Associativismo
 

IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO PARA A APICULTURA

Jean Pierre Michel GRANJEAN Barnet, PhD - Gerente da Cooperativa Apícola AGROMIEL, de Rancagua, Chile. El Arrayán 0690, Parque El Arrayán, Paradero 28 1 / 2 - Vicuña, Mackenna - Santiago do Chile.

    Palestra apresentada à ONG Mantiqueira Viva, por ocasião da assembléia de fundação da COOPERATIVA DE APICULTORES SERRA DA MANTIQUEIRA, Pindamonhangaba, SP, 17/12/97.

    O Cooperativismo e um tipo de organização social já conhecido internacionalmente, que vai em procura de melhores condições de vida tanto econômicas como culturais, para as pessoas. Isto significa que os que estão perto do grupo também sentem o efeito da mudança econômica e cultural. Para que estes aspectos sejam efetivos deve existir um alto grau de compromisso que deve-se manifestar por exemplo na entrega dos produtos à Cooperativa para sua comercialização.

    No caso da apicultura, para avaliar a importância do Cooperativismo é necessário conhecer quais são os principais problemas que a atividade apícola apresenta. Esses problemas são tanto de nível regional  como internacional. Um dos mais graves é a falta de profissionais e consequentemente de profissionalismo.

    Os apicultores sempre formam-se tecnicamente de maneira autodidata e individual. Posteriormente, segundo as necessidades, realizam cursos técnicos em matérias específicas. A partir desse esquema de formação e em alguma proporção, verifica-se um mercado individualista que conclui na falta de profissionalismo. Considerando ainda que existem matérias específicas tão importantes como as da área Empresarial ( por ex: contabilidade, economia geral, comercialização etc.) as da área Biológica ) ( por ex: ecologia, conservação dos recursos naturais, fisiologia etc.) que nem sempre estão presentes na nossa formação como apicultores.

    Assim sendo, o objetivo final que todos os apicultores devem procurar é atingir uma Formação Profissional de Nível Superior, com estrutura curricular própria integrando as três diferentes ferramentas. Para conquistar esse objetivo e superar este problema do profissionalismo, devemos desenvolver uma seqüência de etapas de maneira ordenada mas também urgente.
 
    A primeira é ter a certeza que a apicultura não é apenas uma atividade para controlar a pobreza econômica rural; também é uma fonte importante para trazer divisas para o país, as quais podem vir diretamente como venda do mel ou outros produtos ou indiretamente quando polinizamos os frutos exportáveis ( laranja etc.) ou quando preservamos a natureza conseguindo uma melhor qualidade de vida.

    A segunda é vencer o individualismo. Neste caso, a organização Coopertiva, um recurso valioso que devemos aproveitar, principalmente porque permite Incorporar a Tecnologia  e Experiências, como aconteceu neste momento, Unificar o conhecimento técnico.

    Como terceira etapa nessa evolução, está a formação de Alianças entre a Cooperativa  e Instituições que ajudem o desenvolvimento e enriquecimento profissional da atividade. Por outro lado, é muito importante que a comunidade entenda quais são as vantagens da apicultura para a sociedade na conservação de recursos, e para a agro - indústria na área de produção.

    Paralelamente, a formação de uma Cooperativa deve surgir dos próprios interessados como uma proposta para atender a uma necessidade interna. Depois disso, como uma conseqüência esperada, os diferentes organismos que proporcionam apoio econômico ficarão sensíveis a essa alternativa econômico - social e a formação profissional será uma necessidade real e urgente.

A EXPERIÊNCIA DO CHILE

    1-  O Chile é um país menor que o Brasil; portanto, as condições de trabalho também são diferentes. Assim, em algum momento do processo histórico apícola do Chile, um pequeno número de grandes apicultores ou exportadores controlavam o preço, o mercado, e de certa forma os conhecimentos técnicos. A ignorância era valiosa.

    2-  Atualmente os apicultores em sua maioria estão organizados e  informados, por exemplo, pela Internet dos preços internacionais, consequentemente melhor capacitados e mais eficientes tecnicamente.

    3-  É importante indicar que o calendário apícola no Chile está muito relacionado com a produção agrícola. Assim sendo, o clima determina a existência de estações de ano bem definidas, o que influi na distribuição das atividades. No inverno os apicultores preparam e repõem materiais; na primavera, a partir do fim de julho até novembro, desenvolvem o serviço de polinização para produtores de frutos para exportação. Isto é um manejo obrigatório para os fruticultores uma vez que não existem outros insetos polinizadores. Posteriormente, os apicultores tem duas oportunidades de  colheita de mel: no fim de dezembro na área central do país  e no fim de fevereiro na região Sul (ilha de Chiloé) precisando para isso de uma migração de aproximadamente 1000 km. Na região central o mel quando é monofloral provém da árvore silvestre Quillaja saponaria, (Quillay). Na região Sul o mel monofloral é da espécie também silvestre Eucriphia cordifolia (Ulmo). Além desses méis e nas diferentes regiões é produzido mel polifloral.

    4-  A Cooperativa AGROMIEL LTDA., surgiu por uma necessidade própria dos apicultores para conquistar melhores preços, tanto internacionalmente como no mercado nacional, isto significou a apresentação de projeto a diferentes instituições do governo e ONGs para financiar a construção de uma CENTRAL DE COLHEITA DE MEL. A CARITAS - SUÍÇA, financiou a compra do terreno de 5000m2. A CORFO ( Cooperação de Fomento) forneceu as capacidades de gestão e organização fornecendo dinheiro para instalar telefone, secretária, gerente etc. .O INDAP (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário) outorgou um crédito a juros baixos para construção da central de colheita. O INACAP ( Instituto Nacional de Capacitação Profissional) dá apoio para a capacitação. Em futuro próximo esperamos formalizar um convênio com o Centro de Apicultura Tropical, de Pindamonhangaba - SP.

PARA UMA COOPERATIVA TER SUCESSO É NECESSÁRIO:

    a-  Estar ciente que as pessoas individualmente não tem as mesmas possibilidades de conquistar objetivos que os grupos organizados.
    b-  Ter objetivos claros, interesse comercial, técnico, ambiental ou outro.
    c-  Para que uma Cooperativa seja eficiente é fundamental a comunicação entre os sócios.
    d-  Que cada um dos sócios espere os mesmos benefícios da Cooperativa.
    e-  Que os associados desenvolvam um grande espírito de sacrifício.


 
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