Artigo

Perfil do Consumidor de Produtos Apícolas de Ribeira do Pombal, Bahia

Alberto Magno Matos de Almeida a,b,d, , Iara Barros Valentima, João Gomes da Costac, Marília Oliveira Fonseca Goularta
a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Instituto de Química e Biotecnologia, Av. Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro do Martins, 57072-970 Maceió-AL, Brazil.
b Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A(EBDA), Salvador- BA, Brasil.
c Embrapa Tabuleiros Costeiros, Tabuleiro do Martins, 57061-970 Maceió-AL, Brasil
d Centro Territorial de Educação Profissional do Semi-árido Nordeste II (CETEP), Ribeira o Pombal, Bahia
*Corresponding author: Alberto Magno Matos de Almeida
E-mail address: albmagmatos@ig.com.br

Resumo
O objetivo foi identificar o perfil do consumidor de produtos apícolas, na microrregião de Ribeira do Pombal, Bahia. A pesquisa do consumidor é importante para melhor entender as exigências e necessidades do consumo. Foram feitas 521 entrevistas entre os meses de novembro e dezembro de 2012, nos municípios de Ribeira do Pombal, Cícero Dantas, Heliópolis, Ribeira do Amparo, Banzaê, Cipó e tucano. Constatou-se que 50% dos entrevistados são de cor morena, 65% é da faixa etária de 16 a 40 anos. Quanto ao estado cível 53% são solteiros. Os resultados mostraram que 38% são agricultores. O mel representou o produto apícola que é mais consumido 90%, seguido de própolis 5%. Foi observado que 56% dos entrevistados pagam de 8,00 a 12,00 reais por Kg de mel. Quanto ao uso do mel, 64% consomem de vez em quando e 19% só quando está doente. Em relação aos 521 entrevistados 9% são apicultores. A maioria, 51% consome pouco mel. A principal forma de consumo é como remédio, 87% dos entrevistados usa o mel como medicamento. Os resultados também mencionaram que a preferência na compra é a embalagem plástica, 75%. A cristalização é um parâmetro conhecido por 69% dos entrevistados. Quanto à cor do mel, a preferência foi 46% para méis escuros e 45% méis claros Quanto ao horário de consumo do mel 55% usa a qualquer hora do dia. O mel e saúde, a resposta foi que apenas 3% afirmaram ser prejudicial a sua saúde. Se já foi enganado na compra do mel, 15% responderam que sim. Em relação ao pólen apícola, 88% nunca consumiram ou consomem. A própolis ainda é pouco utilizada, os resultados foram 65% nunca consumiram ou consomem. Em relação à geleia real 88% nunca consumiram ou consomem. Conclui-se, portanto, que a pesquisa foi um instrumento importante para identificação do perfil dos consumidores de produtos apícolas, bem como da necessidade de buscar novas formas de incentivo para o consumo racional dos produtos das abelhas. A propaganda é importante para adotarmos programas de incentivo sobre as qualidades e os benefícios que os produtos apícolas oferecem aos consumidores independentes da classe social e econômica.

Palavras-chave: consumo, apicultura, qualidade, mel, pólen, própolis

1. INTRODUÇÃO

A apicultura vem se desenvolvendo de forma acelerada em todas as regiões do Brasil, em especial no Nordeste, sendo que o principal produto explorado pelos apicultores, ainda é o mel. A Produção de mel de abelhas Apis mellifera no Brasil em 2011 (IBGE, 2013) foi 41.398.373 Kg. Sendo o Nordeste brasileiro o maior produtor com a podução de 16.911.251 Kg, seguidos da região Sul com 16.154.578 Kg, região Sudeste com 6.149.977, Centro oeste com 1.416.257 e região Norte com 766.310 Kg.

O mel é um alimento que tem sido utilizado pela humanidade, desde as mais remotas épocas, apreciado pelo seu sabor característico e seu considerável valor nutritivo (DAELLEN-BACH, 1981). O mel é rico em diferentes metabólitos secundários de plantas que contêm uma variedade de compostos orgânicos com propriedades antioxidantes e sequestradoras de radicais, agindo como antioxidantes naturais (ZALIBERA, STASKO et al., 2008) e contribuem para a saúde humana (ULUSOY, KOLAYLI, SARIKAYA, 2010; SILICI, SAGDIC, EKICI, 2010), na nutrição humana (ZALIBERA, STASKO et al., 2008.).

