Artigo

O doce lar das abelhas indígenas sem ferrão

Geusa Simone de Freitas, Amanda Freire de Assis, Camila Calixto Moreira de Souza, Jairo de Sousa, Ademilson Espencer Egea Soares.

Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.
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Estamos acostumados a falar da importância das abelhas para as plantas devido ao seu papel como vetores de polinização, entretanto, a grande relevância das plantas para as abelhas ainda é carente de mais estudos. Sabe-se que os recursos tróficos (néctar e pólen) e a disponibilidade de cavidades nos troncos das árvores são fatores que influenciam diretamente na abundância de espécies de meliponíneos em uma determinada área. A maioria dos trabalhos encontrados na literatura está relacionada com levantamentos de abelhas em áreas de vegetação nativa e exótica, registrando o que ocorre em um determinado momento. Uma área verde dentro da paisagem urbana pode funcionar como uma ilha, e baseando-se na teoria da biogeografia de ilhas ela pode apresentar diferentes níveis de complexidade. Em muitas cidades brasileiras existem pequenos remanescentes florestais que deveriam ser valorizados pelos bens e serviços ecológicos que podem oferecer, como abrigar populações de animais polinizadores e dispersores de frutos, servir como corredores ecológicos para refúgio de muitas espécies animais, e também como eventual fonte de matéria-prima (sementes vivas) (Costa, 2003).

A extração de recursos da natureza é cada vez maior, em conseqüência do desenvolvimento tecnológico, do crescimento populacional, do aumento da expectativa de vida, e das diferenças econômicas entre as nações, o que sobrecarrega determinadas áreas, as quais são exploradas até a quase exaustão dos recursos. Todavia, tem sido crescente a preocupação com a conservação do ambiente e a sua recuperação em locais degradados. O perfil do campus da USP em Ribeirão Preto, encaixa-se neste contexto e um breve histórico situa-o dentro da premente necessidade de recuperação do meio ambiente.

A vegetação original nesta região era típica de cerrado e de floresta latifoliada, e foi quase totalmente eliminada devido às atividades agropastoris (Victor, 1975 apud Felício, 1992). A cidade de Ribeirão Preto teve seu crescimento ligado às plantações de café, o que no ano de 1870 transformou a cidade em importante centro cafeeiro. Em 1890, Francisco Schimidt adquiriu a Fazenda Monte Alegre e tornou-se o principal produtor de café da época. Em 1924, com a sua morte, seu filho, Jacob Schimidt, passou a ser o proprietário, e não resistindo à crise do café em 1929 vendeu a propriedade. No ano de 1940, a área foi desapropriada pelo governo do estado de São Paulo para a criação da Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas e em 1948, tornou-se propriedade da Universidade de São Paulo (Pais, 1995).

Em 1965, o estábulo foi desativado e com isso a área que era utilizada para o plantio, visando a produção de ração e o pasto para os animais deveria ser utilizada para outros fins. A área em torno do lago, onde atualmente são encontradas várias espécies de plantas frutíferas e nativas de cerrado, trinta anos atrás era uma cobertura de gramíneas (Penatti, com. pessoal). Excetuando a área ocupada com pomares, todo o restante era aproveitado com pasto e culturas de café e cana de açúcar. Camargo & Mazucato, (1984), fazem a seguinte descrição: "ao redor da área de coleta predomina a cultura da cana de açúcar e café. Na área de coleta propriamente dita, predomina a vegetação rasteira, principalmente gramíneas, ervas, arbustos e plantas ornamentais introduzidas sobre terra roxa de origem basáltica". Segundo Kerr (1999), a árvore predominante no campus era o angico (Piptadenia sp), porém com o desmatamento e a deficiência de polinizadores, a espécie mais freqüente passou a ser o amendoinzeiro (Pterogyne nitens). Depois de encerrradas as atividades agropastoris a área foi arrendada para plantação de milho, cana de açúcar e soja. Entre vários arrendatários do campus da USP de Ribeirão Preto, os últimos foram a família Paiva, que ao entregar a terra plantaram várias mudas de árvores.

