Artigo


ACEITAÇÃO DOS QUADROS DE PVC
POR ABELHAS Apis mellifera
NA REGIÃO DO BREJO PARAIBANO

Adriana Evangelista1; Eva Mônica S. da Silva2; Herlayne K. M. Dantas3

1: Professora Doutora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba/CAMPUS III -adriana@cca.ufpb.br
telefone 0XX83 3622300 ramal 228-Areia-PB
2 e 3: Graduandas em Zootecnia/ estagiárias em Apicultura
 


INTRODUÇÃO

      A Universidade Federal da Paraíba, Campus III na cidade de Areia, conta com um módulo de Apicultura onde desenvolve-se trabalhos visando buscar tecnologias para a melhoria da atividade junto ao produtor e ao mesmo tempo difundir a criação de abelhas como atividade nas diversas propriedades da região. Em função disso, recebemos como doação quadros de PVC para serem testados junto às colmeias, para se conhecer a realidade no campo.

      É sabido que para a criação de abelhas Apis mellifera utiliza-se uma caixa padrão conhecida como Langstroth que possui os seguintes compartimentos: fundo, ninho, melgueira e tampa. O ninho e a melgueira são compostos por quadros onde as abelhas puxam, à partir da cera alveolada, os alvéolos onde serão depositadas as crias e o mel respectivamente. A cera alveolada poupa trabalho das abelhas e ganha tempo na produção de mel. Esta consiste em uma lâmina de cera de abelha prensada, que apresenta, de ambos os lados,  o relevo de um hexágono do mesmo tamanho do alvéolo, que servirá de guia para a construção dos alvéolos dos favos.

      No entanto, para o produtor, preparar a cera alveolada consiste em um trabalho de derreter ,em banho-maria, a cera armazenada, preparar as lâminas com um molde de madeira e passar por um cilindro com a matriz alveoladora. Estas lâminas são então fixadas nos quadros de madeira e levadas para as colmeias. Um outro ponto a ser comentado a respeito dos quadros é a vida útil destes em função da utilização para a produção e da retirada do mel em seguida. Todas as vezes que um quadro se danificar, este deve ser descartado, sua cera derretida e outro novo deve substituí-lo na colmeia.

      Pensando em diminuir o trabalho do produtor e aumentar a praticidade da produção de mel, empresários criaram o quadro de PVC. Como características positivas, o quadro sendo do material descrito, torna-se resistente ao manuseio e à produção e também elimina o trabalho do produtor em ter que produzir lâminas alveoladas para a colocação no quadro, visto que, estes quadros de PVC já vem alveolados como pode ser visto na Figura 1.

      Com base no que foi descrito, este trabalho teve como objetivo avaliar a aceitação das abelhas A. mellifera pelos quadros de PVC em substituição aos quadros tradicionais de madeira com cera alveolada, visando passar ao produtor, dados de pesquisa sobre este novo produto.
 


MATERIAL E MÉTODOS

      O trabalho foi desenvolvido no módulo de Apicultura e Sericicultura do Centro de Ciências Agrárias / Campus III  da Universidade Federal da Paraíba localizado na cidade de Areia. A região é denominada como região do Brejo por apresentar temperatura amena e um ótimo índice pluviométrico. Esta região possui, às margens da Universidade, uma reserva florestal, provavelmente um rico pasto apícola para as abelhas africanizadas e nativas.

    Para o experimento foram utilizadas 11 colmeias do tipo Langstroth povoadas com Apis mellifera, as quais foram consideradas como padrão em produção no módulo de Apicultura.

    Para o teste de aceitação dos quadros, utilizou-se os quadros de PVC como são produzidos, quadros de PVC pincelados com cera de abelha derretida e quadros de madeira com cera alveolada, perfazendo 3 tratamentos utilizando-se 33 quadros em 11 colmeias. Em cada colmeia, na melgueira completa com 10 quadros de madeira, 3 destes quadros foram substituídos pelos quadros dos tratamentos, ou seja, 1 quadro de PVC sem cera, 1 quadro de PVC pincelado com cera e 1 quadro padrão com cera alveolada. Para os dados de observação, as colmeias foram visitadas a cada 15 dias, iniciando-se em 27/10/1999 e terminando em 03/01/2000 ; os quadros foram divididos em 5 partes e a cada parte aceita pelas abelhas foi estipulado o valor de 0,5 e portanto um quadro completo teria o valor 2,5, valores estes adotados apenas para facilitara tomada de medida da aceitação. Os dados observados foram anotados em planilhas para posterior análise.

