MELIPONICULTURA
A ABELHA JATAÍ: UMA ESPÉCIE BANDEIRA?
(Tetragonisca angustula Latreille 1811)Marilda Cortopassi-Laurino mclaurin@usp.br
Associação de Defesa do Meio Ambiente de São Paulo (ADEMASP)
Laboratório de Abelhas, Depto de Ecologia, Universidade de São Paulo
A abelha indígena sem ferrão jataí é abelha das mais conhecidas na América Tropical. Vive desde Missiones na Argentina, até o sul do México (Nogueira-Neto 1970). A primeira citação sobre esta espécie foi feita por H. Müller, em 1875. No início do século XX, outros pesquisadores também se interessaram pela abelha jataí como von Ihering (1903), Mariano-Filho (1911) e F.Muller (1913) etc. Atualmente, dezenas de trabalhos científicos tratam desta espécie de abelha. (Base de Dados da USP-Ribeirão Preto).
Segundo Silveira et al 2002, o gênero Tetragonisca Moure, 1946 têm apenas três espécies reconhecidas sendo duas presentes na fauna brasileira: T. angustula (Latreille, 1811) e T.weyrauchi (Schwarz, 1943), esta com ninhos aéreos. A distribuição geográfica da primeira espécie é bem ampla ocorrendo nos Estados de AM, AP, BA, CE. ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RS, SC E SP. A distribuição da weyrauchi é mais restrita, ocorrendo no AC e RO, acrescida de MT por Nogueira-Neto (Cortopassi-Laurino & Nogueira-Neto 2003) e na Bolívia na cidade de Cobija.
A abelha jataí é das espécies mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação. Vive nas grandes e pequenas cidades, nas florestas virgens e capoeiras, nos cerrados, nos moirões de cerca, nos ocos dos paredões de pedra, etc (Nogueira-Neto 1970). Já foi observada também nidificando em garrafas tipo pet, em ninhos abandonados de pássaros como nos do joão de barro, em caixas de medidores de luz, em frutos tipo cabaça, etc. Entretanto, em ambientes naturais ou pouco alterados, esta espécie utiliza mais comumente ocos de árvores, nidificando, com freqüência, na sua parte basal, ou no "pé de pau" como é conhecido popularmente.
Figura 1 -
Entrada de um ninho Jataí
A morfologia da entrada do ninho é típica: um tubo com 3 a 4 centímetros de comprimento, com abertura que permite passagem de várias abelhas ao mesmo tempo, construído de cera ou cerume com pequenos orifícios na parede (Fig 1). A entrada é fechada à noite e só reaberta pela manhã. A presença de várias abelhas sentinelas que ficam voando muito tempo nas proximidades da porta do ninho, também é típica. Raramente e provavelmente associado com épocas de enxameagem ou atividade intensa, a entrada do ninho é composta de duas aberturas (Fig 2).
Figura 2 -
Entrada de um ninho Jataí
composta de duas aberturas.
O fato de esta abelha ser facilmente localizada na natureza, pois constrói seus ninhos em locais de fácil visualização, e de ser manejada com facilidade, adaptando-se muito bem em vários tipos de caixas de observação, fez com ela fosse a espécie de abelha das mais estudadas pela comunidade acadêmica brasileira. Foram levantadas 104 bibliografias específicas, onde a espécie é citada no título do trabalho. Foram consultadas as Bases de Dados do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto e a Webofsciece, respectivamente em 12/2003 e 03/2005. Foram acrescidos ainda os dados do III Seminário Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijón realizado em Tapaxula, México em 11/2003.
A Base de Dados Bibliográficos sobre Abelhas, arquivada na Faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto, continha, na data consultada, uma lista de 1604 trabalhos sobre meliponíneos. Os gêneros mais estudados são as Melipona (51,4%), Scaptotrigona (10,9%), Plebeia (8,1%) e Tetragonisca (6,2%) indicando a abundância e a facilidade de uso destes ninhos. Sabemos que as abelhas mais criadas são as Melipona, que produzem maior quantidade de mel e cujo manejo é bem desenvolvido. Quando os espanhóis chegaram ao México, há mais de 500 anos, os nativos já criavam a Melipona beechei. Mas, para a grande maioria das 300 espécies de abelhas identificadas no Brasil, existem poucas informações sobre sua biologia e manejo.
