Notícia
DE PASSAGEM POR SÃO PAULO, APICULTOR CHILENO VISITA A APACAME
Texto: Radamés Zovaro, membro de Departamento Técnico da APACAME.
Esteve em visita a Apacame o Apicultor do Chile, Sr. Cristian Flores Fuentes, residente na região de Melipilla, área Metropolitana de Santiago, localizada a 60 km. a sudoeste da Capital chilena e a 50 km. do Porto de Santiago, e com uma altitude de 200 metros.
Na troca de informações sobre a Apicultura do Chile, tivemos informações interessantes de como funciona uma agricultura organizada, voltada a produtividade e com grande apoio do Governo. Dentre os fatos os que mais chamaram a atenção foram:1 – O tipo de abelha utilizado no Chile é a Apis Mellifera Ligustica (Italiana) e a Apis Mellifera Carnica. Eles tem grandes problemas com a Varroa, e utilizam 4(quatro) tipos de medicamentos no combate tendo um custo elevado por colméia. (Bayvarol, Fluvalinato Mavrik, Ácido oxálico e Ácido fórmico)
2– A apicultura é bonificada pelo Governo;
3 – Toda a produção é voltada para a Exportação.
4 - O mel centrifugado em um barracão fechado com plástico preto é acondicionado em tambores de 300 kg, que é fornecido pelo importador, além de o mesmo importador oferecer o transporte do local de extração até o Porto. Após alguns dias do envase nos tambores é feita a limpeza do mel tirando as impurezas decantadas. Esse trabalho é feito manualmente.
5 - Chegando o mel no Porto um Agente do Governo abre todos os latões coleta material para analise e separa o mel claro do escuro, formando lotes de cada tipo.
6 – Para polinização em citrus e outras espécies cultiváveis, o agricultor paga ao Apicultor US$ 10,00 por colméia. No caso da polinização de culturas de abacates o pagamento é de US$ 20,00. Explica-se o porque da diferença: a flor do abacate difere das outras flores que apresentam os dois sexos em uma mesma flor, no abacate um pé apresenta somente flores com sexo masculino e outro pé somente flores com o sexo feminino, além de um florescer na parte da manhã e outro na parte da tarde. É importante salientar que todo o abacate é exportado para os Estados Unidos, e no contrato de compra tem uma cláusula que a polinização deve ser feita por abelha.
7 – O total dos impostos pagos atinge 16% do faturamento.
8 - Um técnico em veterinária, que é funcionário do governo atende a 50 apicultores.
9 - As floradas normalmente são nos meses de setembro a dezembro.
10 – Não existe um conceito de higienização como existe no Brasil. O mesmo pudemos observar quando estivemos no Uruguai em visita á alguns apicultores.
No final levamos o colega para conhecer o meliponário, que foi uma surpresa porque segundo ele no Chile não tem abelhas melíponas, ele não conhecia.
Enfim o papo foi bastante interessante, pois pudemos perceber através do diálogo e das fotografias apresentadas pelo colega chileno, que apesar de sermos países de terceiro mundo, os conceitos sobre produção agrícola divergem de uma forma bastante clara e fazem do Chile, um país incrustado na cordilheira dos Andes com áreas de plantio relativamente pequenas, ser um grande exportador dos produtos agrícolas produzidos. Isso demonstra uma filosofia administrativa voltada à produção agrícola com ênfase no conceito da polinização para aumento da produção, coisa que infelizmente em nosso país tanto o governo como os agricultores não aceitam ou desconhecem que a abelha é o maior agente polinizador que existe no planeta. O lema da APACAME é “Abelhas a serviço da Agricultura”, pena que os órgãos produtores não sintonizem esse lema.
Parabéns ao nosso colega Cristian e esperamos poder continuar a manter novos contatos.