Resumo
Figura 1 - Apis meliffera no exsudado resinoso vermelho de D. ecastophyllum
Apicultura no sul da Bahia envolve mais de 1.700 famílias cuja produção de mel esta estimada em 400 toneladas e uma produção de pólen apícola desidratado de 35 toneladas, fazendo com que a Bahia se tornasse um dos principais produtores Brasileiro de pólen. A produção de própolis ainda é inexpressiva com produção estimada em 100 quilos/ano. A atividade cresce de forma organizada através de associações e cooperativas. Por ser uma atividade nova no sul da Bahia, existe uma carência muito grande de informações técnicas, principalmente no que se refere a origem botânica e as propriedades químicas da própolis vermelha. O estudo desenvolvido teve o objetivo de avaliar a origem botânica da própolis vermelha, identificando a(s) planta(s) resinifera existente no entorno das colméias onde é produzida a própolis vermelha e identificar de que forma se processa a exsudação na planta que origina a própolis vermelha.
Própolis é uma mistura de substâncias resinosas coletada pelas abelhas (Apis mellifera) a partir de resinas vegetais, botões florais e brotos de determinadas árvores e arburtos e elaborada com o acréscimo de suas secreções orais, pólen e cera. Sua propriedade biológicas são conhecidas desde a antiguidade (Crane, 1997). Ela é usada pelas abelhas para selar buracos e proteger a colméia (Greenaway et al., 1990; Ghisalberti, 1979). Própolis é usada na medicina popular desde 300 anos antes de Cristo. Numerosas propriedades biológicas tem sido encontradas incluindo citotoxidade (Matsuno et al., 1997), anti-herpes (Vynograd et al., 2000), anti-tumor (Park et al., 1998), anti-HIV (Ito et al., 2001), e efeitos supressivos da toxicidade da dioxina (Park et al., 2005). Devido a extensa gama de atividades biológicas, a própolis é cada vez mais usada como alimento saudável suplementar e em bebidas (Burdock, 1998).
A divulgação dos efeitos terapêuticos da própolis e a procura cada vez maior pelo homem de remédios naturais despertaram o interesse das industrias ao redor do mundo.
Figura 2: O exsudado que abrem em galhos e
troncos, são de contorno elíptico
Materiais e Métodos
Foram instaladas 12 colméias habitadas em áreas de manguezais no município de Canavieiras, localizado no sul da Bahia (Long.: -38:57:25.00 Lat.: -15:39:11.27.). Os enxames foram uniformizados quanto ao tamanho, troca de rainhas velhas por rainhas com genética voltada para a produção de própolis ( foi feita seleção massal no apiário pesquisa da CEPLAC). As colméias foram espaçadas de 2 em 2 metros entre caixas. O alvado (entrada das abelhas na colméia) ficaram voltadas para o leste e cada colméia foi ministrado alimentação protéica e carboidrato e a cada 15 dias eram feitas as revisões de manutenção e coleta da própolis. Para a identificação da planta foi feita observações visuais das plantas do entorno das colméias que exsudavam resina vermelha e que eram visitadas por abelhas do gênero Apis. As observações ocorreram na parte da manhã, ente as 8:00 e 12:00 horas. Para identificação da planta foram feitas exicatas de galhos com folhas, flores e frutos (três exemplares da cada planta observada) e elevadas para identificação no herbário de Centro de Pesquisa da Ceplac.
Resultados e discussão
Observou-se abelhas do gênero Apis coletando o exsudado resinoso vermelho secretado pelos buracos feitos por insetos no caule de Dalbergia ecastophyllum (Figura 1). O exsudado que saiam de galerias que abrem em galhos e troncos, são de contorno elíptico (Figura 2). Observou-se que o inseto faz as posturas em galhos finos ou mais grossos. As larvas escavam galerias na região subcortical, isto é, na camada vegetativa não raro atingindo o lenho e vem descendo, passando, assim, para galhos mais grossos ou para o tronco (Figura 3). Ao abrir os galhos de forma longitudinal, observou-se que as galerias perfurada pelo inseto vão de cerca de 60 centímetros a 1 metro de extensão aprofundam-se um pouco no lenho e neste abrem uma célula ou câmara pupal alongada na direção do eixo do caule, também de cima para baixo (Figura 3).
Figura 3: Larvas escavando galerias na região
subcortical na Dalbergia ecastophyllum
Conclusão
Foi observado que as abelhas coletavam exsudado resinoso vermelho da superfície de D. ecastophyllum para produzir própolis. Todas as amostras e exsudados resinosos mostraram muita similaridade com as própolis coletada nas 12 das colméias instaladas para o experimento. Não foi possível concluir que a origem botânica da própolis vermelha é exclusivamente da D. ecastophyllum.
Referências
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