Artigo

INDICAÇÃO DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE NA CADEIA APÍCOLA .

Bastos, E. M. A. F.1 ; Magalhães, M. S.2
1- Lab. Recursos Vegetais e Opoterápicos, DCF, Diretoria de Pesquisa, Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte, Minas Gerais.
2- Mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais, Universidade Federal de Ouro Preto. Presidente Federação Mineira de Apicultura. embastos@funed.mg.gov.br
Apoio financeiro: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais

Introdução

Figura 1a-Depósitos de material apícola sem organização,
com objetos não necessários à prática apícola.


O Brasil têm se empenhado no cumprimento de regras exigentes para o comércio mundial, conseqüência das recentes crises alimentares e como estratégia de inserção competitiva de seus produtos. O controle sanitário rigoroso, a rastreabilidade do processo produtivo e a promoção de produtos de qualidade diferenciada passam a ser critérios de negociação internacional reforçado por um mercado que valoriza cada vez mais produtos apícolas certificados, artesanais, biológicos e orgânicos. O objetivo deste trabalho foi verificar as condições ambientais e higiênico-sanitárias das instalações apícolas do campo á sala de mel.

Materiais e Métodos

Foram selecionados 62 apicultores, de 30 Municípios do Estado de Minas Gerais, para a execução do Projeto CVZ 451/06 FAPEMIG, estes receberam visita técnica para avaliação das condições higiênico-sanitárias dos apiários e das salas utilizadas para á manipulação do mel e própolis, de acordo com alguns dos critérios estabelecidos pela Norma Técnica ABNT NBR 15585: 2008.

Figura 1b- Área de armazenamento com organização e limpeza.


Pontos críticos avaliados

- Condições de armazenamento e conservação do material apícola
- Manipulação em campo e transporte do mel para extração
- Condições ambientais do entorno do apiário
- Condições higiênico sanitárias em que são realizadas as extrações do mel e própolis.

Resultados

As condições ambientais dos apiários avaliados propiciam a produção apícola livre de contaminantes.

Entre os apicultores avaliados 90,16% não possuem área apropriada para armazenar o material apícola utilizado em campo, favorecendo o desenvolvimento de pragas e roedores (Figura 1a,b).

Figura 2- Apiário produtor de própolis, com colméias pintadas.


Alguns apicultores ainda utilizam colméias pintadas com tinta a base de óleo e retiram própolis destas, favorecendo a contaminação de metais pesados neste produto, advindos deste tipo de tinta (Figura 2). Quanto à prática apícola em campo, só retiram favos operculados das colméias cuidando do transporte dos favos até a sala de mel. A conservação e higiene das roupas de proteção não é valorizada e muitos apicultores utilizam as mesmas vestimentas durante a centrifugação do mel. (Tabela 1).

A extração da própolis não é normatizada e a forma de extração e manipulação é quase sempre improvisada, dentre apicultores avaliados (90,32%) não possuem sala própria para a manipulação e armazenamento da própolis, (32,25%) utilizam ferramentas de inox para extração da própolis das colméias e (67,73%) utilizam formão e instrumentos diversos. Caixas térmicas ou de plástico atóxico para o transporte até a sala de manipulação é utilizada por apenas (9,67%) dos apicultores e (89,89%) utilizam caixas de papelão, caixas sem higienização e sacos plásticos de qualquer natureza (Tabela 1, figura 3).

Figura 3- Caixas de papelão e caixas plásticas
sem higienização são utilizadas para
o transporte da própolis.


Para a extração de mel, entre os apicultores avaliados 49,18% possuem sala destinada a manipulação do mel (Figura 4) e entre estes apenas 9,83% possuem casas de mel aptas as Normas do Serviço de Inspeção Federal (Figura 5), o restante realiza esta atividade em cômodos improvisados, depósitos de entulhos, cozinhas domésticas, escolas abandonadas e até mesmo a noite ao ar livre. Foram observados apicultores trabalhando com equipamentos galvanizados, de latão, de estanho e de bombonas plásticas reaproveitadas (Figura 6). Figura 5- Casa apta às normas do SIF, com BPF implantada. Figura 6- Equipamentos improvisados de bombonas plásticas: decantadores, centrífugas e mesa desoperculadora..

CONCLUSÃO

A exigência de registro das Unidades de Extração como Estabelecimento relacionado pode levar grande parte dos apicultores a um processo de informalidade. A falta de normatização para a produção de própolis, pode criar barreiras sanitárias para este produto a curto e médio prazos, devido a perda de qualidade entre a extração e comercialização.

Os resultados deste trabalho indica pontos críticos de controle na apicultura e reforçam a necessidade de capacitação dos apicultores em "Boas práticas apícolas", e investimentos governamentais na cadeia, visando a melhoria de qualidade dos produtos para o mercado interno e externo, bem como o fortalecimento do setor.


Figura 4- Áreas Destinadas a manipulação de mel, com infiltrações, mofos e ausência de Boas Práticas.

Figura 5- Casa apta às normas do SIF, com BPF implantada.

Figura 6- Equipamentos improvisados de bombonas plásticas: decantadores, centrífugas e mesa desoperculadora..

Tabela1 - Principais pontos críticos avaliados


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, Darcet Costa- Org. Apicultura: manual do agente de desenvolvimento rural, 2.ed. ver.._ Brasília: Sebrae, 2007. 186 p.

PAS. Manual de Boas práticas Apícolas- Campo. Brasília: SENAI/DN. 2008. Convênio SENAI/;SEBRAE/SENAC/SESC/SESI. 41 p.

PAS. Manual de de Segurança e Qualidade para Apicultura. Brasília: SENAI/DN. 2008. Convênio SENAI/;SEBRAE/SENAC/SESC/SESI. 69p.

SILVA, Armando. Ferreira da. Boas práticas apícolas: mel com qualidade. SEBRAE/RN. 2005. 21 p.

ABNT NBR 15585: 2008. Apicultura - Mel- Sistema de produção no campo. 8p

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