Abelhas Nativas
 
 

 MELIPONICULTURA

( CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO)

 
Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME
    Na edição próxima passada, falamos da implantação da divisão de família ( colônias). Nesta edição, trataremos da Alimentação e Alimentadores para Meliponíneos.

 
    Como todo apicultor sabe que, na escassez de alimentos (néctar e pólen), torna-se necessário alimentar as abelhas principalmente no inverno e na época de muita chuva. No caso das abelhas indígenas sem ferrão não é diferente, temos que recorrer à alimentação artificial para a manutenção de uma razoável taxa de construção de células, estimular a postura da rainha e ao mesmo tempo o desenvolvimento das crias.

    Podemos oferecer às abelhas esses alimentos de várias maneiras:

    a) - XAROPE: O xarope é uma mistura de açucar (cristal) com água fervida. A concentração dessa mistura dependerá da espécie a ser alimentada. Podemos determinar a concentração desse xarope através de um teste muito simples: Prepara-se o xarope em diversas concentrações de açúcar 50% - 60% - 70% - 80%.

    Coloca-se o xarope num alimentador feito de uma mangueira transparente (conforme ilustração), e vedada nas duas extremidades com algodão que deverá ser embebido no alimento. Usar de preferência algodão de paina (Chorisia speciosa).

    Coloque os quatro alimentadores, um com cada uma das concentrações acima, no interior da colmeia, (na alça) (melgueira) e após meia hora observe qual deles foi mais consumido. Este método é apenas um exemplo, existem vários outros que podem ser adotados. Uma vez selecionada a concentração do xarope, adequado à colônia, passe a utilizá-la quando necessário.

    b) - CANDI: O candi é uma pasta cremosa, feita de uma mistura de mel com açúcar na proporção de 2 : 1 e levada ao fogo brando até dar ponto. Após resfriar coloque esta pasta na região dos potes da colônia. Faça esta operação com o máximo de higiene possível para evitar o ataque de predadores e a contaminação do alimento.

    Como vimos, o alimento artificial pode ser preparado de várias maneiras. Há meliponicultores que empregam o mel de Apis para alimentar as nativas (indígenas); eu desaconselho, mas não podemos descartar a idéia baseando-se na experiência do Prof. Dr. Kerr, que utiliza o mel de Apis em seu meliponário localizado em Uberlândia -MG.

    Pois bem, até agora falamos da alimentação energética, mas como não poderia deixar de ser é preciso falar também sobre a alimentação protéica.

    Existem várias formas de se oferecer alimentação artificial a base de proteínas e vitaminas, em substituição ao pólen. Vamos dar alguns exemplos: primeiramente podemos oferecer o próprio pólen da mesma espécie, caso haja em abundância no seu meliponário em famílias fortes; em segundo lugar, como no caso dos energëticos, podemos procurar outras fontes de proteínas que enumeramos a seguir: leite em pó; farinha de soja; Meritene pó (encontra-se nas farmácias)e até mesmo pólen de Apis moído em liqüidificador (pó), colocado em potes vazios da espécie a ser alimentada, em pelo menos 1/3 dos potes, ou em potes feitos com cera de Apis (fechado).

    NOTA:  Para dar xarope de reforço às colmeias mais fracas, o meliponicultor pode oferecer o xarope, pelo menos, um mês de antecedência as grandes floradas.

ALIMENTADORES: Modelos

    Estes modelos são usados por inúmeros pesquisadores e meliponicultores.

    Consiste num pedaço de mangueira de 1 / 2 polegada de diâmetro por 10 centímetros de comprimento, tapado com rolha nas duas extremidades.

    Cortamos a mangueira no sentido longitudinal, a 1 centímetro a frente de cada rolha, formando um cochinho. Devemos preenche-lo com algodão ou paina embebido em xarope e introduzi-lo na gaveta superior da colmeia. A cada três dias devemos retirá-lo, lavá-lo bem, para daí sim dar novo alimento. Fazemos isso para que o alimentador não crie fungos.
 
 


  

Alimentador com xarope em copo 
plástico e algodão
 

    Meliponicultor, a alimentação artificial além de necessária dá excelentes resultados, fato este muito observado e pesquisado.
 
    A alimentação deve ser bem dosada, de acordo com a espécie de abelha, e não se deve alimentar uma colônia mais que uma ou duas vezes por mês, para não sobrecarregar o armazenamento do alimento e não provocar sua fermentação. Devemos observar também, que existem espécies que não aceitam alimentação artificial, sendo necessário, recorrer a transferência de alguns potes de alimento de colônia que os tenha em excesso, e que seja da mesma espécie.

 

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