Artigo

Análise da apicultura desenvolvida na Região Sul da Bahia

Danyllo Matos Pimentel1*, Wesley Andrade de Sousa Santos1 , Dayane dos Santos Pereira 2
1- Discente do Curso de Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB
2- Discente do Curso de Engenharia de Alimentos -UESB
* Autor para Correspondência- danyllomp@yahoo.com.br

Resumo

A ampla área territorial de nosso país, com variada diversificação vegetal e um clima tropical oferece condições de uma elevada produção, alcançando os líderes atuais. Apesar da apicultura ainda ser pouco explorada, o mercado está em plena ascensão (Zara Filho 1997). Ocupando a sétima posição no Brasil e a segunda no Nordeste, a apicultura é uma das atividades do setor agropecuário que mais cresce na Bahia, sendo responsável pela geração de cerca de 30 mil empregos diretos. No Estado existe hoje em torno de 150 mil colméias e 5 mil apicultores, espalhados em todo espaço geográfico (EBDA, 2002). O presente trabalho analisou os apicultores e apiários nos municípios do Sul da Bahia.

O presente trabalho pretendeu identificar os problemas e caracterizar o perfil dos apicultores nos municípios do Sul da Bahia. Através de visitas, foram aplicados 144 questionários estruturados abordando os seguintes aspectos: sócio-econômicos, produção e manejo apícola, mercadológicos e associativismo. A conclusão obtida foi que a apicultura nestes municípios é uma atividade familiar que necessita de um grande apoio técnico para alcançar uma produção de qualidade que torne a apicultura uma atividade rentável e promissora.

1. Introdução

O Estado da Bahia, durante os últimos dez anos a produção apícola deu um salto de 550 toneladas para 4.000 toneladas, colocando o estado na 8ª posição no ranking nacional.

No sul da Bahia, a produção de mel e pólen vem se destacado em diversos municípios a exemplo de Una, Canavieiras, Ilhéus (pólen) e Santa Cruz da Vitória, Teixeira de Freitas (mel). São 1.200 apicultores organizados em 22 associações de apicultura e 2 cooperativas, uma de mel (Santa Cruz da Vitória) e outra voltada para a produção de pólen (Canavieiras). Os dados acima demonstram o quanto à atividade apícola cresceu nos últimos anos, gerando novas oportunidades de trabalho e renda para uma parte significativa das comunidades com baixo poder econômico. O sul da Bahia é dividido em áreas de acordo com a sua potencialidade apícola. Litoral do sul da Bahia: Área indicada para a produção de pólen em decorrência das grandes floradas das palmáceas, em especial os coqueiros e as áreas de restinga. Áreas de transição: São localidades onde o índice pluviométrico é baixo e se constata a presença de vegetação rasteira (pasto sujo) e capoeiras. São áreas indicadas para a produção de mel. Áreas com grandes concentrações de plantio de cacau: Nestas áreas as abelhas aproveitam as árvores de sombreamento para a produção de mel e pólen. Áreas com plantios de eucalipto: Estas áreas estão localizadas mais para o extremo sul e são indicadas para a produção de mel, cuja produtividade pode alcançar 50 quilos por colméias. É possível também a produção de pólen em determinada época, diferentemente do litoral que produz o ano todo. (Magalhães 2002).

Apesar da rica flora apícola e do excelente clima que favorecem a produção, parecem não alcançar bons níveis de produtividade com suas colônias. Para o bom planejamento da atividade, são necessários levantamentos que identifiquem os problemas enfrentados pelos apicultores e o perfil destes produtores. De posse destes dados saberá o que solucionar e como fazê-lo de forma eficiente e direcionada ao público específico.

O presente trabalho pretendeu identificar os problemas enfrentados na apicultura desenvolvida na Região Sul da Bahia e caracterizar o perfil dos apicultores para planejamentos futuros que venham para induzir ações direcionadas à melhoria de práticas de manejo, introdução de novas tecnologias, adoção de modelos gerenciais e novas visões de mercado dos produtos apícolas.

2. Materiais e Métodos

O presente trabalho analisou os apicultores e apiários nos municípios do sul da Bahia. Foram aplicados aleatoriamente 144 questionários estruturados aos apicultores abordando os seguintes aspectos: sócio-econômicos, produção e manejo apícola, mercadológicos e associativismo. A análise estatística dos dados foi realizada segundo programa Excel 97.

3. Resultados e Discussão

Os resultados desde trabalho estão apresentados em gráficos constantes das Figuras 01 a 13.