Por volta de 1970, um funcionário, Sr. Miguel, que morava onde atualmente é um alojamento para estudantes do campus (próximo à piscina) construiu um viveiro. Nessa época, começou a plantar árvores pelo campus, utilizando mudas produzidas por ele ou doadas pelo Dr. Warwick Estevam Kerr, iniciando informalmente o reflorestamento pelo campus.

Em 1975 foi desenvolvido oficialmente um projeto de reflorestamento, coordenado pelo Dr. Geraldo Garcia Duarte. Nesse projeto, foram plantados vários lotes de mudas, com exemplares de espécies nativas e exóticas de diversas procedências (Franco, 1985). Isso atualmente pode ser visto em alguns locais, onde ainda existem aglomerados de uma só espécie, como por exempo, os de sibipiruna (Caesalpinia pelthophoroides), de ipês (Tabebuia spp), de tipuana (Tipuana tipu), e de várias outras espécies.

Na região de Ribeirão Preto existem somente pequenas manchas de mata nativa em algumas fazendas, nos limites da cidade e no bosque municipal Fábio Barreto. Ante a urgência da disponibilidade de áreas para reflorestamento na Região de Ribeirão Preto (pois o Município conta com apenas 1,46% de sua área florestada, aproximadamente 0,36m2/habitante quando a recomendação da OMS é de 12m2/habitante) (SEMA, 1995) e o resgate das espécies arbóreas nativas regionais, iniciou-se em 1997, a instalação de uma área de reflorestamento heterogêneo e a criação de um banco genético de sementes (Banco de Germoplasma).

Entre os anos de 1998 e 2005 foi implantada uma floresta de espécies nativas em 75ha dentro do campus da USP em Ribeirão Preto, o que representou um aumento de 20% da cobertura vegetal da área urbana da cidade. Nesse projeto, coordenado pela Profa Dra Elenice Varanda, foram plantadas somente mudas nativas de cerrado, obtidas de uma área de 240 ha em Paramogi/SP. As mudas foram reproduzidas no viveiro do campus, em tubetes plásticos, sendo a mudas mãe e filhas devidamente identificadas. Todas as informações sobre a origem das mudas foram registradas, de forma que é possível conhecer o histórico de cada uma. Para a execução do plantio das mudas no campo, foi elaborado um padrão de distribuição utilizando um programa matemático, objetivando deixar mudas irmãs distantes a fim de evitar a fertilização entre parentes próximos. Foram plantadas simultaneamente espécies pioneiras, secundárias e clímax, garantindo o restabelecimento da floresta segundo os mecanismos de sucessão e equilíbrio ecológico (Varanda, com. pessoal).

Dentro deste contexto, a proposta deste trabalho foi realizar um levantamento das espécies de meliponíneos que nidificam em árvores e melhor compreender as preferências destas abelhas para estabelecer seus ninhos dentro de uma área que começou a ser arborizada a cerca de 40 anos.

Material e métodos

O trabalho foi realizado no campus da USP de Ribeirão Preto (21º 09'47.71" S; 47º51'28.39'' W), em Ribeirão Preto, SP. Os dados foram coletados por observações diretas nas árvores do campus e foram tomadas as medidas de altura da entrada dos ninhos, a circunferência dos troncos para calcular o diâmetro da árvore à altura do peito (DAP). Foram coletadas exemplares de abelhas e plantas para identificação. Os dados foram coletados no período de 1999 a 2008.

Resultados

A vegetação do campus da USP em Ribeirão Preto, no ano de 2001 (figura 1a) em destaque na foto é a área onde está a "floresta da USP", nesta época o plantio das árvores ainda não havia terminado. As margens do lago, atualmente, também têm uma cobertura vegetal bem maior que no ano de 2001, pois foi realizado o plantio de mudas de várias espécies ao redor do lago. Em 2009 a vegetação do campus aumentou especialmente na área da floresta (figura 1b) onde foram encontrados ninhos de Trigona spinipes e Scaura latitarsis.

