Artigo
 


USO DO PRÓPOLIS COMO INIBIDOR DA GERMINAÇÃO DE ESPOROS DE
Hemileia vastatrix .

 Cassiano  Spaziani  PEREIRA1; Aparecida G. ARAUJO2; Rubens José GUIMARÃES3; Leandro Carlos PAIVA4
1.Eng o Agrônomo / UFLA - Universidade Federal de Lavras- MG; C.P  37, CEP37.200000, Lavras /MG;fone : (035) 99791192 e–mail :caspaziani@bol.com.br.
2.Eng a  Agr a / UFLA – Universidade Federal de Lavras- MG; C. P. 37, CEP 372000-000, Lavras-MG; Email agaraujo85@hotmail.com.br
3. Professor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras; Email: rubensjg@ufla.br .
4. Aluno do curso de Mestrado em Agronomia/ Fitotecnia da Universidade Federal de Lavras; leandrocpaiva@zipmail.com.br

Introdução:

    A cultura do café é a principal geradora de divisas e empregos na região sul de Minas Gerais é também um dos principais produtos de exportação do Brasil. A ferrugem do cafeeiro é uma das principais doenças do cafeeiro, causadora da baixa produtividade,  provocando desfolha intensa e podendo até levar as plantas à morte. Atualmente existem no mercado, inúmeros agrotóxicos registrados no Ministério da Agricultura para o controle da ferrugem, porém é cada vez mais exigido pelos consumidores, o uso de produtos menos tóxicos e de menor impacto ambiental. A cafeicultura orgânica atualmente é uma realidade no mercado mundial, com crescente demanda pelo café orgânico, que além de possuir  características próprias de produção, devem contribuir para a maior preservação do meio ambiente e da melhoria de vida das pessoas que nela trabalham. Assim tem sido grande a demanda de defensivos naturais alternativos  para tornar esse tipo de exploração  possível e sustentável do ponto de vista econômico e ambiental, no manejo de pragas e doenças. O própolis é um produto extraído de criatórios de abelhas, que diluído é utilizado para inúmeras finalidades, inclusive para a cura de algumas doenças humanas segundo a “medicina popular”. O que levou a realização deste experimento foi um trabalho de Lindefelser (1967) , citado por Ghisalbert (1979)  e Iraídes (1999), que avaliou a ação do própolis no controle de bactérias. Neste trabalho testou-se 15 amostras de extrato de própolis de diferentes partes dos EUA e os resultados mostraram que 25 de 39 espécies de bactérias foram inibidas na presença do própolis . O Bacillus lavae foi fortemente inibido e das 39 espécies de fungo , 20 foram inibidas . Com isso obteve-se os primeiros indícios de que o própolis poderia ser usado com sucesso no controle fitossanitário do cafeeiro.

    Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do própolis como agente de controle da germinação dos esporos do fungo da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix ), levando-se em conta a hipótese do poder fungicida pouco conhecido do mesmo.

Material e Métodos:

    O experimento foi conduzido no laboratório de fisiologia do parasitismo , do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras no mês de agosto de 2001. Para o respectivo ensaio foi realizado um “teste de germinação”, em que foram testadas as seguintes concentrações: 0 (testemunha), 1, 2, 4, 8 e 16 ml de própolis por litro d’água destilada e esterilizada. Utilizou-se ainda a solução de esporos na concentração  de 2,0 ´104 esporos de ferrugem /mL de água e em cada espaço da lâmina  foram misturadas as soluções de própolis e de esporos em quantidades iguais de 30 mlitro. As repetições foram realizadas em lâminas escavadas onde as mesmas ficavam sobre suportes dentro de placas de petri e contendo também papel de filtro umedecido para manter a temperatura a 25 oC , como determinado em literatura.(Nojosa e Resende), O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com 6 tratamentos e 6 repetições. As avaliações foram realizadas observando-se 15 horas após inoculação, sendo que durante este período os tratamentos ficavam na ausência de luz, pois sabe-se que a ferrugem germina somente á noite. Sendo  as contagens, tanto de esporos iniciais como de germinados, realizadas em uma câmara de NewBaumer, obtendo-se os  resultados apresentados posteriormente :

Resultados e discussão:

    Na tabela 1 são apresentados os dados da análise de variância.

    Tabela 1: Análise de variância para os dados de germinação dos esporos de ferrugem na presença de própolis. UFLA, Lavras, 2001.

Variável GL QM Pr > FC 
Própolis 2 1334.722222 0.0000
Erro 15 14.377778  
Total 17 2885.111111  
                    CV (%) = 27,52

    Tabela 2 : Dados médios de porcentagem de esporos de Hemileia vastatrix germinados na presença de diferentes doses de própolis. UFLA, Lavras, 2001.

Tratamentos Médias %
Testemunha 0 mL/ litro 10.16
1 mL/ litro 30.16
2 mL/ litro    1.00
4 mL/ litro 0.00
8 mL/ litro 0.00
16 mL/litro  0.00

 


Figura 01. Gráfico da regressão da % de Germinação de esporos de Hemileia vastatrix .

    Pelos dados apresentados na tabela 2, nota-se que o tratamento testemunha e o que correspondia à diluição de 1mL/ litro não foram eficientes no controle da germinação de esporos de Hemileia vastatrix , mas a partir da diluição de 2 mL/ litro o controle foi de mais de 99%, como a partir de 4mL/litro a germinação dos esporos foi de 0 % ,  a estatística realizada limitou – se a tratamentos que não foram nulos em termos de germinação.

    No tratamento de 1mL de própolis/Litro, notamos um aumento do percentual de germinação dos esporos, porém com hifas pouco desenvolvidas, mostrando Ter ocorrido uma ação da própolis no desenvolvimento dessas, mas que necessita de futuros experimentos para entendermos melhor essa interferência.

CONCLUSÃO:

    A partir da concentração de 2 mL de própolis por litro d’água , o controle de germinação de esporos da ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix ), é superior a 99%, dosagem que mostra a viabilidade do mesmo em uso agrícola como fungicida natural para fins de cafeicultura e também agricultura orgânica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESENDE, I.R., Avaliação do resíduo da extração da própolis para rações de frangos de corte. Lavras-MG: UFLA, 1999, 40p. (Dissertação de Mestrado).

RESENDE, M.L.V.; NOJOSA, G.B.A.; AGUILAR, M.A.G.; SILVA, L.H.C.P.; NEILLA, G.R.; CARVALHO, G.A.; GIOVANINI, G.; CASTRO, R.M., Perspectivas da indução de resistência em cacaueiro contra Crinipellis perniciosa .através do benzotiadiazole(BTH). Fitopatologia Brasileira., v 25 , n.2 , p.149-156, 2000.

NOJOSA, G.B.A., Participação de fenóis e enzimas oxidativas nos mecanismos bioquímicos de resistência constitutiva e induzida do cacaueiro (Theobroma cacao L.) à Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer. Brasília –1999.


 
 

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