  


Quanto ao aspecto sócio-econômico observou-se os seguintes resultados: 67% dos apicultores possuem dependentes. Em relação ao domicilio 71% moram na zona urbana e 29% na zona rural, sendo que 67% possui casa propria. Analisando-se o perfil educacional observou-se que 43% dos apicultores destes municípios são analfabetos ou tem até a quarta série do ensino fundamental, 21% possui o 1º grau completo, 24% o 2º grau completo e apenas 13% o supeior completo. Verificou-se que 28% dos apicultores têm menos de 10 colméias e somente 11,6% possuem mais que 50 colméias. Esse baixo número de colméias mostra que a apicultura é uma atividade familiar, e que para a complementação de renda, os apicultores se ocupavam também com outras atividades, apenas 13% declararam ser apicultores, sendo que, da grande maioria 87% exercem outras atividades além da apicultura, 21% são produtores rurais, 28% comerciantes, 13% funcionários públicos e 25% outros. Dos entrevistados, 17% possui funcionários para auxiliá-los na atividade. Entre os apicultores 87% tem a atividade como renda extra e 13% como uma renda principal.O simples fato de criarem abelhas, acabou por introduzir uma consciência ecológica nos apicultores, pois 44% plantam árvores visando a preservação do pasto apícola, 23% não mais desmatam e outros 23% agora evitam queimadas. Esta preservação da natureza é comum entre os apicultores, familiares e empregados. Com se vê, a atividade, mesmo modesta já mostra sinais de educação ambiental.

Produção e Manejo Apícola de acordo com a pesquisa observou-se os seguintes resultados: 38% então na atividade a mais de 5 anos e 62%, a menos de 5 anos. 21% dos apicultores montaram seus apiários com recursos próprios, 66% a partir de doações e apenas 13% com recursos de terceiros. 62% dos apiários então instalados em terras próprias e 38% em terras cedidas. Em relação à produção, destaca-se a de mel com 65% e 35% os demais produtos (pólen, própolis e cera). Das colméias pintadas 58% são pintadas com esmalte sintético (óleo) e 42% com látex. Os tipos de arames utilizados nos quadros das colméias são o de arame galvanizado 54% e o de aço inoxidável 46%. Referindo-se a lamina de cera alveolada, 75% utilizam laminas inteiras e 25% parciais (guia). Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos apicultores destacam-se a falta de assistência técnica 54%, a falta de maquinas e equipamentos 38%, ataque de pragas 4% e o abandono das colméias pelo enxame 4%. A solução destes problemas pode acarretar em um acréscimo da produção e geração de emprego e renda para estas famílias.

Mercadológicos e Associativismo, os resultados mostraram que os apicultores destes municípios ainda não atentaram para a diversificação da produção e agregação de valor aos seus produtos.Como por exemplo a região litorânea que se destaca na produção,de pólen com 62% e 38% os demais produtos (mel, própolis e cera). A venda dos produtos produzidos foi na maioria das vezes para o consumidor final (63,8%), porém outros apicultores venderam seus produtos também a granel para empresas exportadoras (19%) ou outros atravessadores (16%). A maioria 71% faz parte de alguma associação ou cooperativa. Os benefícios recebidos pelos apicultores envolvidos com essas entidades são referentes à estrutura física com 66% assistência técnica 21% outros 13% .

Não foi levantado o tempo de estocagem do mel, mas em observações paralelas verificou-se que a venda só ocorre após, pelo menos, 4 meses da data de colheita. O motivo desta demora é a espera para uma melhoria do preço do mel, pois na época de produção há grande oferta e os preços caem bastante.

4. Conclusão

Pela analise dos dados obtidos constatou-se que a apicultura nestes municípios é uma atividade familiar, que necessita ainda de complexos industriais e tecnológicos, para processar e embalar os produtos da região, incentivo a inicialização e produção como por exemplo, os equipamentos cedidos na forma de empréstimo em comodato (parcerias), curso de capacitação em artesanato e produção de cosméticos e manipulação dos produtos apícola.

Finalmente um grande apoio técnico competente e que seja efetivo na transferência das técnicas disponíveis para alcançar níveis desejáveis de produção (mel, pólen, própolis, cera) para tornar a apicultura uma atividade rentável e promissora, e assim gerar emprego e renda para os produtores rurais de baixa renda nela engajados.

5. Referências Bibliográficas

Zara Filho,C. Diagnostico da apicultura no Estado de São Paulo, In Fórum Nacional de Agricultura... São Paulo, 1997.

EBDA. Atividade das que mais crescem no Estado. www.ebda.ba.gov.br/mar02mat-3.htm ( Acesso em 07-09-2006)

SEBRAE Agronegócios. (Desafios da apicultura brasileira) Maio 2006 Nº 3

Bahia Agrícola. (BAHIA: Um bom negocio da agricultura). Novembro 2002, Nº 2

Magalhães 2002, http://www.ceplac.gov.br/radar/semfaz/apicultura.htm (Acesso em 02-10-2006)

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