Foram encontrados 471 ninhos de 16 espécies de meliponíneos que construiram seus ninhos em 35 espécies vegetais (tabela 1) e 68 ninhos estão em árvores ainda não identificadas. A espécie com maior número de ninhos encontrados foi Tetragonisca angustula (115), seguida por Scaptotrigona depilis com 109 (tabela 1).

Das 35 espécies vegetais, Pterogyne nitens foi a que abrigou a maior riqueza de espécies, 12 das 16 encontradas (Friesella schrottkyi, Lestrimelitta limao, Nannotrigona testaceicornis, Oxytrigona tataira, Partamona helleri, Scaptotrigona bipunctata, Scaptotrigona depilis, Scaura latitarsis, Tetragona clavipes, Tetragonisca angustula, Trigona aff fuscipennis, Trigona spinipes). Caesalpinia pluviosa teve a maior abundância de ninhos - 25,45%, seguida por Pterogyne nitens com 16,74% e Persea americana com 7,81%.

Persea americana apresentou uma característica peculiar, pois foi encontrado, mais de uma vez, vários ninhos em uma mesma árvore de espécies diferentes (figura 2b). Partamona helleri foi a única espécie que construiu ninhos (seis) em Livistona chinensis (figura 2a).

O diâmetro médio para as árvores com ninhos no campus foi de 0,71 m+ 0,33m e amplitude de 0,13-2,45m. O DAP médio e o desvio padrão dos troncos utilizados na construção de ninhos para cada espécie de abelha está descrito na tabela 1.


Figura 1 - A - Foto aérea do campus da USP em Ribeirão Preto, no ano de 2001 (Secretaria de planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura de Ribeirão Preto).

B - Imagem do campus em 2009. A área marcada em azul é o local da Floresta da USP.

Figura 2 - a - Ninho de Partamona helleri em Livistona chinensis.

b - Persea americana (abacateiro) com 6 ninhos de meliponíneos; as placas amarelas indicam a localização de quatro ninhos, os outros dois estão no lado oposto. Nessa árvore há também um ninho de abelhas africanizadas.



Discussão

Os dados encontrados neste trabalho mostram que a arborização de uma determinada área pode oferecer recursos fundamentais para o estabelecimento de populações de abelhas, especialmente as espécies que têm maior adaptabilidade a áreas com alguma interferência humana, como algumas espécies de meliponíneos que têm hábitos generalistas e que teriam um entrave quanto ao local para a fundação de ninhos. Roubik (1989) sugere que as espécies eusociais por terem grande capacidade de encontrar e armazenar alimentos podem dominar uma área e são importantes em ambientes tropicais, nos quais a distribuição de recursos é heterogênea e Laroca et al. (1982) propõe que a disponibilidade de local para nidificação foi o fator limitante paras as espécies de abelhas em Curitiba (PR).

Zanette et al. (2005) confirmam a previsão de praças públicas atrairem abelhas eusociais e diz que o tamanho estava diretamente relacionado com a biomassa de ervas e arbustos nas áreas, e que a disponibilidade de recursos florais podia ser mais importante que a disponibilidade de locais para nidificação em espécies como Tetragonisca angustula, Friesella schrottky e Partamona helleri. A área da "floresta da USP" ainda não oferece troncos com cavidades para a nidificação de meliponíneos, mas oferece recurso alimentar e possibilidade de algumas espécies que constroem seus ninhos no chão, na copa das ávores e em cupinzeiros arborícolas se estabelecerem nesta área, o que já tem acontecido com as Scaura latitarsis e Trigona spinipes.

Hubbell & Johnson (1977) concluem que o uso de cavidades para nidificação depende da disponibilidade de cavidades e não das espécies arbóreas. Os dados deste estudo mostram que as abelhas nidificaram em diversas espécies vegetais, sendo que Pterogyne nitens teve a maior riqueza de espécies nidificando; enquanto Caesalpinia pluviosa teve a maior abundância de ninhos, o que pode significar que estas duas espécies arbóreas são as mais abundantes no local e que são as que têm maior quantidade de cavidades disponíveis. Copa-Alvaro (2004) encontrou 47% dos ninhos de Tetragonisca angustula nidificando em Astronium urundeuva (Anacardiaceae), mas atribuiu isso ao fato de ser a espécie mais abundante na área; enquanto Martins et al. (2004) observaram mais de 75% dos ninhos de meliponíneos encontrados na caatinga em apenas duas espécies Commiphora leptophloeos e Caesalpinia pyramidalis.