Nessa Base de Dados, o enfoque especial dado à abelha Tetragonisca angustula, mostrou 96 citações, e que esta espécie foi mais estudada sob os aspectos da meliponicultura (19,8% das citações), da biologia (16,6%), da genética bioquímica e molecular (15,6%), e do comportamento (14,6%). Os dados de biologia estão relacionados com as características gerais das abelhas (sistema glandular, feromônios, morfometria, termorregulação, determinação de sexo), enquanto os de comportamento com as atitudes e reações das abelhas em relação ao ambiente (substituição de rainhas, divisão de trabalho, coleta, enxameagem, etc). Estas pesquisas foram disponibilizadas predominantemente na forma de resumos em congressos nacionais (53,0%) e em trabalhos de mestrado e doutorado (14,5%) sugerindo que os aspectos de divulgação deste assunto estão direcionados para um publico específico. Livros para o público em geral são apenas 3,2%, e as informações estão disponibilizadas predominantemente em português (86,2%) e em inglês (13,8%).
Quanto às necessidades que as abelhas têm para sobreviver, podemos citar em primeiro lugar, o local de nidificação. Os ninhos de algumas abelhas reúnem condições tão específicas que ainda não foi possível criá-las em laboratório. Melipona fuliginosa ou uruçu boi é até o momento, um bom exemplo. O ninho sobrevive no tronco de árvores fora da floresta nativa, mas Nogueira-Neto (comunicação pessoal) não obteve bom resultado transportando-as para caixas racionais.
Os meliponíneos nidificam predominantemente em ocos de árvores: 67,5% dos meliponíneos do Panamá (Roubik 1983). Muitas espécies de árvores apresentam ocos, porém algumas espécies são mais utilizadas pelas abelhas. Essa constatação, também feita em algumas regiões brasileiras, indica que devemos saber mais sobre quem são estas espécies de árvores, e que características elas possuem para terem sido escolhidas pelas abelhas para nidificar. O conhecimento destes detalhes favorece a inclusão do assunto no Programa Nacional de Florestas do MMA que pretende realizar a expansão da base florestal plantada e a recuperação de áreas degradadas e favorece o conhecimento dos volumes que cada abelha necessita para viver. As observações indicam que a jataí ocupa volumes entre 2-3 litros.
Algumas observações feitas em zonas preservadas indicam que algumas abelhas nidificam com freqüência na mesma espécie de árvore. Em ambientes perturbados esse aspecto não tem sido observado, talvez relacionado com a maior versatilidade das abelhas que sobrevivem nestes ambientes.
A Tabela 1 apresenta o levantamento da literatura das espécies de árvores onde foram encontrados ninhos de jataí.
TABELA 1. ESPÉCIES DE ÁRVORES USADAS POR Tetragonisca angustula COMO LOCAL DE NIDIFICACÃO EM DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS
Localidade
Família (planta)
Espécie (planta)
Nome popular
Ecossistema
Fonte
Ribeirão Preto – SP
Apocynaceae
Aspidosperma sp.
peroba
Área antropizada
Freitas, 2001
Leg. Caesalpinioideae
Caesalpinia peltophoroides
sibipiruna
Myrtaceae
Eucalyptus sp.
eucalipto
Moraceae
Ficus sp.
figueira
Leg. Papilionoideae
Gliricidia sepium
mãe-de-cacau
Leguminosae
Leg. Mimosoideae
Pithecolobium edwaii
Leg. Caesalpinioideae
Pterogyne nitens
amendoim-bravo
São Paulo - SP
Palmae
Archantophoenix sp.
Área antropizada
Pinheiro-Machado & Kleinert, 1993
Pinaceae
Pinus sp.
Bignoniaceae
Spathodea campanulata
tulipeira-do-gabão
Cortopassi-Laurino et al., 2003
Bignoniaceae
Jacaranda mimosaefolia
jacarandá
Palmae
Archontophoenix cunninghamiana
Milagres - BA
Burseraceae
Commiphora leptophloeos
umburana
Caatinga
Castro, 2001
Januária - MG
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense
pequi
Cerrado
Antonini & Martins, 2003
APA de Ipitanga - BA
Anacardiaceae
Tapirira guianensis
pau-pombo
Mata Atlântica
Batista, 2003
Myrsinaceae
Cybianthus sp.
Malpighiaceae
Byrsonima sericea
murici
Anacardiaceae
Mangifera indica
manga
Leg. Mimosoideae
Albizia sp.
Palmae
Cocos nucifera
coco
Araliaceae
Scheffllera morototoni
Anacardiaceae
Anacardium occidentale
cajueiro
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris
guaçatunga
Sapindaceae
Matayba sp.
Nazaré Paulista – SP
Melastomataceae
Tibouchina granulosa
quaresmeira
Mata Atlântica
Cortopassi-Laurino et al., 2003
Lauraceae
Ocotea sp.
