Abelhas Nativas
 
 

 MELIPONICULTURA

( CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO)

 
Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME

    Na edição próxima passada, falamos da implantação da Alimentação e Alimentadores para Meliponíneos. Nesta edição, trataremos dos Predadores e Inimigos Naturais das abelhas Nativas.

 
    Como todo ser na natureza tem seus predadores naturais, não seria diferente com as abelhas.

    Um dos maiores predadores das nossas abelhas nativas é o próprio homem, que indiscriminadamente destroe nossas matas, através de derrubadas e ao mesmo tempo incendiando-as o que, por conseqüência eliminam as espécies de árvores, cujos troncos de maior diâmetro e com ocos em seu interior, tornam-se o habitat e ao mesmo tempo lugar preferido para a sua nidificação.

    Em relação aos homens, nossa preocupação é com os caçadores de abelhas (meleiros) que sem conhecimento algum sobre as abelhas, destroem os seus ninhos à procura de mel, largando as crias a mercê, principalmente das formigas. Cabe a nós, na pior das hipóteses, dotá-los de algum conhecimento sobre a meliponicultura, tentando assim, minimizar esta situação.

    Portanto, os homens são os maiores causadores de danos às abelhas, chegando a provocar a extinção de algumas espécies.

    Quanto aos inimigos naturais, propriamente ditos, nós sabemos que no Ecossistema eles existem para manter um certo equilíbrio das espécies, não chegando a prejudicar as abelhas, com ressalva à determinadas situações que se tornam prejudiciais às nossas abelhas.

    Especificamente aos meliponicultores aconselhamos tomar cuidado com os seguintes seres: sapos, catengas (largatixas), aranhas, pássaros e formigas.

    Sapos: Devemos colocar as colmeias  no mínimo a uma altura de 80 centímetros do solo.

    Catenga (lagartixa): Usar a criatividade, fazendo armadilhas com fundos de garrafas de plástico de superfície lisa, com pequenos recortes na borda, impedindo que elas alcancem as abelhas.

    Aranhas: Limpar manualmente as teias, para que as abelhas não sejam presas quando alçam vôo.

    Pássaros: Praticamente não podemos fazer muita coisa, pois o número de abelhas que eles comem é relativamente pequeno.

    Formigas: É necessário manter o meliponário sempre bem limpo e higienizado, latas untadas com graxa e emborcadas, espumas com óleo queimado nos cavaletes, já produz uma boa proteção para as abelhas.

    Excluindo o comportamento errôneo do homem, devemos tomar o máximo cuidado com o maior inimigo das abelhas, o forídeo ( Pseudohypacera) que são moscas muito pequenas que põem seus ovos na colmeia; a postura é muito rápida e chega a botar cerca de 300.000 ovos, e as larvas dessa mosca desenvolvem-se mais rapidamente que as larvas das abelhas, comendo todo o alimento da larvas levando-as à morte.

    O forideo é o único inseto que pode eliminar completamente um meliponário. Esta praga é terrível, não existe controle eficaz.

    As medidas são quase sempre preventivas. Vejamos: Evitar abrir potes de pólen ou favos de cria nova. O pólen com seu cheiro característico e já fermentado atrai os forídeos, o que também acontecer com o alimento larval nas crias novas.

    Devemos ter muita atenção quando estivermos fazendo captura, transferência ou divisão. O trabalho deve ser feito o mais rápido possível. Em caso de dúvidas devemos descartar os potes de pólen e as células de crias novas devem ser manipuladas com o máximo de cuidado para não serem feridas. Se notar algum forídeo por perto procure vedar a caixa com fita crepe.

    Caso encontre uma família atacada, o melhor é queimá-la ou isola-la completamente com um saco plástico.

    Em alguns casos, determinadas espécies de abelhas, conseguem sobreviver ao ataque dessas famigeradas moscas. A recuperação das colônias atacadas pode ou não se viabilizar, mas é preciso muito cuidado para não haver contaminação total do meliponário. Com muita paciência e dedicação do meliponicultor poderá ser dada uma ajuda à colmeia atacada.

    Como exemplo: Podemos tapar a entrada da caixa e afastá-la o mais longe possível do meliponário, retirar da colmeia todos os potes de pólen e as crias novas, retirar e limpar com um pano limpo todas as larvas de forídeos e em seguida alimentar freqüentemente as abelhas e fazer diariamente um acompanhamento para saber a evolução da família atacada.

    Finalizando, sabemos que colmeias fortes e bem alimentadas resistem mais ao ataque de inimigos e pragas.
 

 

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