Evento
 


APACAME NO XXXVII CONGRESSO INTERNACIONAL DE APICULTURA – APIMONDIA.
Texto de Carlos Augusto Priedols


     Realizado no Centro Internacional de Conferências em Durban – África do Sul – 28 de outubro a 01 de novembro de 2001. O local ofereceu conforto e segurança aos congressistas. A comissão organizadora contou com o apoio técnico e financeira de cerca de 29 colaboradores, entre órgãos governamentais, federações e associações de apicultores e empresários do setor apícola, nacionais e alguns estrangeiros.

     Além dos simpósios e debates, houve cerca de 150 sessões plenárias. Dos trabalhos apresentados 32 foram do continente africano, sendo 20 do país anfitrião, e desses 20, 13 trataram da Varroa jacobsonii. Fato que dá a entender que a Varroa é problema também na África do Sul, melhor esclarecendo: é um dos problemas que afetam a apicultura africana.


Em frente à Secretaria do Congresso foi fixado, pelo Prof. Dr. Lionel Segui Gonçalves o Banner que foi entregue à ele, e que, juntamente com a Bandeira do Brasil, faziam a divulgação do XIV Congresso Brasileiro de Apicultura que ocorrerá de 16 a 19 de julho de 2002, em Campo Grande – MS.

Uma empresa russa  TENTORIUM que produz medicamentos com produtos das abelhas, participou com um belíssimo stand.
Outro foi o conjunto de stands da Argentina que compareceu com órgão governamental, associações de apicultores e empresas ligadas ao ramo apícola.
      A ApiExpo não superou as exposições dos congressos anteriores, mas mesmo assim foi proveitosa.  Um dos destaques foram os stands de medicamentos.

Contando com o apoio governamental a nossa vizinha Argentina participou da ApiExpo com dois enormes stands.
Provavelmente não compareceram as grandes empresas produtoras de equipamentos, dada a distância, altos custos de transporte, e a pouca desenvolvida apicultura africana.

No enorme salão, onde aconteceu a ApiExpo/2001, todas as manhãs, das 10:00 às 10:30 horas e todas as tardes, das  14:50 às 15:20 horas era oferecido, gratuitamente, um chá aos congressistas, o qual era patrocinado, em cada período, por um dos expositores da feira, e que, de posse da sua caneca, tomava lugar em uma das mesas, que comportavam até 10 participantes, o que fortaleceu sobremaneira a confraternização entre os participantes. Acreditamos que este foi um ponto alto neste congresso.

Na foto pôster apresentado pelos pesquisadores brasileiros K.P. Gramacho e L.S. Gonçalves do Departamento de Biologia da FFCL de Ribeirão Preto – SP.
     A Sessão de Pôster apresentou alguns trabalhos de pesquisa bem interessantes, destacando-se uma experiência de combate a Varroa Jacobsonni mediante a mistura de produtos repelentes na cera a ser alveolada.
Outro pôster apresentado por pesquisadores argentinos com a colaboração do Prof. Dr. Lionel Segui Gonçalves da FFCLRP – USP – SP.
     A costumeira e útil visita técnica, não estava prevista na programação do congresso para a tarde de quarta feira, dia 31 de outubro, mas foi realizada, possivelmente pela pressão de algumas delegações. Aberta as inscrições, no afogadilho, alguns congressistas conseguiram participar pagando a taxa extra e viajando até o Cedare College, uma escola agrícola do Departamento de Agricultura da África do Sul, na província de Kwazulu-Natal.
 
     Ao chegarmos na Escola fomos encaminhados para um moderno salão onde foi apresentada a exibição de uma série de slides e logo após mostrado um apiário modelo, cercado em arame farpado.

Modelo de um apiário usado na província de Kwazulu-Natal todo cercado com alambrado e arame farpado devido ao grande número de colméias furtadas anualmente.

