Notícia

Inauguração do Laboratório de Sanidade Apícola


Vista parcial do prédio
do laboratório.

A sanidade apícola representa hoje uma preocupação mundial, em virtude de fenômenos de causas ainda indefinidas, envolvidos com o declínio populacional e mortalidade de abelhas melíferas observados em apiários de diversos países. No Brasil tal fenômeno tem sido referenciado como "Síndrome do Desaparecimento das Abelhas" ou, alternativamente, "Distúrbio do Colapso das Abelhas", tendo-se observado nas colônias de abelhas africanizadas no país, enfraquecimento repentino e inexplicável de enxames e alguma mortalidade de abelhas adultas, com considerável queda de produção em diversas localidades.

As pesquisas nesta área apontam para causas diversas, em que vários fatores, incluindo práticas agrícolas, poderiam estar deixando as abelhas vulneráveis a vários patógenos, com possível envolvimento de substâncias químicas contidas em formulações de pesticidas, as quais poderiam estar também enfraquecendo o sistema imune do inseto, dentre outras.

Tais constatações constituem-se em ameaça ao plantel nacional, afetando a produção apícola e colocando em risco a competitividade do Brasil no mercado externo, haja vista a possibilidade dos apicultores generalizarem o uso de quimioterápicos, o que leva à perda da reputação privilegiada de nossos produtos, em virtude das suas características naturais e ausência de contaminantes.

Vista parcial do laboratório.

Este quadro aponta para a necessidade de se ter em território nacional laboratório de sanidade apícola para implementação de rotina diagnóstica, com técnicas rápidas e precisas, dando suporte à rede oficial e a outros que vierem a ser criados para fins acadêmicos ou de diagnóstico, tornando assim o sistema de controle epidemiológico mais eficiente.

Neste sentido criou-se a proposta para implantação do Laboratório de Sanidade Apícola, como Centro Colaborador em Defesa Agropecuária - Sanidade Apícola, viabilizado através de financiamento de auxílio à pesquisa MAPA/CNPq, com investimento em infra-estrutura do Governo do Estado de São Paulo, tendo como coordenadora a Pesquisadora Érica Weinstein Teixeira do Pólo APTA Vale do Paraíba / DDD / APTA / SAA-SP e como parceiros o Departamento de Agricultura do Governo Americano (USDA), a USP, a UNESP, a EMBRAPA e a UFV.

O Centro Colaborador em Defesa Agropecuária na área de Sanidade Apícola deverá atuar em estreita harmonia com o Comitê Consultivo Científico em Sanidade Apícola do Ministério da Agricultura, por meio de um conjunto de ações integradoras que visem: a) melhorar os métodos de detecção de patógenos e outros parasitas das abelhas por meio de técnicas modernas de diagnóstico (principalmente ferramentas moleculares) e de intercâmbios técnico-científicos; b) desenvolver pesquisas dentro do Centro (integrado a outros órgãos colaboradores, principalmente, acadêmicos) visando a busca de linhagens resistentes e mais produtivas e, finalmente, c) com a participação de entidades acadêmicas, transferir conhecimentos por meio de cursos aos agentes de defesa agropecuária voltados para sanidade apícola. A proposta tem como principais metas: a) manter uma efetiva sinergia e estreita colaboração com o MAPA/SDA e setor produtivo participando na formulação de metas e atividades dentro do Plano Nacional de Sanidade Apícola; b) adequar métodos de diagnóstico de doenças de abelhas por técnicas moleculares; c) avaliar métodos para coleta e envio de amostras que possibilitem análises de doenças de abelhas por métodos moleculares e outros; d) contribuir com a SDA/MAPA na realização de levantamentos epidemiológicos na área de sanidade apícola, respeitada a disponibilidade de equipamentos e pessoal; e) realizar diagnósticos laboratoriais e de campo, com apoio de mobilidade do Serviço Veterinário oficial (Federal e Estadual), atendendo demandas do Plano Nacional de Sanidade Apícola ou de entidades de representação da classe apícola por meio do Serviço Veterinário oficial. f) contribuir na capacitação de técnicos governamentais, fiscais federais e estaduais; dentre outros, além de oferecer futuramente, após padronização das técnicas, prestação de serviços de identificação molecular de patógenos de abelhas, visando atender demandas do SDA/MAPA e da comunidade, relacionadas com importação e exportação de produtos apícolas, resguardando a capacidade de pessoal e de equipamentos disponíveis para tais tarefas.

Vista parcial do laboratório.

Quanto à relevância e principais contribuições científicas ou tecnológicas considerando os resultados esperados e benefícios potenciais para a respectiva área do conhecimento e para a sociedade, a proposta: i) permitirá condições de desenvolvimento de competência técnico-científica para realização de diagnóstico rápido dos problemas sanitários nos apiários e para comprovação da ausência de patógenos em produtos e abelhas importadas por meio de técnicas moleculares, além da obtenção de linhagens de abelhas que sejam mais resistentes e/ou tolerantes aos agentes que tem causado as principais perdas nos últimos anos; ii) proporcionará aos técnicos e fiscais federais e estaduais maior eficiência na detecção de patógenos e de sintomas clínicos de doenças nos apiários; iii) investigará mecanismos de resistência das doenças aos diferentes patógenos e outros agentes utilizando meios clássicos e moleculares para que se possa selecionar as colméias mais resistentes aos diferentes problemas sanitários que vem ocorrendo ultimamente no Brasil, visando evitar a necessidade de uso de quimioterápicos e, finalmente, iv) contribuirá para a criação de uma rede de pesquisas em sanidade apícola em diferentes regiões do país, com seus problemas sanitários específicos.


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