Manejo Apícola
 

ENXAMEAÇÃO: CAUSAS, SINTOMAS E CONTROLE

James Arruda Salomé. Perito Apícola. MSc.
e-mail: jamesarruda@hotmail.com


A reprodução natural de uma colméia através da enxameação é uma estratégia reprodutiva em abelhas melíferas, a fim de repor colmeias perdidas na natureza por predação ou fome e para dar continuidade ao povoamento dos nichos ecológicos. Economicamente, a enxameação é ruim para o apicultor, pois este processo acarreta perdas significativas na produção de mel, durante a temporada. A colocação de material sobressalente, para não ocorrer congestionamento nas colmeias, suprir aberturas suficientes nas colmeias nas épocas mais quentes para que as abelhas possam ventilar e controlar a temperatura interna dos ninhos, e principalmente manter rainhas jovens (no máximo com dois anos de idade) nas unidades de produção, diminui significativamente o processo de enxameação.


Posição das abelhas acima do alvado

Figura 1.  Sintoma visível de enxameação em colméia, formando uma “barba” na parte externa.

No inicio da temporada, no momento em que as rainhas são avaliadas, é possível observar as células maiores construídas para cria de zangão serem ocupadas. É possível neste período, observar estas células e prever como será a enxameação no inicio da temporada. Se as células já construídas para zangões estiverem todas ocupadas com ovos, larvas e pupas de zangões, a temporada atual será semelhante à temporada anterior, principalmente no que diz respeito a enxameação. Se não ocorrer cria de zangões nos diferentes estágios de desenvolvimento na totalidade das células já construídas para esta finalidade, a temporada atual será marcada por baixo índice de enxameação. Porem, se houver cria de zangões ocupando toda a área de células já construída para esta finalidade e as abelhas estão construindo mais células para cria de zangões, a temporada será marcada por um longo fluxo de néctar e o índice de enxameação será superior a temporada passada, devendo o apicultor tomar as medidas necessárias para evitar este fenômeno sob pena de prejuízo na produção.

A enxameação reduz significativamente a produção da colméia, pois há uma parada total no crescimento do enxame. A rainha para de por ovos, recebe pouca ou nenhuma alimentação a base de geléia real, perdendo peso rapidamente para poder voar, a fim de acompanhar o enxame que sairá da colméia.  Grande parte das abelhas campeiras, responsáveis pela coleta de néctar e pólen, acompanham o enxame que abandonará a colméia, reduzindo drasticamente o contingente de abelhas coletoras desta colméia. A colméia, basicamente com abelhas jovens retomará seu crescimento somente quando a nova rainha nascer, fecundar e iniciar a postura de ovos e novas gerações de abelhas começarem a nascer. Estes seqüências de atividades demoram pelo menos 42 dias, quando a grande parte da floração principal já ocorreu.

Preventivamente para evitar este problema no processo produtivo, deve-se utilizar métodos já citados anteriormente, porem se ocorrerem casos isolados de enxameação nos apiários é possível evitar o abandono do enxame.  Nas idas aos apiários basta observar externamente as colméias, se algumas delas apresentarem abelhas paradas alvado afora, posicionadas principalmente na parede frontal do ninho, é sinal característico de enxameação. Quanto mais abelhas estiverem nesta posição, mais próximo estará o dia da partida do enxame. Abelhas paradas abaixo do alvado formando uma espécie de barba, nem sempre é indicativo de enxameação, já que elas podem estar nesta posição simplesmente para regular a temperatura do interior do ninho. Abrindo a colméia, teremos a comprovação da instalação do fenômeno observando as bordas dos favos, que provavelmente contem muitas realeiras, bem construídas e de bom tamanho. Realeiras de enxameação sempre se apresentam nas bordas dos favos, pois ali há espaço suficiente para construir realeiras de bom tamanho, onde a rainha colocará os ovos. Realeiras construídas no centro dos favos, próximas a área de cria, em pequeno número e pequenas indicam substituição natural ou reposição de rainha por morte ou desgaste natural, não ocorrendo o fenômeno de divisão natural da família.

Com estes dois indicativos que o fenômeno de enxameação ocorrerá, é possível evitar o abandono das colméias. Para isto, basta trocar o local das colméias com os sintomas de enxameação por colméias que sejam mais fracas, de acordo com o diagrama abaixo. Trocadas as posições das colméias, as abelhas campeiras das colméias com os sintomas retornarão do campo após a coleta de alimento para a localização original, entrando na colméia fraca e reforçando substancialmente o potencial de abelhas adultas desta colméia, que irá produzir mel nesta temporada. Em contrapartida, a colméia com os sintomas de enxameação se enfraquecerá, devido a perda rápida de abelhas campeiras e não irá mais enxamear nesta temporada, seguindo seu trabalho normal durante a safra. 

        
Figura 2. Diagrama mostrando as possíveis trocas de posição entre colmeias com sintomas de enxameação e colmeias mais fracas. As setas com duas pontas indicam a troca simultânea. As setas com única ponta indicam novas posições das colmeias com sintomas. FO: colmeia forte; FR: colmeia fraca.

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