O corajoso associado João Sobenko, ao lado de uma colméia forte de abelhas Apis scutellata, numa colméia Langstroth. Durante a visita os enxames estavam bastante dóceis.
     Segundo o apresentador a produção de mel, na província, é de 600 toneladas anuais, na base de 15/30 kg/ colméia, com cerca de 200 apiários. A principal fonte nectarífera é o Eucalipto, destacando-se a espécie Grandis, seguida de citrus, girassol e os silvestres como Acácia e outros.
 
     Há apiários fixos variando de 10 a 100 colméias, instaladas individualmente. Os enxames são capturados por iscas colocadas em galhos de árvores ou nos telhados. O nível pluviométrico na província gira em torno da média anual de 760mm. Dos apicultores, 10% são profissionais.
 
     Os problemas não são poucos, não bastassem as doenças, como a Varroa Jacobsonni, a E.F.B., a nosemose, traças etc., o furto, e deve ser entendido como qualificado, pois há rompimento ou corte de cercas de 3 metros de altura com alambrado e arame farpado na parte superior, e mesmo assim as ocorrências não cessam.
 
     Em resumo é o que foi dado ver e ouvir nesse XXXVII Congresso.

     Aqueles assuntos, não menos importantes, os captados de oitiva, nas rodinhas dos corredores do congresso foram: 
 
     ----Soube-se que há técnicos apícolas custeados oficialmente pela Suécia trabalhando em pesquisas e ensinando apicultura racional em vários países do contimente africano.
 
     ----Foram levadas abelhas da raça Apis capensis da província de Western Cape para outras províncias e o resultado foi desastroso. A Capensis passou a invadir e atacar outras raças principalmente a Apis scutellata.
 
     Pelo que foi apresentado há que se considerar como bom o congresso. Alguns pequenos senões, não tiram o mérito da comissão organizadora, que pelo visto não poupou esforços.
 
     A falta de um serviço de alto-falante , facilitaria a localização de pessoas, dada a imensidão do local em dois pavimentos; a indicação das placas e cartazes somente no idioma inglês, gerou dificuldades a congressistas mais idosos não familiarizados com o idioma único adotado. O stand da Apimondia só tinha os Anais em CD e em Inglês.
 
     Em “ Questionnaire – Apimondia 2001” esses pequenos senões foram apontados. Como proposta/solicitação para serem eliminados a partir do XXXVIII congresso, na Eslovenia, em 2003.
 
     A APACAME estará lá.
 
     Terminado o congresso, a caravana organizada pela APACAME, visitou os principais pontos turísticos da África do Sul.
 
     Para nós brasileiros, foi uma enorme surpresa a África do Sul. As rodovias de 1o mundo; as edificações com material de qualidade  e bom gosto arquitetônico; as cidades limpas, tráfego fácil, bem sinalizado; Fato notável, em nenhum lugar se viu paredes, muros, placas ou propriedades emporcalhados por pixadores; aparentemente a democracia está funcionando.
 
     O XXXVIII Congresso Internacional de Apicultura – APIMONDIA, será na cidade de Liubliana, na Eslovenia, de 24 a 29 de agosto de 2003. Comece a economizar para poder participar da caravana da APACAME.
 

Na foto os integrantes da caravana da APACAME no Cabo da Boa Esperança, extremo sul do continente africano.


Estivemos Lá......

    O congresso foi realizado em um imponente prédio, com salas com ar condicionado  e som perfeitos. Registramos a presença dos argentinos com 10 stands. Alemães, ingleses, italianos, bastante russos procurando mercado no que se refere a própolis, geléia real e pólen e oferecendo no seu belíssimo stand doses de produtos feitos com os produtos das abelhas.

    Referindo-se à parte técnica eu estava a procura de Tabela de Cor Fund (americana) para a identificação da cor do mel, certificação bacteriológica, concentração de tipos de açucares, análise microscópica, condutividade, resíduos secos, tipos de embalagens, indicação de peso, datas, HMF etc.