A importância do mel para os seres humanos é relatado e mostrado em vários textos da Grécia antiga (ODEH et al.,2007). A qualidade depende de suas propriedades físico-químicas e sensoriais (CASTRO-VÁZQUEZ et al., 2010). A composição dos diferentes tipos de mel pode variar com as diferentes fontes florais, bem como as condições climáticas e ambientais (ALJADI E KAMARUDDIN, 2004; KÜÇÜK et al., 2007; BALTRUSAITYTE et al., 2007).

O mel é composto na maioria de açúcares e água (BOGDANOV, 2009). Ele também contém pequena quantidade de outros componentes como proteínas, vitaminas, minerais, flavonóides, ácidos fenólicos (KHALIL et al., 2011), enzimas e outros fitoquímicos, dependendo de sua origem (SILICI, SAGDIC, EKICI, 2010; BRUDZYNSKI e KIM, 2011).

O mel pode ter várias aplicações, por exemplo, como anti-bacteriano (BRUDZYNSKI e KIM, 2011). O valor terapêutico do mel tem sido atribuído em parte a suas propriedades antioxidantes (ALJADI e KAMARUDDIN, 2004).

O mel pode contribuir para diminuir e prevenir o stress oxidativo. Muitos estudos têm demonstrado que o mel serve como fonte de antioxidantes naturais (ALVAREZ-SUAREZ, et al., 2010), mas Saxena, Gautam, Sharma, (2010b) afirmam que a propriedade antioxidante do mel é principalmente devido ao seu teor de prolina e tem sido demonstrado reduzir o risco de doença cardíaca, cancro (SARIKAYA, ULUSOY et al., 2009), catarata e processos inflamatórios (ULUSOY, KOLAYLI, SARIKAYA, 2010; SAXENA, GAUTAM, SHARMA, 2010a; KISHORE et al., 2011). Além disso, outros componentes do mel, que são responsáveis por seu efeito antioxidante, são os compostos fenólicos (ALVAREZ-SUAREZ et al., 2010).

O consumo de mel pode beneficiar a população através da modificação da visão do mel de ser utilizado somente como remedio. O consumo pode ser por falta de informações e conhecimentos sobre os valores nutritivos do mel

O pólen é fonte concentrada de proteínas e o néctar contém sacarose, frutose e glicose, destacando-se como importante fornecedor de energia. A disponibilidade de pólen e néctar afeta o peso das larvas, pupa e adultos recém-emergidas (WIESE, 1986).

A microrregião de Ribeira do Pombal, Bahia, Brasil, composto por 14 municípios produziu em 2011, 594.280 Kg de mel, IBGE (2013), o que corresponde a 23% da produção total do Estado da Bahia.

A avaliação do perfil do consumidor é importante para incentivar e melhorar a economia e o bem estar da população local. As necessidades de mercado é uma interação positiva na economia regional. Com o objetivo conhecer o perfil do consumidor de produtos apícola e avaliar a microrregião de Ribeira do Pombal, Bahia em relação à frequência, o consumo, entendimento de mel como remédio ou alimento, parâmetros utilizados para escolha do produto apícola, tipos de embalagens, propagandas, opinião quanto as qualidades do mel e dos produtos das abelhas foi realizada a pesquisa para obter informações relacionadas a esta região.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada nos municípios de Ribeira do Pombal e cidades vizinhas. A elaboração do questionário buscou identificar quais os critérios de escolha do mel e de outros produtos apícolas usados pelos consumidores, as formas como o alimento é usado, a opinião quanto ao preço, ao processo de cristalização do mel, o nível de escolaridade, a idade. As entrevistas foram diretas com questões na maioria fechadas. Foi desenvolvido um questionário com a participação de grupos dos tecnolandos em agropecuária, totalizando 41 perguntas, sendo aplicadas a 521 pessoas no município de Ribeira do Pombal e cidades vizinhas.

Os questionários foram aplicados entre os meses de novembro e dezembro de 2012. Os entrevistadores foram os formandos do curso de Técnico em Agropecuária do Centro Territorial de Educação Profissional do Semi-árido Nordeste II (CETEP), Ribeira do Pombal, Bahia, com a orientação e coordenação do Professor Alberto Magno, responsável pela disciplina de Extensão Rural, ano 2012.

