividade se estabilizará em 500.000 colmeias, na Austrália haverá oportunidades para 250 criadores profissionais de Meliponíneos e indústrias conexas.

    Se boa parte dessas 500.000 colônias forem utilizadas para a polinização em áreas de cultivo, a horticultura experimentará um grande desenvolvimento.

    Exemplo: As colônias de abelhas podem ser utilizadas na cultura de Noz de Macadâmia. Foram utilizadas vinte (20) colmeias por hectare em metade das lavouras australianas e desses 10.000 hectares dependem dos polinizadores.

    Toda a atividade necessita da instalação de 200.000 colmeias na época da floração.

    Os serviços anuais de polinização na cultura por abelhas meliferas se calculam em 1,2 milhões de dólares australianos (Gibbs e  Muirhead 1.998). Os Meliponíneos podem contribuir substancialmente para esta quantidade.

    Também existem outras culturas, manga, abacate, café que podem trazer benefícios. A diversificação dos serviços de polinização nas culturas, dependendo do uso exclusivo das abelhas melíferas e a introdução das abelhas sem ferrão, seria uma medida prudente quando se tem em conta enfermidades que afetam as abelhas meliferas.

    Se as 500.000 colônias fossem utilizadas para a produção de mel e, em média, houvesse uma produção de 0,5kg por colmeia anualmente se poderia obter 250 toneladas, ou seja menos de 1% das 30.000 toneladas de mel produzido na Austrália pelas abelhas meliferas.

    Desta forma se asseguraria um nicho de mercado e se manteria um preço elevado pelo produto. Se o preço manter-se a 20$Kg, o produtor alcançará uma cifra de 5(cinco) milhões de dólares australianos.

    Do mesmo modo que a carne de Canguru não vai ultrapassar a produção da carne de gado, num futuro próximo as abelhas sem ferrão não vão ultrapassar as abelhas meliferas na produção de mel.

    É necessário fazer mais investigações em várias direções para que a meliponicultura se converta em uma realidade comercial.
A acomodação dessas abelhas para a polinização de algumas culturas específicas necessita de um grande volume de investigações; igualmente existem muitos aspectos da produção de mel, incluindo a extração e o tratamento que necessitam de melhor conhecimento.

    Os enxames agressivos das espécies australianas Trigonas (Wagner e Dollin 1982) precisam ser observados e estudados.
Porém haverá a necessidade de preparar e formar uma geração futura de  meliponicultores.

BIBLIOGRAFIA:

1)- Dollin A. E. Dollin. Sakagami S.F. Australian Stingles Bees Of The Genus Trigona (Hymenoptera: Apidae) Invertebratetaxonomi 11 (1997) 861/896.

2)- Dollin A. E. Heard T.A. Keeping Australian Stingless Bees In a Logor Box. Native Bees Of Australia Series Booklet 5, Aiustralian Native Bee Research Centre, Sydney (1997).

3)- Echezaretta C.M. Quezadaeuán T.G.Medina L.M. Pasteur KI, Beekeeping In The Yucatan Peninsula: Development And Current, Bee World 78 (1997). 115-117.

4)- Gibbs, Muirhead ( 1998).

5)- Heard T. A. Propagation Of Hives Of The Stingless Bee Trigona Carbonaria. Journal Of The Australian Entomological Society 27(1998) 303 -304.

6)- Heard T. A.The Role Of Stingless Bees In Crop Pollination, Annual Review Of Entomology 44(1999), 183-206.

7)- Letzte Konferens Uber Macadamia - Forschung.

8)- Michener C.D. Classification Of The Apidae(Hymenoptera), The University Of Kansas Science Bulletin 54(1990), 75-164.

9)- Warner A. Dollini L. Swarming In Australian Natives Bees - Help Solve The Mystery!  Australasian Beekeeper 84(1982), 34-37.


 
 

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