Artigo
 


Controle do Forídeo
(Pseudohypocera kertesi)

AIDAR, Davi Said. Pós-Doutorando (FAPESP). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, Departamento de Genética e Matemática Aplicada à Biologia, Laboratório de Gerontogenética. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto, SP. Tel. 16-6023030.
 

INTRODUÇÃO

     O forídeo é um díptero que se alimenta de material orgânico em decomposição (frutas, pincipalmente). A fase larval adaptou-se muito bem ao consumo de pólen e larvas de meliponíneos. O adulto quando entra na colônia de abelhas, põe seus ovos preferencialmente no pólen armazenado pelas abelhas ou em favos de crias destruídos pelo manejo inadequado. As larvas dos forídeos alimentam-se de pólen, larvas e pupas de abelhas, causando sérios danos à colônia. Caso o meliponicultor não cuide das colônias afetadas, eliminando o parasita, ela morrerá após alguns dias de infestação.
    Cada forídeo põe até 70 ovos, que em 3 dias desenvolvem-se em indivíduos adultos. Uma colônia infestada por forídeos é fonte de infestação no meliponário. Desta forma, esta colônia deve ser tratada ou eliminada o mais rápido possível.


MÉTODOS
 

 Três fases compreendem o ataque de forídeos a uma colônia de meliponíneo. Mediante esta divisão em 3 fases, devem ser empregados os métodos de manejo para controle.

    A. Fase inicial

    A.1. Diagnóstico: Alguns forídeos caminham pelas paredes internas da colmeia (5-10), podendo haver larvas na lixeira mas não nos potes de alimento.

    A.2. Tratamento.
    A.2.1. Levar a colmeia para dentro de um cômodo fechado e assoprar várias vezes por entre os potes de alimento e pelo invólucro do ninho, até saírem todos os forídeos.
    A.2.2. Cobrir a lixeira com uma camada de sal comum de 0,3 cm de altura e levar a colmeia para seu local de origem.
    A.2.3. Matar os forídeos que ficaram presos no cômodo; a maioria pousa no teto e são fáceis de serem mortos.
    A.2.4. Repetir a operação A.2.1. duas vezes ao dia durante 3 a 4 dias.

    B. Fase intermediária

    B.1. Diagnóstico: muitos forídeos (+ de 20) caminham nas paredes internas da colmeia; larvas no piso, parede e lixeira da colmeia; podendo haver casulos de forídeos; não há larvas nos potes de alimento.

    B.2.Tratamento.
    B.2.1. Levar a colmeia para dentro de um cômodo fechado e assoprar várias vezes por entre os potes de alimento e pelo invólucro do ninho, até saírem todos os forídeos.
    B.2.2. Realizar limpeza no piso da colmeia e esmagar todos os casulos e larvas.
    B.2.3. Cobrir o piso da colmeia com camada de sal de 0,3 cm de altura.
    B.2.4. Repetir a operação A.2.1. duas vezes ao dia durante 4 ou mais dias, até desaparecerem os forídeos. Enquanto estiver aparecendo forídeos adultos, possivelmente existem mais casulos na colméia ou os forídeos estão vindo de outro local.

    C. Fase terminal

    C.1. Diagnóstico: muitos forídeos dentro da colmeia (+ de 50), principalmente na face interna da tampa; larvas e casulos espalhados; potes de alimentos infestados por larvas e alguns com aparência úmida na região externa; a rainha cessa a postura.

    C.2. Tratamento.
    C.2.1. Preparar uma nova colmeia para receber a colônia infestada que será desmembrada e transferida.
    C.2.2. Levar as duas colmeias para um cômodo fechado.
    C.2.3. Transferir para a nova colmeia apenas os favos de crias claros (nascentes), rainha e abelhas. Alimentar com xarope, em potes artificiais apenas para o suprimento diário da colônia que será alimentada diariamente até o desaparecimento de todos os forídeos.
    C.2.4. A antiga colmeia deverá ser desinfetada com fogo (flambar com álcool ou com maçarico) e os forídeos restantes no cômodo fechado deverão ser mortos.

    D. Profilaxia

    D.1. Quando a colônia estiver infestada por forídeos, nunca deixá-la aberta nas imediações do meliponário para não contaminar o ambiente.
    D.2. Manter o meliponário sempre limpo, livre de material em decomposição e restos de colônias mortas ou colmeias desabitadas com restos de colônias: cera, potes de alimento vazios, favos de crias, etc.
    D.3. As colônias iniciais deverão estar sempre populosas (mais de 180 campeiras) e sem potes de pólen.
    D.4. Não danificar potes de pólen e de crias durante as revisões das colônias.
    D.5. A alimentação artificial deve ser progressiva (conforme o crescimento da colônia aumenta-se a quantidade de alimento fornecida) para evitar excesso de alimento dentro da colmeia.
    D.6. O próprio meliponicultor pode proporcionar condições favoráveis aos forídeos quando não adota hábitos de higiene com relação aos resíduos de colônias mortas ou manipuladas. Restos de cera e colmeias velhas abandonadas são abrigos para os forídeos.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Aidar, D.S. 1996. A Mandaçaia. Biologia de abelhas, manejo e multiplicação artificial de colônias de Melípona quadrifasciata Lep. (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Séries Monografias 4, Sociedade Brasileira de Genética, 104p.

Aidar, D. S. 1999. Variabilidade genética em populações de Melípona quadrifasciata anthidioides Lepeletier e Tetragonisca angustula angustula Latreille (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae). Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP. Tese de Doutorado, 67p.

Aidar, D.S. 1999. Coleta de Ninhos de Jataí (Tetragonisca angustula). Fundação Acangaú, Paracatu, MG, 32p.

Nogueira-Neto, P. 1997. Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. Editora Nogueirapis, São Paulo, SP, 445p.

Kerr, W.E. 1996. Biologia e manejo da tiúba: A abelha do Maranhão. EDUFMA, São Luis, MA, 156p.


 
 

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