3. RESULTADOS

3.1 Localidades dos entrevistados

O maior percentual dos entrevistados foi da zona rural do município de Ribeira do Pombal totalizando 47%, seguido de moradores da sede do município, 29% e residentes em municípios vizinhos a Ribeira do Pombal 24%, Cícero Dantas, Cipó, Banzaê, Heliópolis, Ribeira do Amparo e Tucano (Figura 1).

3.2 Cor dos Entrevistados da Microrregião de Ribeira do Pombal, Bahia

Quanto à cor dos pesquisados a maioria, 50% responderam que são de cor morena, seguida de 21% cor parda, 13% cor branca, 12% cor preta e 4% cor amarela (Figura 2).

3.3 Idade dos entrevistados

A faixa etária dos entrevistados foram 36% de 25 a 40 anos, 29% de 16 a 25 anos, 28% de 40 a 60 anos e 7% com idade acima de 60 anos (Figura 3).

3.4 Estado civil

Estado civil dos pesquisados foi constituído de pessoas solteiras 53%, seguidos de casadas com 39%, outros 5% e viúvo 3% (Figura 4).

3.5 Entrevistados que possui telefone

Dos entrevistados 70% possuem telefone e 30% não tem telefone (Figura 5).

3.6 Escolaridade

Quanto ao grau de escolaridade, os percentuais são 3% com nível superior, 17% com segundo grau completo, 15% com segundo grau incompleto, 14% possui primeiro grau completo, 32% com primeiro incompleto e 19% são analfabetos (Figura 6).

3.7 Profissão

A profissão dos entrevistados foram 38% composta de agricultores, 14% de servidores públicos, 11% de dona de casa, 10% de estudantes, 4% de comerciantes, 1% de comerciários e 22% de outras profissões (Figura 7).

3.8 Sabe o que é um produto apícola

As respostas foram 79% sim e 21% não (Figura 8).

3.9 Sabe a origem dos produtos consumidos

Quanto ao item produtos consumidos, a maioria tem conhecimento sobre sua origem, ou seja, 61% dos entrevistados responderam que tem conhecimento da origem dos produtos apícolas que consomem (Figura 9).

3.10 Produtos que mais utilizam

Quanto aos produtos apícolas que mais consomem, o mel representou 90%, seguido de própolis 5%, cera 2%, pólen 1% geleia real 1% e outros 1% (Figura 10).

3.11 Consumo de produtos apícolas da sua região

Neste item, consumo de produtos apícolas da região, a maioria responderam que sim totalizando 89% e não 11% (Figura 11).

3.12 Como é o consumo do mel

Os resultados foram de vez em quando 64% dos entrevistados, seguido só quando estão doentes 19%, consumo semanal 7%, consumo diário de mel 5%, consumo mensal 3% e não informaram a forma de consumo 2% dos entrevistados (Figura 12).

Martins et al., 2010, na pesquisa Perfil do consumo de mel de abelhas africanizadas em cidades do interior do Estado do Ceará, concluiram que o incentivo ao consumo de mel é importante e aos poucos já está chegando aos olhos dos consumidores. Cabe então ao consumidor, buscar a boa alimentação adicionando o mel no seu cotidiano, tornando-o elemento trivial da sua nutrição (Figura 12).

3.13 Consumem produtos apícolas de outra região

A maioria dos entrevistados (62%) respondeu que não consomem produtos produzidos pelas abelhas de outras regiões, e 38% responderam sim (Figura 13).

3.14 Produz mel

Do total dos 521 entrevistados apenas 9% são apicultores, 91% são consumidores não apicultores (Figura 14).

3.15 Revendem mel

Todos os consumidores que são também apicultores (9%) revendem também o mel produzido (Figura 15).

3.16 O que acha da propaganda do mel na sua região.

Quanto a este item, a maioria acha importante á propaganda com mel, totalizando 82% (Figura 16).

3.17 Tipos de embalagens que preferem

Quanto à embalagem, o destaque foi o critério para a compra do mel em embalagens de plástico, 75% preferem este tipo de vasilhame, provavelmente por serem embalagens de baixo custo e fácil obtenção na região (Figura 17). Resultados contrário foram verificados por ouros autores. Lunardi et al., (2012) em pesquisa do perfil dos consumidores de mel de Cachoeira do Sul, Rio Grando do Sul; Martins et. al., (2010) em perfil do consumo de mel de abelhas africanizadas em cidades do interior do estado do Ceará. Observaram que 55,93% e 59,14% respectivamente, preferem comprar mel em embalagem de vidro.

