Artigo
 
 

CONTROLE  DE  QUALIDADE DE PRÓPOLIS

 
Profa. Dra. Maria Cristina Marcucci
Faculdade de Engenharia e Ciências Tecnológicas da Universidade Metropolitana de Santos. 
Rua da Constituição, 374, V.Mathias, Santos, SP, cep 11015-470, 
e-mail:    marcucci@unimes.com.br 
 
I . Introdução
 

     A própolis tem sido nestes últimos anos reconhecida até pelos mais incrédulos cientistas como um produto natural que pode curar várias doenças, desde pequenos cortes na pele até úlceras, infecções de ouvido, garganta, tosses, etc... De fato, este produto elaborado pelas abelhas a partir de resinas de brotos e secreções de plantas tem todo este poder curativo por possuir uma composição química bastante complexa, cujos compostos atuam sinergisticamente. Os ácidos fenólicos e seus ésteres, flavonóides, terpenos, hidrocarbonetos, amino-ácidos são alguns dos principais componentes encontrados na própolis. As amostras brasileiras têm composição bastante distinta das do resto do mundo. Por isto o grande interesse no comércio desta resina especialmente por países do oriente. Como o comércio exige cada vez mais um produto bem elaborado e de qualidade, torna-se urgente a determinação de parâmetros para o seu controle de qualidade. A seguir, são apresentadas algumas sugestões sobre o tema.
 

II . Controle de qualidade
 

     II.1. Amostras brutas

      Análises químicas

    1)Análises macroscópicas: aspectos gerais como, cor, aparência (viscosa, mais dura, etc...) cheiro, etc... Verificar se não existem restos de abelhas mortas, pequenas lascas de madeira, pregos, entre outros. Tomar sempre os melhores cuidados pois a apresentação “fala muito alto”.

    2)Teor de cera: Todas as amostras de própolis apresentam cera em sua composição, cujo teor pode variar de uma amostra para outra, dependendo da região de coleta.

    3)Teor de resíduo: O teor de resíduo seco insolúvel em álcool etílico também pode variar de uma amostra para outra.

    4)Teor de extrato etanólico (EEP): é o obtido quando se faz a maceração da própolis em álcool etílico, após a retirada da cera  e do resíduo.

    5)Umidade: É importante se avaliar o teor de umidade pois se a amostra estiver com um índice maior que o normal de água (especialmente quando se retira do freezer e se embala) é certo que crescerão fungos sobre a mesma, e se tornará imprópria para o comércio.
 
    6)Teor de cinzas: É toda a matéria de origem mineral existente na amostra. O teor de cinzas é obtido ao se calcinar a própolis, eliminando-se toda a matéria orgânica. No material resultante estão presentes metais como potássio, chumbo, cádmio, cobre, zinco, estanho, entre outros.

    7)Propriedades redutoras (índice de redução): Indicam qual o tempo que a amostra necessita para exercer o poder antioxidante. Por este motivo, a própolis é utilizada em alguns países como antioxidante em embalagens de alimentos.

    8)Fenóis totais: É a determinação da presença de substâncias fenólicas como ácidos (cafeico, ferúlico, p-cumárico, etc...), ésteres (cafeato de feniletila, p-cumarato de benzila, etc..) e flavonóides (quercetina, canferol, pinobanksina, etc...).

    9)Flavonóides totais: É a determinação específica da presença de flavonóides em própolis avaliada pelo teor de quercetina.
 

    Análises microbiológicas

    1)Presença de fungos: A presença de fungos é verificada devido a um manuseio errado das amostras ou por descongelamento após um período em congelador sem ter o cuidado de secar a mesma antes da embalagem.  Deve-se ter o cuidado de manusear as amostras com as mãos sempre limpas para impedir o contágio das mesmas com bactérias e fungos.

    2)Presença de coliformes: São as bactérias que se encontram presentes principalmente na forma de Escherichia coli. Aparecem devido aos comentários feitos no item anterior, isto é, um manuseio errado.

    3)Atividade antibacteriana: Indica a atividade biológica da amostra, que pode variar de uma para outra. Pode-se dizer por via de regra que quanto maior a atividade antibacteriana, maior será o efeito terapêutico. Esta atividade pode ser avaliada em S.aureus, S.mutans, Salmonella, entre outros.

    II.2. Tinturas

    Análises químicas

     As análises químicas em tinturas são feitas como em amostras brutas:
 

    1)Análises macroscópicas
    2)Teor de cera
    3)Teor de extrato etanólico (EEP)
    4)Propriedades redutoras (índice de redução)
    5)Fenóis totais
    6)Flavonóides totais
 

    Análises microbiológicas
 
    1)Atividade antibacteriana

    As análises microbiológicas, como presença de fungos e coliformes se fazem desnecessárias em tinturas.
 

III. Conclusões

     Ainda há muito o que se estudar sobre o controle  de qualidade de amostras de própolis, especialmente as brasileiras, como o estabelecimento de parâmetros que só pode ser possível após a análise de um número passível de uma análise estatística, para se Ter dados confiáveis.
 
 

IV. Agradecimentos:

     Agradeço ao Sr. Constantino Zara Filho, por ter me propiciado a oportunidade de apresentar este trabalho de tantos anos e também aos associados da APACAME por sempre me acolherem e me prestigiarem.
 

 

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