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Ninhos de Abelhas sem Ferrão (Hymenoptera, apoidea) Eussociais
em Centros Urbanos - Ocorrência em Porto Alegre, RS
Torres, Vladimir Stolzenberg 1
1 Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre
biologo.vladimir@gmail.com
Resumo:
As abelhas sem ferrão ou abelhas indígenas sem ferrão apresentam ocorrência
restrita a áreas tropicais e subtropicais. Encontradas em todos os ecossistemas
brasileiros, estas abelhas são eficientes na polinização das plantas nativas, e de
muitas exóticas, colaborando de forma efetiva na produção de frutos e sementes. A
maior diversidade dos Meliponinae está concentrada na região neotropical, onde mais
de 300 espécies já foram descritas. Estas abelhas possuem hábitos de nidificação
bem diversificados podendo ocupar locais como: ocos de árvores, troncos caídos,
taquaras, cupinzeiros, frestas de paredes ou muros, ou ainda, podem construir ninhos
subterrâneos ou aéreos. Estas características de nidificação apresentam relações
diretas com a variação existente no comportamento das diferentes espécies. Além
disto, em certas circunstâncias, percebe-se que algumas espécies de abelhas podem
tornar-se relativamente abundantes em ambientes urbanos, o que torna importante
realizar um diagnóstico das espécies aí ocorrentes. Assim, o presente trabalho
objetivou estudar a composição da fauna de abelhas sem ferrão do contexto urbano
do município de Porto Alegre, RS, através do levantamento de seus ninhos, de tal
forma que os dados obtidos, auxiliem na sua preservação. Assim, a amostragem
piloto, realizada no contexto do bairro Higienópolis, permitiu o registro de 42 ninhos
pertencentes a cinco morfoespécies de Meliponina: Plebea spp (duas morfoespécies),
Tetragonisca angustula Latreille, 1811 e Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836),
bem como, uma morfoespécie de Scaptotrigona que demanda mais análises para
determinar sua caracterização como uma espécie distinta da anterior, ou apenas uma
variedade da mesma. Com relação ao substrato, considerando que T. angustula foi a
espécie mais abundante, representando 59,5% do total de observações, 23 ninhos
foram encontrados associados ao mobiliário urbano - paredes, muros, ..., escadas -
enquanto os demais estiveram associados a árvores. Como espécie vegetal utilizada
para nidificação por estas abelhas, destacaram-se, como principais; para Plebea spp,
Melia azedarach L. (Meliaceae); para Scaptotrigona, Jacaranda mimosifolia D. Don
(Bignoniaceae); e para T. angustula, considerando àquelas que não nidificaram em
elementos construtivos, não houve uma predominância de determinada espécie
vegetal que pudesse ser considerada como de relevância. No que tange a distribuição
vertical dos ninhos, esta variou entre 0,20 e 3,50m de altura do solo, sendo T.
angustula a espécie que nidificou mais alto, e S. bipunctata a espécie que nidificou
mais próximo do solo. Dessa forma, o estudo da composição da fauna dessas abelhas
em áreas urbanas é de extrema importância para a preservação como também para o
manejo e criação de espécies com fins econômicos, com vistas a produção de mel,
especialmente em um município como Porto Alegre que se encontra legislando
atividade específica desta natureza.