Minha Experiência


JATAÍ (Tetragonisca angustula)  (A preguiçosa)

Texto: Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista.
Coordenador do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME.


   Na intenção de preservar as nossas abelhas nativas e, ao mesmo tempo visar algum retorno financeiro, o Meliponicultor procura meios de acomodação e racionalidade no trato com as abelhas.

Visando minimizar o seu trabalho, o meliponicultor Dario Luiz Fritzen, criou um método sui-generis para lidar com as Jataís.

Segundo Dario, a criação de Jataí é uma verdadeira terapia e, aos mesmo tempo uma forma de preservar a espécie, descobrindo, a cada dia, novos fatos dentro da familia de insetos tão organizados e unidos.

Quando temos um sonho, relata Luiz e, se acreditamos nele com fé e preserverança, o sonho se torna realidade. Aos sete anos de idade, eu dei uma idéia para os meus irmãos de fazer uma caixa para Jataí que contivesse caixilhos para poder centrifugar o mel e retornar os potes de cerume sem danifica-los e, da mesma forma, preservando as crias, abelhas, lamelas. Os meus irmãos acharam aquela idéia impossível.

Hoje o meu sonho se concretizou e, na realidade o processo funciona. É fantástico!!

Eu conheço as caixas modelos PNN e SOBENKO e outras do Sul.

A melhor caixa é aquela que dá abrigo e condições de sobrevivência à colônia, sempre levando em conta o meio em que as abelhas vivem. Esse pe o ponto de partida e depois se adapta a caixa às finalidades da colméia.

Tenho outro modelo de caixa vertical. É igual ao modelo citado, só que não possui caixilhos e, esta é menor internamente, medindo na parte interna, 30cm de altura e o mel é espremido. É uma caixa específica para quem não tem centrífuga. O mel é fácil de sacar.

A pintura das caixas é sempre de cores opacas, pois as cores vivas confundem a visão e atrapalham as abelhas no trabalho. As cores indicadas são: verde escolar, marrom cimento etc. Sempre acrílico. Se for tinta à óleo a caixa poderá ser usada um ano após a pintura, devido ao cheiro forte.



Dario Luiz Fritzem Rua do Comércio, 775 Três de Maio – RS CEP: 98910-000

Dario possui cerca de 150 colméias divididas em grupos de 20 a 30 em cada local. Na região, a incidência de enxames de Jataí é bastante acentuada. Ele não tem o costume de retirar enxames da natureza e sim fazer captura através de armadilhas especiais.

A produção de mel é bem generosa e chega a colher 800g. a1 quilo por colméia/ano.

O pasto meliponícola é vasto, predominando a Uva-do-Japão.

Fato interessante e inédito é que Dario criou um sistema de colheita feito através de centrifugação, até então desconhecido.  



CAIXA DE JATAÍ – MODELO VERTICAL – DLF  

A – Toda esta estrutura é encaixada (2cm de fundura), colada e pregada para evitar a entrada de invasores. A espessura da madeira é de 4 a 5 cm. A caixa mede internamente 12 x 12 x 46cm, onde 15,6 é o local das crias com duas tampinhas internas, frontal e lateral (D – frontal, medindo 12 x 15,6 cm e 3 a 4 mm de espessura, E – lateral, medindo 11,6 x 15,6 e 3 a 4 mm de espessura), no momento da colheita a parte das crias fica fechada, isso evita a perda de abelhas. Logo acima a tampa separadora das crias e das melgueiras (caixilhos), medindo 12 x 12cm e 3 a 4mm de espessura e com frestas de 3mm de largura por 2cm de comprimento bem entre os caixilhos para a passagem das abelhas e a rainha não tem acesso. Os 6 caixilhos ficam na posição vertical medindo 12 x 30cm e separados um do outro entre 1,6 a 1,7cm conforme a espessura da lâmina utilizada for de 4 ou 3mm respectivamente. O espaço de 1,6 ou 1,7cm entre os caixilhos é suficiente para que as abelhas fabriquem somente uma camada de potes, isso facilitará a abertura dos mesmos no ato da colheita. Se o espaço for maior daí terá uma aglomeração de potes. Se o espaço for menor a abelha fará o pote espremido e comprido ou mais achatado.Em todos os casos os potes são construídos com um espaço entre a lâmina do caixilho e o pote para as operárias trafegarem, neste espaço é passado uma faca com lâmina estreita para sacar os caixilhos na hora da colheita.  

B – TAMPA EXTERNA LATERAL – Só se remove na colheita do mel, facilita o saque dos caixilhos pelo motivo  de estarem grudados com resina e própolis. Esta tampa mede 16 x 50cm e 4 cm de espessura. Duas peças iguais.  

C – TAMPA EXTERNA FRONTAL – É a primeira que se abre, isso facilita verificar se a colméia tem mel ou não. Ela contém um buraco de entrada e saída das abelhas que coincide com o buraco da peça de baixo da caixa que sobe no meio. O bico fica na tampa frontal, isso evita danifica-lo na hora da colheita. A tampa mede 20 x 50cm com cortes de 2cm de profundidade nas bordas para encaixe. Duas peças iguais.  

OBSERVAÇÃO:  As tampas externas são fixadas com parafusos para madeira, fenda ou sextavados, num total de 6. Os potes de mel são abertos um por um com a ponta de uma faca e colocados em pé na centrífuga. Os potes de pólen se tiver, não são abertos e retornam juntos com os potes vazios à caixa. Após um período de um mês, conforme o clima e a floração é possível fazer outra colheita, rendendo em média 1kg por caixa.  

CABECEIRAS – As duas peças em baixo e em cima são iguais medindo 20 x 20 x 4cm, com corte de 2cm de profundidade para encaixe.  

CENTRÍFUGA – É igual a centrífuga da Apis, só que menor, e a parte que gira e acomoda os caixilhos é coberta de tela fina para evitar que os potes de mel se arrebentem dos caixilhos. O trabalho é lento para abrir todos os potes, com isso o fundo da centrífuga é amplo para acomodar vários quilos de mel e depois coloca-lo em vasilhas através de uma bica lateral passado por uma peneira fina.  


 

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