CAIXA"PRÁTICA" PARA JATAÍ *
João Sobenko, Apicultor, membro do Departamento Técnico da APACAME
A impressão que se tem é de que as nossas abelhas aborígenes, tanto as Trigonas quanto as Meliponas, têm pouco apreço, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. Isso talvez por motivo da produção de mel ser pouca, mas também por não existirem caixas práticas para o seu manejo. Essas abelhas pequenas têm também seu valor, já que para algumas plantas elas são as únicas polinizadoras, e como são inofensivas, em suas caixinhas bem pintadas, servem até para enfeitar varandas ou sacadas. Fiz vários tipos de caixas, mas a que as abelhas aceitaram melhor foi esta, cujo desenho está publicado no final da matéria. Este tipo de caixa segue o próprio instinto das jataís, de construir seus potinhos de mel e pólen acima do ninho. Basta observar a sua posição quando se tiram ninhos de árvores, barrancos, muros ou caixas de luz. A posição das melgueiras segue o sistema das Apis, onde podemos aumentar ou diminuir o número delas, conforme a força da família, sem interferir no ninho. As medidas constantes do desenho são internas, porque as caixas devem ser feitas com paredes grossas, cuja espessura deve ser de 2,5 a 3 centímetros, já que essas abelhas sofrem muito com as variações do tempo. Convém pintar cada caixa com cores diferentes, pois as jataís se guiam muito pelas cores. Na parte frontal é aconselhável fazer um desenho abrangendo toda a frente, para facilitar a manutenção das melgueiras sempre na mesma posição. Com os desenhos aqui publicados, torna-se fácil a construção desse tipo de caixas. Se alguém tiver meios e quiser fabricá-las seria muito útil. Aconselha-se fazer a base com madeira pesada para dar boa estabilidade da caixa, como também a tampa com madeira grossa para manter o calor interno.
Extração do Mel
Para extrair o mel começa-se pela melgueira superior. Com um palito de dente abre-se um pequeno furo no potinho; se aparecer mel abre-se mais o buraco, mas se aparecer pólen fecha-se o furinho. Abertos todos os potinhos de mel, pega-se a melgueira e vira-se rapidamente sobre um recipiente coberto com uma tela fina para evitar a entrada de abelhas. Enquanto o mel estiver escorrendo, prepara - se a segunda melgueira, e assim por diante. Aconselha-se não tirar o mel da primeira melgueira, a que fica logo acima do ninho, por dois motivos: o primeiro para não irritar as abelhas expondo o ninho, uma vez que esta melgueira o mantém isolado;o segundo é para deixar para as abelhas um pouco de mel e pólen, pois junto ao ninho não existem essesalimentos, porque as crias não são alimentadas pelas abelhas, como as Apis. O movimento para virar e desvirar as melgueiras deve ser rápido, evitando ao máximo o escorrimento do mel e assim impedir a atração dos Forídeos. Para destacar uma melgueira da outra, pode-se usar o próprio formão do apicultor ou uma faca forte de cozinha. Quanto mais bem assentadas forem as melgueiras, isto é, quanto menos frestas houver entre elas menos grudadas estarão. O mel também pode ser extraído usando-se uma seringa, mas é muito mais demorado, mesmo usando-se uma seringa grande. * A APACAME denominou esta caixa "Colméia Sobenko para Jataí".
1 - Base
2 - Plataforma
3 - Ninho
4 - Melgueiras
5 - Tampa
Segue Abaixo Desenho da Colmeia
Desenhos de Anton Kaupa