Pterogyne nitens Tull. (Leguminosae - Caesalpinioideae), conhecida como amendoim-bravo é uma espécie florestal nativa da Mata Atlântica, ocorre do nordeste do Brasil até o oeste do Estado de Santa Catarina, principalmente na floresta latifoliada semidecídua. Sua madeira é moderadamente densa e resistente e normalmente é utilizada na construção de móveis finos e na construção civil (Lorenzi, 1992). Essa espécie possui grande valor ornamental sendo, portanto, recomendada para arborização de vias urbanas e rodovias e na reposição de mata ciliar em locais com inundações periódicas e encontra-se sob risco de extinção, fazendo parte da lista de espécies recomendadas para a conservação genética no estado de São Paulo (Nascimento et al., 2006; Regasini et al., 2008).

Caesalpinia pluviosa var. peltophoroides (Benth.) G.P. Lewis, 1998 (Leguminosae-Caesalpinoideae), popularmente conhecida como sibipiruna, é uma espécie ornamental e com potencial madeireiro. No Brasil, ocorre principalmente na região de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, sul da Bahia e no Pantanal Mato-Grossense. Sua madeira é pesada, dura e de média durabilidade, sendo utilizada na construção civil e na produção de móveis em geral. Pode ser utilizada em plantios mistos para recuperação de áreas degradadas e, principalmente, no paisagismo (Lorenzi, 1992).

Em um levantamento realizado nas árvores da cidade de Maringá (PR) a espécie com maior número de indivíduos com presença de cupins foi a sibipiruna - Caesalpinia peltophoroides (Duarte et al., 2008). Talvez, seja este o motivo que leva a sibipiruna a ter muitas cavidades, as quais são ocupadas por abelhas eusociais para nidificação.

Este estudo auxilia na compreensão de como uma área arborizada dentro de um ambiente urbano pode ser rica em espécies de abelhas sociais e também de abelhas solitárias, como mostram os dados do levantamento realizados no campus da USP de Ribeirão Preto por Camargo & Mazucato (1984) e Sofia (1996). Infere sobre a utilização de espécies vegetais em projetos de arborização e recuperação de áreas degradadas que podem ser mais adequadas às abelhas pela oferta de cavidades.

Bibliografia

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Copa-Alvaro M, 2004. Patrones de nidificación de Trigona (Tetragonisca) angustula y Melipona rufiventris (Hymenoptera:Meliponini) em el norte de La Paz, Bolivia. Ecología Aplicada, 3(1,2):82-86.

Costa F A P L. 2003. Ecologia, evolução e o valor das pequenas coisas. Sermograf, 137 p.

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Felício, J C; Ribeiro, E I; Gusman, A B. 1992. Levantamento da flora briofítica do Campus da USP de Ribeirão Preto e comparação da cobertura de briófitas epífitas em seis subáreas. Monografia de Bacharelado em Ciências Biológicas. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP Ribeirão Preto/SP.

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Laroca, S; Cure, J S; Bortoli, C. 1982. A associação das abelhas silvestres (Hymenoptera, Apoidea) de uma área restrita no interior da cidade de Curitiba (Brasil): Uma abordagem biocenótica. Dusenia, 13(3): 93-117.

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Regasini L O, Fernandes D C, Castro-Gamboa I, Silva D H S, Furlan M, Bolzani V S, Barreiro E J, Cardoso-Lopes E M, Young M C M, Torres L B, Vellosa J C R, Oliveira O M M. 2008. Constituintes químicos das flores de Pterogyne nitens (Caesalpinioideae). Quím. Nova, 31(4 ): 802-806.

Roubik, D W. 1989. Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press. 514 p.

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Zanette L R S, Martins R P, Ribeiro S P. 2005. Effects of urbanization on neotropical wasp and bee assemblages in a brazilian metropolis. Landscape and Urban Planning, 71:105-121.

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