Abelhas Nativas

A JANDAÍRA

(Melipona subnitida Duke)

Texto: Wlademar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME.

    Não há, ainda, precisão quanto a área que ocupa, vive em regiões relativamente secas do nordeste, mais especificamente no Estado do Rio Grande do Norte.

    A origem de seu nome comum vem do Tupi-Guarani (Nheengatú).

    Jandaíra ( de Yandi-ira), Jandaira abelha de mel, prenome feminino equivalente a melifera, e Jandieira abelha de mel, que na sua região de ocorrência pode ser criada racionalmente, onde produz uma quantidade razoável de mel.

    Como a grande maioria das abelhas indígenas sem ferrão, as colônias habitam em ocos de árvores, dando preferência a Imburana (Bursera leptophleos) e Catingueira (Caesalpinia pyramidalis), árvores nativas da região etc.

    As colônias encontradas são de população mediana. É uma abelha mansa, mas morde um pouco quando uma família populosa é aberta.

    NINHO:

    A entrada do seu ninho, é típica das abelhas do gênero Melipona. Está situado no centro das raias convergentes de barro (Boca de Barro), por onde passa somente uma abelha de cada vez.

    Os favos de cria são horizontais, não constróem células reais (realeiras). Possuem um invólucro de lamelas de cerume irregular, envolvendo os favos de cria. Para delimitar e fechar as frestas do ninho utilizam o batume que é uma mistura de muito barro e pouca própolis.

    Estudos feitos sobre os hábitos desta abelha ainda são excipientes, mas não foram relatados hábitos sujos. Porém, como se trata de uma abelha pouco estudada, serão necessárias muitas observações antes de chegarmos a uma conclusão. Em conseqüência, é aconselhável a pasteurização do seu mel.

    Possui um mel saboroso, não enjoativo, muito consumido pelas populações do nordeste. Segundo informações do saudoso Monsenhor Humberto Bruening, esta abelha produz de um a dois litros de mel, por colônia anualmente, vendidos a um preço de três a seis vezes superior ao mel da Apis mellifera.

    Ao terminar esta pequena matéria sobre a Jandaíra, gostaria de prestar uma homenagem póstuma ao Monsenhor Humberto Bruening, que se foi, mas deixou em Mossoró e para todos os brasileiros, um magnífico legado sobre a nossa Jandaíra. Quero registrar, também, como não poderia deixar de ser, o excelente trabalho que vem sendo realizado, no Jardim do Seridó - RN , pelo meliponicultor Ezequiel Roberto Medeiros de Macedo, que não medindo esforços e, com muito amor e carinho, recuperou e evitou, do fantasma da extinção, esta belíssima abelha.


 



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