Artigo
 
 
UM ALIMENTADOR DE GAVETA SEM TELA QUE FUNCIONA
TAMBÉM COMO EXCLUIDOR DE RAINHA 1,2
 
Prof. William Ramírez B. 3
 

1  - Este trabalho foi apresentado originalmente na American Bee Research Conference, realizada em 1998 em Colorado Springs, Colorado, E.U.A.
2  - Traduzido do espanhol por Etelvina C. Almeida da Silva. IZ/Centro de Apicultura Tropical. Cx. postal 176, Pindamonhangaba, SP
3. - Escola de Fitotecnia da Universidade da Costa Rica. A. C. FAX (506) 207-4141
 
     Não é um segredo para qualquer apicultor que tenha trabalhado com abelhas africanizadas, seu comportamento defensivo quando as colônias são abertas por qualquer motivo, sua tendência a produzir enxames reprodutivos quando se trabalha com câmaras de cria pequenas, e sua tendência a pilhagem e ao abandono durante as épocas de pouco fluxo de néctar, a não ser que sejam alimentadas ou se lhes deixamos suficientes reservas de mel.
 
     Sabe-se que a tela excluidora de rainhas as vezes atua como um obstáculo para que as abelhas armazenem mel nas melgueiras; isto leva a uma acumulação de mel e néctar na câmara de cria, a qual se bloqueia, incitando a enxameação reprodutiva. Por outro lado a tela excluidora de rainha conduz á produção de mel mais puro e límpido porque não há presença de cria nem pólen nas câmaras de mel, o que leva à economia de tempo: não há necessidade de escolher e excluir os favos de cria na hora da colheita ou extração de mel.
 
     Este artigo apresenta um alimentador de gaveta, de fácil confecção, que se coloca sobre a câmara de cria, funcionando também como excluidor de rainha e tem outras funções, que facilitam o trabalho do apicultor, economizando tempo, dinheiro e problemas. Devido a tendência das abelhas africanizadas de defender sua colônia quando esta é aberta, assim como sua tendência a pilhagem durante a extração de mel ou quando são alimentadas durante as épocas de escassez de néctar no campo; o autor desenhou um alimentador de gaveta que se coloca sobre a câmara de cria e debaixo da cobertura, expondo muito poucas abelhas, quando se abre a colmeia para extrair mel ou para alimentar.
 
     O alimentador (Fig. 1) consiste em um retângulo de madeira com as dimensões externas da caixa standard, com quatro centímetros de profundidade e dois centímetros de espessura. Tem internamente uma bandeja (“charola”) de metal ou plástico que deixa na  frente um espaço livre de quatro centímetros de largura para que as abelhas passem ao alimentador ou às alças de mel (veja na figura).Apesar da existência desse espaço sem tela, as rainhas geralmente não passam até as câmaras superiores devido à ausência de favos contínuos, (especialmente favos de cria entre ao ninhoe as melgueiras). O alimentador tem uma tábua móvel (Fig. 1.D) que divide herméticamente a seção posterior, permitindo alimentar com xaropes ou líquidos. Esta tábua deve ser removida para alimentar com sólidos.
 
    O alimentador – excluidor tem outras utilidades: 1) atua como um espaço superior isolante de ar durante as épocas quentes ou frias; 2) detém a água que se infiltra por cima ou lateralmente na tampa superior da colmeia; 3) permite a alimentação com xarope de açúcar e outros líquidos, com açúcar umedecido, sobras de confeitarias, outros produtos líquidos ou sólidos e suplementos de pólen; 4) não expõe todos os favos nem as abelhas durante o trabalho de alimentação ou a retirada das melgueiras, daí que se usa menos fumaça; 5) não é necessário retirar favos da câmara de cria ou da alça para introduzir o alimentador, como ocorre quando se usa alimentadores de divisão; 6) quando as caixas com favos extraído são colocadas sobre o alimentador depois da última extração, as abelhas removem muito rapidamente todo o mel que fica aderido e retornam à câmara de cria, deixando os favos limpos de resíduos de cera, mel e traça de cera, prontos para serem armazanados; 7) quando o alimentador é usado sobre uma câmara de cria composta por duas caixas standard, tipo Langstroth não se produz enxameação reprodutiva; 8) quando os favos falsos com néctar, mel ou cria são colocados no alimentador, as abelhas removem o néctar ou o mel e o carregam para a câmara de cria, ou cuidam das crias até que se transformem em adultos, deixando os falsos favos limpos para a fundição; 9) facilita a introdução o tabuleiro com o escape Porter assim como, o movimento das abelhas na câmara de cria quando se usa repelentes para extrair os favos de mel; 10) atua como uma câmara de ar entre a câmara de cria e a melgueira, a qual facilita a ventilação e a regulação da temperatura; 11) funciona como um quadro telescópico, que deixa um espaço para aplicar fumigantes ou líquidos dentro da colmeia para combater ácaros parasitas: 12) facilita a alimentação interna da colônia, por não ter que se abrir completamente a colmeia; 13) não se produz esfriamento, superaquecimento, ou muita exposição das abelhas quando se abre a colmeia, o que evita o abandono; 14) permite o uso de colônias com duas rainhas funcionais, uma embaixo e outra sobre do alimentador; 15) finalmente permite unir exames africanizados silvestres a colônias débeis com o objetivo de aumentar a população e introduzir novas rainhas, quando os enxames são alojados em alças, sobre o alimentador.
 
 

Figura 1 - Perspectiva do alimentador de 
gaveta sem tela
A: 41,5 cm
B: 51,0 cm
C:   4,0 cm
D: Táboa divisória para alimentação com alimento líquido
E: Gaveta para o alimento
 
 

 
 
 
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