SC
leiteira
Mata Atlântica
Müller, 1921
Em relação às plantas visitadas pela abelha jataí, a Tabela 2 apresenta um calendário para estas abelhas, já publicado em 1987 por Fukusima -Hein et al., baseado nas informações obtidas no campus da USP de SP.Outras informações da literatura vêm de dissertações e teses que identificaram as espécies botânicas que as várias espécies de abelhas visitaram em diferentes ecossistemas brasileiros, ou através do método da análise polínica do alimento coletado pelas abelhas. A importância de sabermos quais as fontes de néctar e pólen para as abelhas é poder plantar jardins para atrair as abelhas.
TABELA 2. NICHO TRÓFICO DE Tetragonisca angustula NA REGIÃO DE SÃO PAULO-SP.
1. Visitada por meliponíneos e mamangavas
2. Visitada por Apis mellifera
3. Visitada por Tetragonisca angustula
P=Pólen,
N=Néctar
0= Época de florada
X= Pico da florada
1
2
3
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
Família
Nome Científico
Nome Popular
1
3
0
0
x
P
Myrsinaceae
Ardisia crenata
ardisia
1
3
0
PN
Anacardiaceae
Lithraea molleoides
aroeira branca
1
2
3
x
0
N
Anacardiaceae
Schinus terebenthifolius
aroeira vermelha
1
2
3
0
x
N
Compositae
Vernonia polianthes
assa-peixe
1
2
3
0
0
0
0
x
0
PN
Ericaceae
Rhododendron indicum
azaléia
1
2
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
x
0
PN
Balsaminaceae
Impatiens balsamina
beijo
1
2
3
0
x
0
0
0
PN
Euphorbiaceae
Euphorbia pulcherrima
bico-de-papagaio
1
2
3
x
0
PN
Labiatae
Iboza riparia
boldo
1
3
0
x
0
0
N
Crassulaceae
Kalanchoe tubiflora
calanchoe
2
3
0
0
0
x
0
0
PN
Velloziaceae
Vellozia candia
canela de ema
1
3
0
x
0
P
Leguminosae
Senna bicapsularis
canudo de pito
1
2
3
0
0
0
0
0
0
0
x
0
0
x
0
PN
Tropaeolaceae
Tropaeolum majus
capuchinho, chagas
1
3
0
PN
Leguminosae
Caesalpinia bonducella
cesalpínia
1
2
3
x
0
0
PN
Leguminosae
Caesalpinia pelthophoroides
sibipiruna
1
3
0
x
0
0
x
x
0
0
0
0
PN
Amaryllidaceae
Clivia miniata
clívia
3
0
0
PN
Labiatae
Coleus blumei
cóleus
1
3
x
0
P
Lythracease
Lagerstroemia indica
confete
1
2
3
0
0
0
0
0
0
0
x
0
0
0
0
PN
Euphorbiacease
Euphorbia milii
coroa-de-cristo
1
2
3
0
0
0
PN
Compositae
Cosmos sulphureus
cosmos, picão-de-praia
1
3
x
0
PN
Agavaceae
Dracena fragans
dracena
1
3
0
0
0
0
0
0
0
0
x
0
0
0
P
Compositae
Emilia sonchifolia
emília
1
3
0
0
0
0
x
x
0
0
P
Loranthaceae
Struthanthus andrastylus
erva-de-passarinho
1
2
3
0
x
0
0
P
Bignoniaceae
Spathodea campanulata
espatódea
1
2
3
0
0
0
0
0
P
Leguminosae
Mimosa daleoides
espinguinha
1
2
3
x
0
PN
Myrtaceae
Eucalyptus robusta
eucalipto
1
3
0
0
0
x
0
0
0
x
0
P
Leguminosae
Sophora tomentosa
feijão-da- praia
1
2
3
x
P
Cactaceae
Opuntia ficus-indica
figo-da-india
1
2
3
x
0
PN
Compositae
Senecio brasiliensis
flor-das-almas, maria-mole
1
3
0
0
0
x
0
0
0
0
0
x
0
0
P
Solanaceae
Nicotiana tabacum
fumo
3
0
0
0
0
P
Umbelliferae
Foeniculum vulgare
funchol
1
2
3
0
0
x
0
0
0
0
0
0
0
0
0
PN
Proteaceae
Grevillea banksii
grevílea
1
2
3
0
x
N
Compositae
Mikania glomerata
guaco
1
2
3
0
x
0
P
Leguminosae
Schizolobium parahybum
guapuruvú, ficheira
1
2
3
x
0
N
Rutaceae
Citrus airantum
laranjeira
1
3
x
N
Zingiberaceae
Hedychium coronarium
lírio-do-brejo
1
3
0
0
0
x
0
0
0
0
N
Caprifoliaceae
Lonicera japonica
madressilva
2
3
0
0
0
PN
Euphorbiaceae
Ricinus communis
mamona
2
3
0
0
0
0
0
0
0
x
0
0
0
0
PN
Compositae
Centratherium violaceum
margarida lilás
1
2
3
x
PN
Compositae
Tithonia rotundifolia
