Tecnologia Apícola
 

 CERA:  –  MELHOR  APROVEITAMENTO

Autor – Radamés Zovaro
 Apicultor, Empresário Apícola  e Diretor da Apacame
E-mail: zovaro@zovaro.com.br
 
        Na reunião plenária do dia 04 de novembro de 1998, tivemos a grata satisfação de assistir a uma aula sobre o tema "Cera: Melhor aproveitamento", proferida pelo nosso associado e diretor da APACAME, Sr. Radamés Zovaro.  
Nosso companheiro Radamés, durante a palestra.
O tema da palestra despertou grande interesse entre os associados.

       O apicultor normalmente não dá tanto interesse a cera com  relação ao seu aproveitamento, ou recuperação, talvez pelo fato de que a purificação é um serviço muito trabalhoso e de poucos resultados práticos. Esse fato é notório, visto que grande parte dos apicultores não recuperam a cera raspada das tampas  ou de pequenos favos feitos pelas abelhas.
 
       Outra forma também de se perder cera é com relação a troca dos favos velhos, isto é uma opção de manejo, mas se trocar os  favos com maior rapidez, ganha-se em muito não só na cera mas também no melhor funcionamento da colmeia:

      - De acordo com o uso do favo pela postura da rainha os alvéolos se tornam menores e  o sextavado deixa de existir, formando-se um círculo, com isso a larva se desenvolve em um tamanho menor criando abelhas menores, menos produtivas e mais agressivas.
      - A substituição faz com que a rainha aumente a postura
      - Maior aproveitamento de cera por ocasião da purificação

      Levando em consideração estudo feito por  Rojec (1953) publicado no Livro  “La Colmeia Y las Abejas Melliferas”, Dadant – Editorial Hemisferio Sur, descobriu-se que:
      - Após o primeiro ciclo de cria  o favo aumentou seu peso em 25%
      - Após o 5º ciclo o peso duplicou
      - No 15º ciclo o peso triplicou e após o 30º ciclo o peso quadruplicou.

      Observem que esse aumento não foi de cera e sim de uma película do próprio ovo  que evolui até a larva e que fica impregnado na cera. Outro estudioso (Svoboda – 1951) também descobriu que os favos centrais do ninho pesavam mais do que os laterais justamente em função da cria que normalmente é centralizada nos 6 a 8 quadros centrais.

      Após essas verificações e na prática percebemos que para um maior aproveitamento da cera e um melhor comportamento de postura da rainha a substituição dos favos deve ser feita nas imediações do 16º mês de uso do favo na cria. Esse período proporciona em média 23 crias. Nos favos utilizados somente para mel o prazo pode ser mais longo.

      Apresentamos abaixo equipamentos simples e baratos que qualquer apicultor pode ter para purificar a cera de uma forma objetiva e menos trabalhosa  do que os métodos tradicionais de derreter cera, ou seja derreter a cera com água, passar por uma peneira ou pano, retornar ao fogo novamente ,etc. Os equipamentos apresentados não são novidade, são isto sim usados por muitos apicultores do Brasil e de varias partes do universo.  Apresentamos porque achamos que virá  facilitar o trabalho com cera.

1 – DERRETEDOR A VAPOR

      Construção – Aquisição de 2 tambores que pode ser de 100 lts. Um tambor corta-se ao meio sentido horizontal. Outro tambor na parte do fundo, fura-se e solda um cano ¾” galvanizado, sendo que esse cano deve ficar aproximadamente 3 cm abaixo da tampa do tambor. Solda-se o tambor grande sobre o menor já cortado. Colocar no tambor de cima uma tela malha de 2 a 3 mm para filtragem da cera. A tela deve ser móvel para facilitar a limpeza.
 
      Funcionamento - Encher através do cano a parte inferior do tambor de água, colocando a cera na parte do tambor superior. (Essa cera deve ficar abaixo da abertura do cano para evitar a penetração de cera na água) Fechar o tambor e acender o fogo. A água irá aquecer formando o vapor que sairá através do cano batendo na tampa e voltando para a cera aquecendo e derretendo a mesma, passando pelo filtro  e saindo para o balde já praticamente limpa.

      Vantagem  - O vapor derrete todo tipo de cera, a sujeira fica na tela

      Desvantagem - Possibilidade de se queimar pelo vapor quando tirar a tampa para observar a quantidade de cera existente. A limpeza da tela deve ser feita com ela aquecida ajudando a retirada da sujeira, uma vez que a cera e a sujeira solidificam-se rapidamente.

2 – DERRETEDOR SOLAR

      Construção - Faz-se uma caixa de madeira totalmente fechada com uma inclinação de aproximadamente 15%, sendo que na tampa é feita uma moldura e nessa moldura é colocado dois vidros de 4 ou 5 mm, separados um do outro em aproximadamente 10 mm. Na parte interna coloca-se uma chapa que deve ser galvanizada, alumínio ou inox que acompanha a inclinação da tampa, e, na parte mais baixa coloca-se um recipiente que pode ser de chapa ou madeira onde irá receber a cera derretida. Deve-se pintar toda a caixa principalmente na parte interna na cor preta para obter maior concentração de calor.

      Funcionamento - Coloca-se a cera sobre a chapa, fecha a tampa e deixa diretamente ao sol. Os raios solares penetram pelo vidro formando uma temperatura alta  e a cera é totalmente derretida. A cada 2 horas deve-se mudar um pouco a posição da caixa para que ela continue recebendo o raios solares diretamente.

      Vantagens - Não se trabalha com fogo, não há necessidade de estar sempre em observação.Excelente para cera de operculo e pequenas quantidade de cera da tampa  - Energia totalmente gratuita, alem de poder derreter a cera  em qualquer lugar, desde que tenha  sol.

      Desvantagem - Favos muito velhos tem dificuldade em ser derretida. Utilização de pouca cera por dia para ser derretida.
 

CONCLUSÃO

      A cera purificada tem menor probabilidade de pegar traça, ainda mais se acondicionada em sacos plásticos de preferência de primeiro uso, e guardadas em lugar escuro e arejado.
 
      A cera é um produto da colmeia que tem seu valor tanto para as abelhas como para o homem e cabe a nós apicultores saber produzi-la, principalmente sabendo que a abelha consome em média 7 a 8 kg. de mel para produzir 1 kg. de cera.

 

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