Abelhas Nativas
 

Forídeo

 Marco Aurélio S Torres Porto Alegre R S.
E-mail: abelhanativa@terra.com.br


    Pseudohypocera kerteszi- Principal inimigo das abelhas nativas na Amazônia, no Nordeste e no Sul do Brasil.
    Megaselia scalaris- Maranhão

    A palavra forídeo vem do grego  “fóridas“ que significa ladrão.

    Os forídeos são insetos que pertencem à ordem dos dipteros. Há diversos gêneros de forídeos que podem freqüentar as colônias de Meliponíneos e Apis melífera: Pseudohypocera, Aphiochaeta, Melittophora e Melanoncha. São pequenas mosquinhas que andam muito rápido.

    Os forídeos adultos de nada prejudicam as colméias, porém suas larvas alimentam-se principalmente nos potes ou células de pólen, e após consumi-los passam aos potes ou favos de mel, simultaneamente penetrando nas células de cria para alimentar-se das larvas, pupas  e do pólen  apodrecendo os favos.

    Após uma colméia ser infestada pelos Pseudohipocera cartezi temos que tomar muitas precauções relativas ao seu salvamento.

    Porque acontecem as infestações ?

    1-Colméia aberta por muito tempo durante o manejo,

    2-Caixa com frestas (principalmente nas tampas),

    3-Potes de pólen rompidos,

    4-Discos de cria amassados,

    5- Queda acidental de colônia
 
    Estes fatores debilitam a colméia tornando-a fraca principalmente em meliponas; em algumas colméias de mandaçaia podemos ver, em algumas épocas do ano, uma pequena quantidade de forídeos, porém, deveremos traçar um perfil das épocas de infestações e providenciar a colocação de armadilhas internas e/ou externas para o controle.

    No caso da Trigona spinipes (Irapuá), é normal o convívio dos forídeos dentro de sua colméia, só ocasionando prejuízos quando são rompidos os potes de pólen ou amassados os discos de cria.

    Após uma tentativa incessante com vários espécimes vegetais tóxicos, como por exemplo coroa-de-cristo (Euphorbia milli), mamona (Ricinus comunis l., comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta (schott), e cinamomo (Melia azedarach), ou mesmo a combinação deles, se obteve com sucesso um biocida de forma funcional contra os forídeos.

    A Melia azedarach (cinamomo) tem como princípios ativos saponinas e alcalóides neurotóxicos (azaridina).

    A formulação a que chegamos com sucesso foi a seguinte:

    40g de folhas secas, 40g de sementes despolpadas em 200 ml  de álcool de cereais. Esta solução fica em descanso por 72h devendo ser diluída na proporção 40 ml por litro (mínimo) de vinagre - principalmente o de maçã. Foram feitos até agora vários experimentos com as larvas que após terem consumido todo o pólen, migram para as armadilhas internas na colméia e, morrem afogadas.

    A duração do efeito sobre os forídeos ficou em média de 7 dias.

    Uma alternativa adotada pelo meliponicultor Valmir Zügue  de Boqueirão do Leão RS,  foi a de cobrir a caixa com plástico, dificultando a entrada dos forídeos por qualquer deformidade na caixa, deixando somente o canal de ingresso aberto.

    Também no caso de uma infestação severa podemos utilizar sal de cozinha (NaCl) sobre as larvas (Aidar).

    Nas infestações que tive que fazer salvamento, deixei todo o período as colméias fechadas dificultando a saída ou entrada dos mesmos e, toda a noite foram trocadas as armadilhas e estas foram colocadas em maior quantidade nesta fase inicial para capturar as moscas e, posteriormente uma ou duas para as larvas e as mosquinhas que irão nascer; estas armadilhas deverão ser verificadas todos os dias, pois é comum as abelhas fecharem os orifícios por onde entram as moscas. Este procedimento das caixas ficarem fechadas e preferencialmente em local escuro e fresco, é somente pelo período de captura das moscas e, posteriormente poderá ser aberta enquanto as larvas migram para as armadilhas, que devem ser revisadas a cada 7 dias após a captura de todos os forídeos adultos ( tempo de ação do biocida ).

    O manejo das colméias infestadas tem sido feito à noite, com lâmpada amarela ligada a um dimmer (controlador de potência). Se for colocado um filtro vermelho à frente dessa lâmpada, poucas abelhas e forídeos sairão da caixa, pois o forídeo ao perceber a luminosidade, ou voa ou penetra nas zonas escuras das caixas.


 
 

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