margaridão amarelo
1
2
3
x
0
P
Compositae
Montanoa pyramidata
margaridão branco
1
3
x
0
0
PN
Malpighiaceae
Byrsonima intermedia
murici
1
2
3
x
0
P
Leguminosae
Myroxylon balsamum
óleo vermelho, bálsamo
1
3
0
0
x
0
0
0
0
0
P
Melastomataceae
Tibouchina holosericea
orelha-de-onça
2
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
N
Asclepiadaceae
Asclepias curassavica
paina-de-sapo
1
2
3
0
x
0
P
Araliaceae
Tetrapanax papyriferum
papel-de-arroz
1
2
3
0
0
x
PN
Rosaceae
Prunus persica
pêssego
3
0
0
0
0
0
0
0
0
x
0
0
0
P
Compositae
Bidens pilosa
picão
1
2
3
0
x
P
Magnoliaceae
Talauma ovata
pinha-do-brejo
1
2
3
0
x
0
0
N
Rosaceae
Pyracantha.coccinea.............
piracanta
1
2
3
x
0
N
Pontederiaceae
Pontederia lanceolata
pontederia
3
0
0
0
0
0
0
0
0
x
x
0
P
Nyctaginaceae
Bougainvillea spectabilis
primavera
1
3
0
x
0
0
x
0
0
P
Melastomataceae
Tibouchina granulosa
quaresmeira
1
3
x
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
P
Caprifoliaceae
Sambucus australis
sabugueiro
1
2
3
0
x
0
0
PN
Agavaceae
Agave sisalana
sisal
1
2
3
0
x
0
0
PN
Leguminosae
Erythrina speciosa
suinã
1
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
PN
Polygonaceae
Polygonum capitatum
tapete inglês
1
3
0
x
PN
Compositae
Tithonia speciosa
titônia
1
2
3
x
N
Anacardiaceae
Toxicodendron vermiciferum
toxicodendron
1
2
3
0
0
0
0
PN
Agavaceae
Agave attenuata
tromba-de-elefante
1
3
0
0
PN
Leguminosae
Bauhinia variegata
unha-de-vaca
A observação das abelhas nas flores não é só importante para a elaboração de calendários apícolas, mas também com relação às plantas, para se identificar quais abelhas têm maior potencial de polinizá-las. A polinização é o transporte dos grãos de pólen de uma flor para outra, atividade realizada predominantemente por abelhas. Esse assunto tem sido muito discutido nos últimos anos, tanto mundialmente como particularmente no Brasil. Existe uma movimentação global para identificar os principais polinizadores das plantas utilizadas pelo homem. Com esses conhecimentos poderemos indicar para áreas de recuperação e manejo ambiental, as plantas que as abelhas visitam e polinizam, favorecendo o aumento do número de frutos e sementes e acelerando o reflorestamento.
No Brasil, Kerr et al (1996) citam que as abelhas sem ferrão são responsáveis por 40 a 90% da polinização das espécies silvestres de ambientes tropicais e Heard (1999) agrupou os dados sobre todos os meliponíneos que visitaram 90 culturas de interesse para a humanidade. Vários estudos têm demonstrado que estas abelhas são polinizadores efetivos de culturas de morango, tomate, macadamia, rambutã, goiaba, pimentão, etc e que são polinizadores potencias de manga e guaraná entre outros frutos. Mais dados podem ser obtidos na Iniciativa Brasileira de Polinizadores (BPI) acessada em (http://www.webbee.org.br)
Dos produtos das abelhas sem ferrão, o mel tem sido a principal recompensa gustativa e econômica para os meliponicultores. A produção não é tão grande como a de Apis, mas seus preços são mais altos e, portanto mais atrativos nas comunidades locais e bastante procurados nas lojas de produtos naturais. Seu valor medicinal e a sazonalidade da sua produção são fatos concretos. Vasilhames com embalagens constando dados do produtor do mel, sua origem e data de coleta já podem ser encontrados no nordeste do Brasil onde esse comércio é mais expressivo (Fig 3)
Figura 1 -
Tipos de embalagens.