3.18 Já ouviu falar de mel cristalizado

O item mel cristalizado é ainda desconhecido por parte de 31% dos participantes da pesquisa (Figura 18).

3.19 Consomem ou consumiria mel cristalizado

O mel cristalizado é um produto resultante da formação natural dos cristais, sem afetar as características nutritivas do mel, mas o consumo respondido pelos entrevistados foram 62% (Figura 19).

3.20 Preços pagos por Kg do mel consumido

O preço pago por quilo de mel pelos consumidores participantes da pesquisa foram 56% adquirem o mel ao preço de R$ 8,00 a 12,00 reais, seguido de 23% que pagam até 8,00 reais pelo Kg de mel e 17% compram a preços acima de R$ 12,00 reais, apenas 4% dos entrevistados não responderam quanto a este item (Figura 20).

3.21 Quantidade do mel que consomem

A maioria dos pesquisados consomem pouco mel, ou seja, 51%, seguido com consumo médio 46% e apenas 3% consomem muito mel (Figura 21).

3.22 Cor do mel mais consumido

A preferência da cor de mel para a maioria dos entrevistados foram méis escuros com 46%, seguido de méis claros 45% e 9% da população participante da pesquisa preferem tanto méis escuros como méis claros (Figura 22).

3.23 Usa mel como remédio

O item mel usado como remédio 87% responderam que usam para esta finalidade, e apenas 13% dos participantes da pesquisa não usam com este objetivo (Figura 23).

3.24 Usa mel para tratamento de alguma doença

A maioria, ou seja, 84% da população participante da pesquisa usa para o tratamento de alguma doença (Figura 24). Resultados semelhantes foram constatados por Magalhães et. al., (2007) quando pesquisaram consumidores de mel de abelhas no município de Itabuna, Bahia, Brasil e concluiram que 66% dos entrevistados usam o mel para curar doenças.

3.25 Que doenças são utilizadas para o tratamento com mel

As doenças mencionadas pela população entrevistada foram 72% usa o mel para tratamento de gripe, seguido de 17% para tratar de gripe e tosse, 5% para gripe e dor de garganta, 4% usam para anemia e 2% usam o mel como forma de tratar da gripe e bronquite. Os dados mostram que 96% dos entrevistados usam o mel como forma de tratar doenças respiratórias (Figura 25).

3.26 Consomem ou já consumiu própolis

A própolis que é um produto de elevado teor em substâncias bioativas, ainda é pouco utilizada, as respostas para a pesquisa foram 65% não consomem ou já consumiram e apenas sim 35% dos entrevistados responderam que consomem ou já consumiram própolis (Figura 26).

3.27 Quantidade que usam de própolis

Para os que consomem ou já consumiram própolis os valores foram 58% consomem pouco, 35% consomem uma média quantidade e apenas 7% consomem muita própolis (Figura 27).

3.28 Consomem ou já consumiram geleia real

A geleia real é um produto elaborado pelas abelhas melíferas, porém é pouco consumida pela população, os valores mencionados foram 88% não consomem ou já consumiram e apenas 12% dos pesquisados já consumiram ou consomem. (Figura 28).

3.29 Consomem ou já consumiram pólen

Ainda o pólen é um produto apícola pouco conhecido e usado pela sociedade. Os resultados foram 88% não consomem ou já consumiram e apenas 12% consumem ou já consumiram este suplemento alimentar (Figura 29).

3.30 Com que frequência usa pólen

Dos entrevistados que consomem ou já consumiram as respostas foram 80% consomem às vezes, 13% consomem pouco e 7% consomem sempre o pólen apícola como forma de suplemento alimentar (Figura 30).

3.31 Utilizam produtos processados do mel

A maioria, 58% informou que utiliza produtos processados a partir de mel, 42% da população entrevistada não utiliza produtos processados a partir do mel (Figura 31).

3.32 Quais os horários de consumo de mel

A maioria dos pesquisados, 55% consome mel a qualquer hora do dia, seguido dos que consomem mel pela manhã, pela tarde ou pela noite com 15% respectivamente (Figura 32).

3.33 Consomem mel misturado a outros produtos

As respostas foram, 74% consomem mel misturado a outros produtos e apenas 26% dos pesquisados não consomem mel misturado, a exemplo: alho, limão, cachaça etc. (Figura 33).

