Apicultura Migratória

Produtores de maçã locam colméias para assegurar polinização eficaz e obter mais qualidade e produtividade.

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Nesta primavera, 1 bilhão de abelhas pousam de flor em flor nos pomares. A maçã que você come não teria a viscosidade, o tamanho, o sabor e até o preço que tem não fossem as abelhas.

Sim, a maçã é um dos muitos vegetais que só frutificam por causa dos insetos, responsáveis pela polinização das flores. Poucos sabem, mas as abelhas têm papel fundamental nos 6,2 mil hectares de macieiras da região de Vacaria - RS. Além do vento e de insetos nativos, na primavera a polinização ganha o reforço de 15,5 mil colméias. Cada hectare necessita de duas a três caixas de abelhas para assegurar uma polinização eficaz. É abelha sem fim: cada caixa comporta de 60 mil a 80 mil insetos. As colméias têm procedência diversa. Há apicultores gaúchos e catarinenses especializados na produção de abelhas de aluguel.

O manejo correto dos ninhos durante o outono e o inverno assegura colméias sadias e populosas na primavera, estação em que a abelha voa até três quilômetros atrás de pólen e néctar, matéria-prima do mel. Pousando de flor em flor, a abelha recolhe pólen para levar às caixas. Nesses vôos, porém, ela também deixa nas flores os fragmentos de grãozinhos recolhidos anteriormente, provocando a necessária polinização, ou o ato sexual das plantas. É daí que germinarão sementes e, posteriormente, frutos.

Os apicultores que alugam colméias para polinizar macieiras não visam o mel que a abelha, em tese, produziria ao visitar as flores. Explica-se: a flor de macieira não é melífera, ou seja, produz pouquíssimo néctar, substância que a abelha transforma em mel. Os apicultores miram mesmo é o dinheiro do aluguel. Nesta safra, cada colméia é alugada por R$ 40 a R$ 50.

O valor do mercado depende do tamanho da florada, portanto o aluguel segue a cartilha da lei da oferta e da procura: pomares muito floridos precisam de mais abelhas, elevando o preço do aluguel. Alugar colméias é negócio relativamente seguro. Há plantas que necessitam do reforço das abelhas para polinizar, assegurando maior produtividade e resultando em frutas com mais qualidade. No caso das macieiras, quanto mais polinização, melhor, pois o processo resultará em mais frutos. Com mais frutos, o produtor poderá se dar ao luxo de descartar as maçãs pequenas, feias ou defeituosas.

Esse processo, chamado de raleio, permite qualificar a safra. Sem uma polinização eficiente, o resultado da safra pode ser desastroso: em pomar com frutos escassos não dá para fazer raleio, pois a produtividade ficaria ao rés do chão. José Sozo começou a plantar macieiras em 1993. A primeira colheita foi em 1997, já com auxílio de abelhas. Atualmente, Sozo cultiva 35 hectares de gala e fuji. Para repetir a safra do ano passado (1,5 mil toneladas), há algumas semanas espalhou 105 colméias pelo pomar. A intenção é manter a produtividade em 45 toneladas por hectare. - Colocamos as abelhas para melhorar o trabalho de polinização e aumentar a qualidade e a produtividade da macieira. Neste ano, Sozo pagou R$ 45 pelo aluguel de cada colméia, totalizando R$ 5 mil. Cada hectare recebe três caixas. Os insetos vão permanecer na propriedade por um mês.

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