Abelhas Nativas
 

MELIPONICULTURA

(CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO)

Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME

    Na edição próxima passada, falamos do manejo da colmeia no meliponário. Nesta edição, trataremos da Divisão da Família (colônias).

    Em meliponicultura, tal qual em apicultura, podemos multiplicar os enxames, através da divisão das colônias, com isto promovendo o seu desenvolvimento.

    A divisão da colônia somente deverá ser feita quando a mesma estiver bastante forte, em épocas propícias. A melhor época para a divisão é durante as grandes floradas, principalmente na primavera.

    No universo das abelhas indígenas (nativas), principalmente na tribo dos Trigonini, elas constróem, geralmente, células reais na periferia dos favos. Citamos como exemplo: Abelha Jataí, Arapuá, Iraí, Mandaguarí etc. Logicamente sem uma realeira ou uma rainha não há condições de fazermos a divisão. Muitas vezes essas rainhas quando nascem, ficam reclusas em potes modificados chamados de células de aprisionamento cercadas por operárias. Normalmente as realeiras de que falamos medem aproximadamente 5mm de comprimento e 4mm de diâmetro(Células Reais).

    Já nas abelhas de porte maior, como a Uruçu, Mandaçaia, Jandaíra, da tribo dos Meliponini elas não constróem realeiras, as rainhas nascem de células iguais as das operárias e vivem livres pela colônia e são facilmente reconhecidas; o que determina este fenômeno são fatores genéticos.

    A primeira atenção que devemos ter para com a divisão de uma colônia é a presença ou não de células reais, rainhas virgens (princesas) ou até mesmo com rainhas fecundadas (fisogástricas).

   Pois bem, escolhemos um dia quente e claro e com ausência de ventos, que é ideal para verificarmos o ninho.

    Iniciamos o processo retirando a cera (invólucro) que envolve o ninho(crias), em seguida, como dissemos anteriormente, observamos se há realeiras ou mais de uma rainha. Se houver realeiras as encontraremos nos favos centrais, teremos alguma dificuldade no início, mas com dedicação e paciência conseguiremos. Encontrando a realeira, devemos retirá-la juntamente com o favo na qual ela se encontra. Em seguida, retiramos mais 4 (quatro) favinhos de cria ( favos claros) colocando-os na caixa definitiva. Não devemos mexer nos favos escuros. Devemos colocar na caixa alguns potes de mel e pólen intactos. Não devemos colocar potes abertos ou com vazamento. Descartar batume ressecados, aproveitar somente o batume em bom estado, tomar cuidado para não ferir os favos escuros e principalmente os potes de pólen para não receber o ataque de Forídeos (mosquitinho rápido) que pode dizimar totalmente as colônias, procurar não derramar mel que poderá afogar as abelhas.

    Para concluir: Retiramos o canudo de cera da colmeia (mãe) colocando-o na entrada da nova caixa (filha), em seguida levamos a colmeia(mãe) à uma distância mínima de 50 metros. Como vimos, a nova caixa que ficará no local da caixa (mãe), passará a se chamar caixa(filha), onde se formará nova família com as abelhas esvoaçantes(campeiras) e em poucos dias nascerá a nova rainha e assim teremos uma nova colmeia.

    Observação: temos que ter o cuidado de colocar a caixa nova(filha) na mesma altura, direção, posição e local onde se encontrava a colmeia(mãe) para não desnortear as campeiras.

    Prática: Colmeia (mãe) mudará de local e ficará com a rainha antiga, favos de crias novas, abelhas aderentes, pólen e mel.

    Colmeia (filha) ficará com a rainha nova, ou realeiras, favos de crias nascentes, campeiras, pólen e mel.

    Quando da montagem dos favinhos na nova caixa(filha), colocamos entre um e outro, pequenas bolinhas de cera para que as abelhas possam transitar entre os mesmos.

    Feito isso, fechamos a caixa (mãe) e vedamos todas as frestas com fita crepe, tapamos a entrada com tela de metal e tranferimos a caixa à distância já mencionada, assim permanecendo por dois dias.

    NOTA: Nas colônias da tribo melipinini, não devemos nos preocupar. A simples tranferência de alguns favos maduros (crias nascentes) garante a presença de rainhas virgens na colônia (filha), geralmente uma média de 15%.
 

PROCESSO DE MULTIPLICAÇÃO COM RAINHA
 
    Entre este processo e o primeiro, existe pouca diferença, se a colmeia ( família) que foi aberta, tiver mais de uma rainha, que é bem possível, capturamos uma delas prendendo-a numa caixa de fósforos vazia, ou em um Bob de cabelo. Tome cuidado de não tocar a rainha com as mãos, use um pedaço de cera.

    E seguida transferimos quatro favinhos de cria, alguns potes de mel e pólen (intactos) e parte do batume, tudo para a caixa nova(filha), soltamos a rainha na caixa e transferimos a colmeia (mãe) à 50 metros de distância e mantemos com a caixa o mesmo procedimento do método anterior.

    EM TEMPO: Feita a transferência vede ambas as caixas com fita crepe.
 

 

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