3.34 O mel já foi prejudicial a sua saúde

A opinião quanto a este item, as respostas foram 97% respondeu que o mel nunca afetou a sua saúde e apenas 3% disseram que já foi prejudicial (Figura 34).

3.35 Já foram enganados na compra de mel

As abelhas africanas chegaram ao Brasil em 1956, mas a concretização da africanização da Apis mellífera no Nordeste brasileiro e o crescimento racional da criação dessas abelhas foi evidenciado a partir da década de 80, tornando-se a apicultura como uma atividade altamente rentável. Então, no passado recente quando as abelhas ainda não eram criadas de forma racional, muitas pessoas falsificavam o mel, preparando a partir de solução com açúcar e água e vendiam dizendo que era mel de abelhas. Neste item 85% dos entrevistados disseram que nunca foram enganados na compra de mel de abelhas e apenas 15% responderam que já foram enganados (Figura 35).

Os entrevistados responderam que o produto apícola mais consumido é o mel destacando com um percentual de 90%, seguido da própolis com 5%, cera 2%, pólen 1% e geleia real 1%. Em São Paulo, Vilckas et al., (2001) estudando o perfil do consumidor de mel em Ribeirão Preto, observou que os produtores devem se preocupar mais com a qualidade, apresentação do mel e propaganda para conquistar a confiança do consumidor.

Constatou-se que 50% dos entrevistados são de cor morena, 65% é da faixa etária de 16 a 40 anos. Quanto ao estado cível 53% são solteiros. Foi observado que 81% têm nível de escolaridade do primeiro grau incompleto ao nível superior.

Os resultados mostraram que 38% são agricultores. Foi observado que 56% dos entrevistados pagam de 8,00 a 12,00 reais por Kg de mel. Quanto ao uso do mel, 64% consomem de vez em quando e 19% só quando está doente. Em relação aos 521 entrevistados 9% são apicultores. A maioria, 51% consomem pouco mel. A principal forma de consumo é como remédio, 87% dos consumidores usa o mel como medicamento. Magalhães et al., (2007) em pesquisa do perfil do consumidor de mel de abelhas no município de Itabuna, Bahia, Brasil.´verificou que apenas 7% dos entrevistados consomem mel diariamente.

A preferência na compra é a embalagem plástica 75%. A cristalização é um parâmetro conhecido por 69% dos entrevistados.

A cor também pode ser influenciada pelo conteúdo de minerais. Méis mais claros contem níveis mais baixos deste componente. Os ácidos, o conteúdo de nitrogênio, de frutose, cor inicial e produção de HMF também interferem na coloração dos méis. O mel torna-se mais escuro durante o armazenamento e este processo pode ser acelerado na estocagem em temperaturas altas (CRANE, 1983).

A cor do mel é um dos fatores que influenciam o preço no mercado mundial e também influenciam na aceitabilidade pelo consumidor. Méis claros, normalmente apresentam aroma suave e possuem valor comercial mais elevado quando comparados aos produtos escuros (WHITE, 1976). A cor de mel e suas propriedades antioxidantes podem fornecer um bom guia para o consumidor na escolha de méis com alto poder antioxidante (ZALIBERA, STASKO et al. 2008). Quanto à cor do mel, a preferência foi 46% para méis escuros e 45% méis claros. Quanto ao horário de consumo do mel, 55% usa a qualquer hora do dia.

O mel e saúde, a resposta foi que apenas 3% afirmaram ser prejudicial a sua saúde. Já foram enganados na compra do mel, 15% responderam que sim. Em relação ao pólen apícola, 88% nunca consumiram ou consomem.

A própolis ainda é pouco utilizada, os resultados foram 65% nunca consumiram ou consomem. Em relação à geleia real 88% nunca consumiram ou consomem.

4. CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos verificamos que a frequência do consumo do mel é baixa, sugerindo que ações educativas sejam adotadas quantos aos valores nutricionais. O mel como remédio ainda é o principal responsável pelo consumo na região estudada. A embalagem de plástico é a mais usada. Conclui-se, portanto, que a pesquisa foi um instrumento importante para identificação do perfil do consumidor de produtos apícolas, bem como da necessidade de buscar novas formas de incentivo quanto ao uso racional dos produtos das abelhas. A propaganda é uma das estratégias importantes para adotarmos programas de incentivos que ofereçam aos consumidores informações seguras independentes da classe social e econômica.

REFERÊNCIAS

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