Artigo
 
 

O FUTURO DA EXTENSÃO APÍCOLA

Artigo publicado na Revista Apis-L  autorizado por  Malcom (Tom) Sanford da Extension Apiculturist University of Florida, de autoria do Dr. Raymond Nabors.
Tradução de Walter Moretti

    O Dr. Raymond Nabors publicou um sugestivo artigo intitulado “ Necessidades da Educação da Extensão Apícola nos Estados Unidos”, Universidade de Missouri - Columbia -MO - dezembro de 1997.  A base dessa publicação é o estudo Delphi que fez perguntas a 25 especialistas em extensão apícola por todo o País. A percepção de um declínio geral no número de apicultores e o reconhecimento pelos agricultores de que um número menor de colmeias está disponível para polinização estimulou esta investigação.

    A redução do número de apicultores parece ser o resultado de diversos fatores, incluindo o abandono de programas governamentais ( preços mínimos e financiamentos), introdução de pragas e parasitas e aumento da importação de mel, que fez baixar o preço do produto.

    Além da redução do número de colmeias em atividade, a praga da Varroa também contribuiu para um drástico declínio na população produtiva. Tudo isto, concluiu o Dr. Nabors, contribuiu para menor polinização das safras do Missouri e outros lugares.

    Uma sugestão para diminuir a falta de abelhas para polinização foi a de estimular a  apicultura entre dos produtores rurais e outros. O Dr. Nabors conclui que agricultores manejando as  suas próprias abelhas não tem sido uma estratégia viável, porque esta é uma atividade especializada. A sua tese para encorajar mais a apicultura é proporcionar oportunidades mais avançadas para apicultores em potencial. Ele sugere que o Serviço de Extensão Cooperativa é a organização mais adequada para esta tarefa. O propósito deste estudo, portanto, foi procurar determinar quais os programas de extensão possam garantir que a  apicultura continue uma atividade agrícola viável.

    As perguntas especificas incluíam:

    1-  Há um consenso sobre os principais problemas afetando a Apicultura?
    2-  Que mudanças são necessárias na apicultura e na educação apícola?
    3-  O que o Governo deve fazer para assegurar uma atividade apícola viável?
    4-  Como podem as instituições educacionais ajudarem?

    Como parte do seu trabalho ele elaborou um perfil geral dos atuais especialistas em apicultura empregados pelo Serviço de extensão Cooperativa. De 25 que responderam, somente três dedicam 90% do seu tempo ao ensino da apicultura. Sete devotam 80 a 90% de sua atividade fora da apicultura; a média gasta em ensino de apicultura era de 17%. Estes especialistas em apicultura tinham em média 13,5 anos de experiência ( 2 a 40 anos).

    Sete estavam entre idades de  36 a 45 e onze entre as idades de 46 a 55. Cinco tinham mais de 56 anos. Se bem que houve uma média de quatro assistentes trabalhando em programas de extensão em apicultura, dezesseis não recebiam qualquer ajuda. Este perfil demográfico de especialistas em extensão reflete também, até certo ponto, aquilo que ocorre na apicultura comercial.

    Dr. Nabors citou artigos do Dr. Stollesbach sobre o futuro da apicultura, que concluem que a média dos apicultores comerciais era de 51,8 anos de idade, abrangendo de 48 a 52. A vasta maioria de apicultores no geral era de pequeno porte, com média de somente 10 colmeias, e a maioria começou tardiamente na vida, com idade próxima de 40 anos. A maioria dos apicultores parece viver próxima de centros urbanos; Dr, Nabors acha que isto pode ser responsável pela diminuição de abelhas polinizadoras nas zonas rurais.

    Os que responderam ao estudo do Dr. Nabors concordam que o problema mais crítico é a infestação de doenças. Há também concordância de que o controle de doenças deveria ser parte de um esforço conjunto para lidar com esses problemas e a seleção de abelhas com maior resistência, o melhoramento de técnicas de manejo e a implementação de controles químicos deveriam ser todos incluídos.

    Os que responderam também concordaram que mais e melhores apicultores são necessários, e que é necessário obter um lucro para sustentar a atividade. Com referência à polinização, disseram que já existe essa atividade neste setor e que de polinizadores alternativos não se deve esperar que venham substituir a polinização comercial. Muitos consultados acreditam que seja responsabilidade da Universidade a extensão cooperativa para educar apicultores, produtores agrícolas e outros sobre a importância e os mecanismos da criação de abelhas. Três programas separados podem ser necessários de acordo com o Dr. Nabors: treinar apicultores, educar os agricultores e informar o público em geral. Havia também um aspecto regional nos programas educacionais propostos. Treinamento não somente na produção de mel, mas também na produção de rainhas e de pacotes de abelhas, era visto como mais importante em certas áreas, do que a polinização comercial. ( Nota do Editor: Esta última é um empreendimento completamente diferente porque é mais um serviço que um aspecto da produção, como foi discutido em novembro de 1993-APIS-).

    Dr. Nabors também mencionou métodos específicos de ensino na sua dissertação.

    Os entrevistados concordaram que a comunicação face a face era melhor, mas que a palavra escrita era eficiente. Muitos acharam que o uso de  tecnologia eletrônica estava superestimado na mente de administradores e do público. Isso reflete as frequentes discussões sobre este assunto nos campus universitários. Os consultados visualizaram os métodos eletrônicos como adição `tradicional comunicação frente a frente e distribuição de publicações. Sobre educação, concordaram que muitos especialistas deveriam também possuir alguma responsabilidade de pesquisa. Houve pouca concordância, entretanto, de como pesquisas e esforços educacionais devessem ser coordenados. Muitos não concordaram que um coordenador nacional seja necessário em Washington, se bem que um a nível regional tenha sido considerado como importante. Em geral, os resultados indicaram que a comunicação entre técnicos em apicultura deveria ser incrementada. Dr. Nabors declarou que uma organização, a Associação Americana de Apicultores profissionais (AAPA), era o possível grupo ao qual deveria ser apresentada a situação. Finalmente houve concordância em que o custeio dos esforços para pesquisas de extensão não deveriam ser inteiramente suportados pela atividade apícola e que o dinheiro público era necessário. Muitos pensam que o público continuaria a financiar estes trabalhos se fosse adequadamente informado sobre a sua importância. Havia menos confiança, de que o atual nível de ajuda pudesse ser mantido. (Nota do Editor: Auto financiamento em pesquisa, porém não em extensão, está sendo proporcionado por novas iniciativas  como incluir esta função nas responsabilidades do Conselho Nacional do Mel. Um modelo canadense de programa de pesquisa foi também discutido em APIS fevereiro de 1997.  O programa francês em Aix-en-Provence contém ambos, extensão e pesquisa, como informado em Apis março 1997).

    Uma constatação do estudo do Dr. Nabors foi que a evolução de dados sobre os aspectos econômicos e o ensino da apicultura receberam pouca atenção. A sua recomendação foi que algumas pessoas que trabalham em extensão rural deveriam especializar-se nestes temas.

    Em resumo, o Dr. Nabors disse que os atuais programas de extensão são de boa qualidade mas de quantidade insuficiente. Há, por exemplo, na média, menos de um especialista em apicultura por estado. Como a idade media é de 50 anos, baixas por aposentadoria serão inevitáveis na faixa dos especialistas, possivelmente resultando em um posterior declínio nos recursos atuais a esta atividade. Esta situação, ele conclui, acompanhada da diminuição do número de apicultores e de colmeias, pode indicar que um problema nacional de polinização esteja se formando.


 
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