RESULTADOS e DISCUSSÃO

  De acordo com os dados observados, verificou-se o que se segue na Tabela 1.
 

TABELA 1: Nível de aceitação dos quadros de PVC pelas abelhas africanizadas.
CAIXAS/ 
QUADROS
OBSERVAÇÕES
  1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
C1Q1 0 0 0 0 0
C1Q2 0 0 0 0 0
C1Q3 0 0 0 0 0,5
C2Q1 0 0 0,5 1 1,5
C2Q2 0 0 0 0 0
C2Q3 0 0 0 0,5 1
C3Q1 0,5 1 1,5 2 2,5
C3Q2 0 0 0 0 0
C3Q3 0,5 1 1,5 2 2,5
C4Q1 0 0 0,5 1 1
C4Q2 0 0 0 0 0
C4Q3 0 0 0 0,5 0,5
C5Q1 0 0 0 0 0,5
C5Q2 0 0 0 0 0
C5Q3 0 0 0 0 0,5
C6Q1 0 0 0,5 1 1
C6Q2 0 0 0 0 0
C6Q3 0 0 0 0 0
C7Q1 0 0 0 0 0,5
C7Q2 0 0 0 0 0,5
C7Q3 0 0 0 0 0,5
C8Q1 0 0 0 0 0
C8Q2 0 0 0 0 0
C8Q3 0 0 0 0 0,5
C9Q1 0,5 1 1,5 2 2,5
C9Q2 0 0,5 1 1,5 2
C9Q3 0 0,5 1 1,5 2
C10Q1 0,5 1 1,5 2 2,5
C10Q2 0 0 0 0 0
C10Q3 0 0 0 0 0
C11Q1 0,5 1 1,5 2 2,5
C11Q2 0 0 0 0 0
C11Q3 0 0 0 0,5 1
Q1:PVC C/CERA ; Q2: PVC ; Q3: ALVEOLADO
 

      Pelos resultados observa-se que as abelhas demoraram para começar a puxar os 3 quadros, tanto os de PVC como o quadro padrão. Pode-se observar que houve diferença de aceitação entre as colmeias, vendo-se que as colmeias de número 3, 9, 10 e 11 apresentaram melhores resultados, tendo em vista que as abelhas puxaram completamente o quadro de PVC pincelado com cera, no entanto, o quadro de PVC sem cera não teve boa aceitação, com exceção da colmeia 9 onde ele foi parcialmente preenchido pelas abelhas. Quanto ao quadro de cera alveolada padrão, pode-se observar que houve uma preferência das abelhas para com o quadro de PVC com cera, com exceção da colmeia 3 onde os dois tiveram o mesmo nível de aceitação.

      Observa-se ainda que o quadro de PVC pincelado com cera, foi aceito à partir da 1ª observação, ou seja, 15 dias após instalado o experimento, pelas abelhas das colmeias de número 3, 9, 10 e 11.

      De acordo com as observações, percebe-se que os quadros de PVC como fabricados não são aceitos pelas abelhas, necessitando serem pincelados com cera  para que elas identifiquem. A título de conhecimento, em um pré-ensaio, as abelhas de 5 colmeias rejeitaram por completo os quadros de PVC quando substituíram os quadros tradicionais, não confeccionando suas células à partir do quadro, apesar de serem alveolados.

      Desta forma, com os dados que temos aqui, sugere-se que para o uso pelos produtores destes quadros de PVC, necessário se faz a utilização da cera derretida para pincelar a parte alveolada dos quadros, que talvez pela identificação do odor, as abelhas tenham uma aceitação melhor. Vale ressaltar que novas pesquisas estão sendo conduzidas, inclusive, em outras épocas do ano, para se verificar com exatidão a aceitação dos quadros de PVC pelas abelhas, inclusive porque o seu uso reduziria o trabalho do apicultor com relação ao manejo dos quadros.

      Para maiores esclarecimentos, colocamo-nos à disposição pelo e-mail, carta ou telefone.
 


LITERATURA CONSULTADA

ABREU, J.M de M.(coord). APRENDA A CRIAR ABELHAS. Biblioteca VIDA – um guia de auto-suficiência. Ed. Três. 80p. 1986.

COUTO, R.H.N.; COUTO, L.A. APICULTURA: MANEJO E PRODUTOS. Jaboticabal: FUNEP, 1996. 154p.


 
 

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