    A análise de Proline também me interessou. Proline é o mais importante aminoácido livre no mel, representa em geral, 50 a 80% dos outros aminoácidos. Ele contém parâmetros de qualidade e amadurecimento do mel e, em alguns casos, indicativo na adulteração do mel com açúcar. O critério da qualidade do mel europeu está especificado nas regras do Codex Alimentarius e revisto pela Comissão Internacional de Mel em 1999, sugerindo que os méis genuínos devem conter no mínimo 120mg de proline/kg de mel. Esse assunto foi muito bem colocado na sessão pôster sob o nome “ Proline nos méis Argentinos”.

    Outro item marcante do congresso foi a apresentação de méis envasados em vidros de 0,5 e 1 kg, onde dava-se valor ao estado do mel: liquido como gostam os sul-americanos e os méis cremosos como gostam os europeus, americanos. Com referência a homogeneização para se chegar aos cremosos foi muito bem exemplificado no estande alemão.

    Com os oradores municiados com computadores e com projeções em telas de 2,5 x 2,00 metros numa nitidez espantosa, faziam-se ouvir num silencio absoluto. Aberto o tema as perguntas se desenrolavam com auxilio de um microfone sem fio. Indagados sobre a Locke Americana veio a triste noticia que não tem cura. (a européia sim).

    Lembramos aos colegas apicultores que o mel argentino está com esse problema e o conselho dado pelo orador japonês e outro alemão é que o próprio apicultor, com o seu manuseio, cria problemas e que esse problema deverá ser levado a sério no Brasil e as autoridades competentes tem que ser pressionadas para impedir o transito desse mel, verificando a documentação, a certificação original (análise química e bacteriológica).

    Impressionou-me as salas de conferências onde os participantes sentavam-se à mesas compridas, com copo de água e guloseimas disponíveis e que comportavam até 600 pessoas. O lado negativo é que as comunicações eram lidas somente em Inglês. As traduções vinham com muito atraso. Se os palestrantes liam os seus trabalhos porque não entregavam com antecedência cópias para os tradutores?

    Os Anais, oferecidos somente em Inglês, e a US$ 50,00, quebra qualquer brilho. Porque não em todas as línguas oficiais do Congresso?

    É o meu parecer

    Reynaldo Guilherme Kramer
    Diretor Técnico da APACAME.



 

IMPRESSÕES SOBRE O CONGRESO


Da localização:

    Nunca tivemos localização melhor do nosso hotel com referência ao Congresso. Na Bélgica atravessamos uma pequena praça, no Canadá uma rua e em Durban, na África o nosso hotel fazia parte do complexo ICC onde o Congresso  era realizado.

Do Congresso:

    Dos congressos internacionais dos quais participamos, este foi o menos concorrido, tanto pelo número de congressistas e sobretudo o de expositores.

Inconformismo:

    Não me conformo com congressos nos países de língua inglesa. Para eles todos têm  obrigação de falar o Inglês, mas eles não falam nem entendem nenhuma outra língua.

Um caso:

    Assistindo à uma conferência de uma venezuelana, que também só falava em castelhano, vi a consternação da mesa quando uma assistente fez a pergunta em francês. Por sorte havia à mesa um que falava em francês, este traduziu a pergunta em inglês ao acompanhante da conferencista, à qual foi traduzido em espanhol. A resposta seguiu o mesmo trâmite, só que sentido oposto.

    Terminada a conferência, fui externar ao integrante da mesa, o meu inconformismo da única língua nos países de língua inglesa. Ele respondeu-me que a tradução em outras línguas seria muito caro. Então retruquei: por acaso nossa inscrição no congresso foi barato? Ele sacudiu a cabeça em sinal de aprovação e disse: Que vais-je faire? Que posso fazer?

    Esse senhor integrando a mesa, deveria saber o que poderia e deveria fazer.

    João Sobenko
    Membro do Conselho Técnico da APACAME.


 
 



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