Comentário
 

APICULTURA NA LETÔNIA

LATVIJÃ

Texto: Carlos Augusto Priedols, associado da APACAME.

    Latvijã (pronuncia-se Látvia), em nosso idioma Letônia. República parlamentarista que transitou para a independência em 21 de agosto de 1991.

     Localizada no centro-norte da Europa, banhada pelo Mar Báltico; área de 64.500 km2 possui 18.000 km2 de florestas, 2,5 milhões de habitantes e a capital é Riga.

     Um milhão de hectares de terras, dos dois e meio agriculturáveis estão sendo utilizados.

     Sem se envolver no conflito, dada a sua localização geográfica, a Letônia sofreu todas as espécies dos horrores da guerra. Em 1940, foi invadida pelos russos, resultado do acordo Molotov-Ribbertropp. De 1941 a 1944 é ocupada pelos nazistas que são expulsos pelos russos em 1945 e aí permaneceram até 1991.

     Terra natal de meus avós. Minha avó materna contava, entre outros assuntos, como eram criadas as abelhas em troncos de árvores para protegê-las dos ataques dos ursos.
     Somente no Congresso da África do Sul, encontrei um representante da Letônia. O Sr. Valdis Bilinskis representou o país apresentando um trabalho. Prometeu-me enviar alguns informes sobre a apicultura letã.

     Diz o Sr. Valdis que em números redondos, a Letônia conta com cerca de 8.000 apicultores que operam pouco mais de 50.000 colméias; havendo alguns com mais de 100 colméias considerados profissionais, que também praticam a migratória.

     Adotam a colméia Dadant e Langstroth. Por razões de economia, está havendo uma tendência de utilizar somente a Langstroth, ainda que a Dadant ofereça melhores condições de hibernação.

     A temporada apícola vai da segunda quinzena de abril até agosto. O último inverno, segundo o Sr. Bilinskis, foi de contrastes, com ventos e neve; a temperatura oscilou de +5 a -25 graus centígrados.

     A estatística aponta a produção anual de 300 t de mel; mas sabe-se que é muitas vezes superior. Não é contada a produção vendida diretamente sem rótulo, de mão para mão.

     Com apoio governamental, a associação dos apicultores está barrando uma irregularidade no comércio de mel mediante a venda de um rótulo com os dizeres em letras garrafais: "IEVÃKTS "LATVIJÃ"- (COLHIDO NA LETÔNIA)".

     A providência foi adotada para evitar que o mel importado fosse vendido como se produzido na Letônia. Sob análise do pólen, controle e fiscalização, o rótulo é vendido somente aos apicultores e a renda obtida é revertida em publicidade da apicultura e do mel nacional.

     Além das floradas silvestres nativas, as abelhas contam com a compacta floração de diversas semeaduras, dentre as quais uma fornece sementes que têm grande aceitação nos países europeus. A framboesa é muito cultivada e suas flores são fonte de néctar para as abelhas. Há uma planta "caluna vulgeris" chamada de "rosa de cabra" que fornece néctar para o mel considerado de primeira linha. Os pomares de árvores frutíferas completam o fornecimento de matéria-prima às abelhas.


As abelhas


     Os profissionais preferem a apis mellifera mellifera, e essa abelha é considerada autóctone ou nativa do país. No passado houve entrada possivelmente ilegal, de apis lingustica, cárnica, buckfast e seus cruzamentos. Com apoio financeiro governamental e a colaboração dos apicultores, o setor agrário da Universidade de Jelgava está trabalhando material genético, objetivando restaurar completamente a apis mellifera mellifera.

     O inverno, quando ultrapassa -25ºC, somado à Varroa Jacobsoni, tem liquidado até 15% das colônias.

     Cria, giz e podridão também estão presentes nos apiários mas com a ajuda técnica dos países vizinhos os problemas sanitários vêm sendo contornados.

     Em 1994 foi levada a termo a reabertura e restauração da "LATVIJAS BISKOPIBAS BIEDRIBA" _ ASSOCIAÇÃO DOS APICULTORES DA LETÔNIA _ que já mantém postos de atendimento ao apicultor em todas as regiões do país.

     Quatro vezes ao ano sai o jornal "BISKOPIS" _ "O APICULTOR", com matérias relativas à apicultura e outros assuntos relacionados com a atividade.

     Da leitura do e-mail recebido do Sr. Valdis Bilinskis, percebe-se nas entrelinhas que o povo letão por inteiro está de mangas arregaçadas e com o firme propósito de limpar e reerguer o país, tendo como um dos objetivos, a integração da União Européia.

     Peço a Deus que os ajude, são merecedores.

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