A reprodução das colônias com sucesso é o apogeu na linha de sobrevivência de qualquer espécie e o conhecimento desta técnica é essencial na meliponicultura. A exploração dos recursos naturais sem causar dano à natureza está inserida no conceito de desenvolvimento sustentado. As abelhas sem ferrão são adequadas a esse conceito porque com poucos ninhos é possível iniciar uma criação ou um meliponário, principalmente através da multiplicação dos ninhos e/ ou da retirada de abelhas campeiras de ninhos naturais.
O maior impedimento ao desenvolvimento dos ninhos de meliponíneos são os forídeos, ou mosquinhas vinagreiras ou ligeiras, que são muito comuns nos locais úmidos ou em épocas chuvosas. Vários modelos de caça-forídeos existem e eles têm em comum o emprego de vinagre, substância que atrai as fêmeas destas mosquinhas. Outros inimigos dos meliponíneos tais como formigas e a cleptobiótica abelha limão (Lestrimelitta sp) não são tão perigosos para as abelhas como os forídeos.
Agradecimentos: Ao professor A.E. Espencer Soares pelo compartilhamento do Banco de Dados, Denise Alves dos Santos e Sandra Camerata, pela digitação das tabelas e Débora Cortopassi-Laurino pela arte final. Auxílio CNPQ 382378/03-2.
Referências Bibliográficas
ANTONINI, Y. & MARTINS, R.P. 2003. The value of a tree species (Caryocar brasiliense) for a stingless bee Melipona quadrifasciata quadrifasciata. Journal of Insect Conservation 7:167-174.
BATISTA, M.A. 2003. Distribuição e dinâmica espacial de abelhas sociais Meliponini em um remanescente de Mata Atlântica (Salvador, Bahia, Brasil). Dissertação: Universidade de São Paulo.
CASTRO, M.S. 2001. A comunidade de abelhas (Hymenoptera; Apoidea) de uma área de caatinga arbórea entre os Inselbergs de Milagres (12º53'S; 39º51'W), Bahia. Tese de Doutoramento: Universidade de São Paulo.
CORTOPASSI-LAURINO, M.; ALVES, D.A. & IMPERATRIZ-FONSECA, V.L. 2003. Árboles para nidos de meliponíneos. In: Memorias III Seminario Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijón: 99-101.
CORTOPASSI-LAURINO, M. & NOGUEIRA-NETO, P. 2003 Notas Sobre a Bionomia de Tetragonisca weyrauchi Scharz, 1943 (Apidae, Meliponini). Acta Amazônica 33(4):643-650
FREITAS, G.S. 2001. Levantamento de ninhos de meliponíneos (Hymenoptera, Apidae) em área urbana: Campus da USP, Ribeirão Preto/SP. Dissertação: Universidade de São Paulo.
HEARD, T 1999 The role of stingless bees in crop pollination Annu. Rev. Entomol. 44:183-206.
IHERING, H. 1903 (1930) Biologia das abelhas melíferas do Brasil. Bol. Agr. Da Secr. Agric. Est. São Paulo 31:435-506, 649-714
FUKUSIMA-HEIN, YK. CORTOPASSI-LAURINO, M. IMPERATRIZ-FONSECA, VL 7 KLEINERT-GIOVANINI, A 1986. Apicultura no Brasil 2:34-38
MARIANO FILHO, J. 1911. Ensaio sobre as meliponidas do Brazil. Edição do autor.140 p.
MÜLLER, F. 1921. Werke, Briefe und Leben gesammelt und heransgegeben von dr. Alfred Moller. (Obras, cartas e sua vida, colecionadas e editadas pelo Dr. Alfred Moller). 2: p.150-286, 290-213, 317-320, 360, 380, 418.
NOGUEIRA-NETO P 1970 A Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão. Editora Tecnapis, São Paulo 365p
KERR, WE; CARVALHO, GA: SILVA, AC & ASSIS, MGP 1996 Aspectos pouco mencionados da biodiversidade amazônica. Parcerias Estratégicas 12: 20-41
PINHEIRO-MACHADO, C. A., KLEINERT, A.M.P. 1993. Abundância relativa e distribuição de ninhos de meliponíneos (Apidae, Meliponinae) numa área urbana (23o33'S; 46o43'W): dados preliminares. Ciência e Cultura 45(7): 911.
ROUBIK, DW 1983 Nest and Colony Characteristcs of Stingless Bees From Panama (Hymenoptera:Apidae). J.Kansas Ent. Soc. 56(3): 327-355
SILVEIRA, FA; MELO, GAR. & ALMEIDA, EAB. 2002. Abelhas Brasileiras, Sistemática e Identificação. Edição MMA e Fundação Araucária 253p