Abelhas Nativas
 
 

 MELIPONICULTURA

( CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO)

 
Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME
    Na edição próxima passada, falamos da implantação do meliponário com a escolha da abelha ideal. Nesta edição, trataremos da transferência de ninho e cuidados preliminares.

    Inicialmente devemos transferir para a colmeia racional ( caixa), os favos de cria onde provavelmente estará a rainha.

    Devemos transferir com muito cuidado para não amassá-los, evitando também, alterar a sua posição, não colocando-os de cabeça para baixo. Tem acontecido alguns acidentes com iniciantes em meliponicultura, porque colocam durante a  transferência, os favos em posição vertical, amassando-os e  comprimindo-os uns contra os outros, impedindo a circulação das operárias e ao mesmo tempo esmagando-as e causando acidente, também, com a rainha.

    Quando da transferência, não devemos expor a cria e nem separar os favos uns dos outros e, nem procurar a rainha por mera curiosidade, porque sabemos de antemão, que ela se encontra entre os favos de cria.

    Na manipulação dos favos, durante a transferência, devemos observar a relação entre o diâmetro do oco onde o ninho se encontra e dos favos de cria. Alguns ninhos apresentam inúmeros favos de pequeno diâmetro que precisam ser separados para ocuparem o espaço destinado `a cria na colmeia. Nesta oportunidade devemos ter o máximo de cuidado para não ferir a rainha. Se conseguirmos transferir o ninho inteiro bem melhor, mas se for necessário a manipulação dos favos, faça-a nos mais velhos, com pupas, favos claros, que são reconhecidos pela parede mais fina, mostrando o contorno das células bem delineadas, tendo na parte inferior uma coloração escura, expondo aí os excrementos. Quase sempre, durante a transferência, observamos os olhos compostos das pupas e a cabeça em movimento.

    Verificado o tamanho do ninho e dos favos devemos optar por um tipo de caixa mais adequada com o material que temos em mão, ou seja, um tipo que acomode bem o ninho.

    No caso de se usar o modelo PNN ( Paulo Nogueira Neto) não devemos colocar gavetas indiscriminadamente; quando encontramos um ninho generoso, com um grande número de favos de tamanho grande, temos aí condições de fazermos uma divisão da colônia em duas famílias.
 
    Se encontrarmos alguns depósitos de própolis na colônia devemos transferi-los para a nova (caixa) colmeia, colocando-os nas proximidades da entrada da colmeia e ao lado das crias para que as abelhas possam utilizá-los de várias formas.

    Terminando a transferência devemos fechar a colmeia logo em seguida para que as abelhas recém nascidas não saiam da caixa e do ninho e se percam. Devemos efetuar esta operação com bastante rapidez para que as crias não se resfriem e nem se desidratem com a temperatura ambiente.

    Continuando a transferência, vamos agora passar para a nova colmeia os potes de mel e pólen; antes porém, devemos recolher as abelhas jovens com uma pena, cartolina ou, com o aspirador de insetos, colocando-as sobre os favos.

    Só devemos transferir para a colmeia os potes de alimento fechados e intactos. Deve-se retirar o conteúdo daqueles que estiverem abertos. O mel excedente ou os potes danificados serão recolhidos em um recipiente, antes porém peneirado com uma peneira bem fina.

    O mel poderá ser devolvido à colmeia num alimentador misturado com água, ou ser consumido. Potes pequenos de mel, como por exemplo os das abelhas Jataí, podem ser expremidos para a extração do mel, em seguida o cerume deve ser amassado, lavado, seco e devolvido para a colmeia; o cerume seco, velho e quebradiço não será aproveitado.

    Quanto ao pólen devemos retirá-lo e armazená-lo em geladeira e à medida das necessidades vamos devolvendo às abelhas em pequenas quantidades.
 

 

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