MELIPONICULTURA
( Criação de Abelhas Indígenas sem Ferrão)
Waldemar Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME COLMEIAS (CAIXAS)
Na edição próxima passada, falamos das condições necessárias, locais, e alguns tipos de abelhas que poderemos criar. Nesta edição, trataremos dos materiais a serem usados na montagem propriamente dita do meliponário, ou seja: caixas, cavaletes e coberturas.
Inicialmente, falaremos de diversos modelos de caixas que naturalmente abrigarão as famílias, a escolha de determinado tipo ficará a critério do meliponicultor, mesmo porque existe no mercado um número expressivo delas. A título de informação citaremos algumas já usadas pelos nossos colegas, criadas no dia a dia do manejo e, fruto de muita observação e, modelos criados pelos nossos pesquisadores e estudiosos no assunto.
Se você quiser construí-las, daremos os gabaritos de alguns modelos mais usados.
Uma vez construídas as caixas e montado o meliponário convém numerar as caixas o que facilitará as anotações que você irá elaborar para acompanhamento do manejo e desenvolvimento das abelhas.
Devemos levar em consideração, para uso das caixas, as espécies de abelhas que se vai criar, o tamanho do ninho, forma de manejo etc.
Devemos escolher um modelo que facilitará a colheita de Mel, sem molestar o ninho e, o mais importante, o tamanho adequado como potencial de néctar e pólen oferecidos na região do meliponário.
MODELOS: PNN - Paulo Nogueira Neto; Kerr, Capel Vertical, Capel Horizontal, Baiano, Isis, Maria, Uberlândia, Juliane, Sobenko, Guiliani etc..
MODELOS DE CAIXAS:
MODELO PNN = PAULO NOGUEIRA NETO
Em termos de medidas as gavetas são todas iguais, com exceção da última, que contém uma tábua par fechar, por baixo, o espaço da cria, e outra para fechar o vão ao lado oposto da cria.
Devemos observar também que as medidas das gavetas são internas.
Esta colméia pode ser usada para as seguinte abelhas, desde que observadas as medidas que se seguem:
Para abelhas Jataí (Tetragonisca angustula) . Usar 03 Gavetas.
Gavetas Grande piso central Pequeno piso Largura 16,0cm 16,0cm 6,0cm Comprimento 40,0cm 25,0cm 9,0cm Altura 04,0cm Espessura 02,0cm 02,0cm 02,0cm Para abelhas Mandaçaia (Melipona quadrifasciata) . Usar 03 Gavetas.
Gavetas Grande piso central Pequeno piso Largura 16,0cm 16,0cm 04,0cm Comprimento 40,0cm 22,0cm 10,0cm Altura 06,0cm Espessura 02,0cm 02,0cm Para abelha Uruçú ( Melipona scutellaris) . Usar 04 gavetas.
Gavetas Grande piso central Pequeno Piso Largura 22,0cm 22,0cm 06,0cm Comprimento 50,0cm 28,0cm 14,0cm Altura 75,0cm Espessura 02,0cm 02,0cm
MODELO KERR:
Medidas usadas para Jataí ( Tetragonisca angustula) Estas medidas podem ser usadas, também, para abelhas mosquito mirim (plebeia -spp)
Largura 20,0cm Comprimento 20,0cm Altura 20,0cm
Medidas usadas para Uruçú ( Melipona scutellaris)
Largura 30,0cm Comprimento 30,0cm Altura 30,0cm
Medidas usadas para Mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
Largura 25,0cm Comprimento 25,0cm Altura 25,0cm OBS: Estas medidas são internas podendo, a espessura das tábuas, ser de 1,5cm a 3,0cm de acordo com a temperatura da região. MODELO CAPEL (Vertical)
Este modelo também é detalhado. Aconselho, como no caso da Capel Horizontal, comprá-la em casas especializadas.
Também, existem no mercado vários tamanhos para abrigar as nossas abelhas nativas, como a Jataí, Mosquito, Jandaíra, Mandaçaia e Uruçú.
MODELO CAPEL ( Horizontal)
Esta caixa possui detalhes minuciosos, tornando, assim, sua construção difícil. É preciso muita habilidade. Por isso aconselhamos comprá-la pronta.
Existem em diversos tamanhos para abrigar abelhas Jataí, Uruçú, Mandaçaia, Mosquito, Jandaira, Moça Branca etc..
MODELO BAIANO
Colméia muito usada no Norte e Nordeste para abelhas Uruçú e Mandaçaia Medidas usadas para abelha Uruçú
Largura 22,0cm Comprimento 50,0cm Altura 22,0cm
Medidas usadas para abelha Mandaçaia
Largura 18,0cm Comprimento 40,0cm Altura 18,0cm Devemos usar madeira com 1,5cm de espessura e todas as medidas são internas. MODELO ISIS
São as preferidas para a criação de abelhas Uruçú, principalmente para fins comerciais. Na impossibilidade de encontrar caixas prontas no mercado é preciso mandar fazê-las ou, com alguma habilidade, constuí-las. É importante que a madeira seja leve, de cheiro agradável e resitente, sem nenhum tratamento.
Citamos algumas mais usadas principalmente no Norte e Nordeste: Vinhático amarelo, Castanho, Louro verdadeiro, Jaqueira, Ingauçú, Imburana etc.. No Sul encontamos com facilidade o Pinho, Cedrilho etc..
Depois de prontas devemos impermiabilizá-las e pintá-las com cores claras, ex: amarelo, verde claro, azul claro, cinza claro etc.. E só externamente
Especificação: (Medidas internas)
Tamanho da caixa 38,0 x 47,0 x 14,0cm Espessura da madeira 02,0cm Medidas do ninho 20,0 x 38,0 x 14,0cm Espessura do ninho Tábua separadora 1,5cm Tamanho da Tampa do Ninho 21,0 x 40,0cm Tamanho das melgueiras 9,5 x 43,5 x 12,0cm Espessura da tábua da melgueira 1,5cm Tamanho da tampa da melgueira 15,0 x 40,0cm Espaço entre a melgueira e o corpo da caixa 0,5cm Diâmetro do furo de entrada da caixa 1,1cm
MODELO MARIA
Esta caixa é muito usada por quem cria abelha com fins comerciais. Sua particularidade é facilitar a colheita de mel sem prejudicar o ninho
Esta caixa pode ser construída com as mesmas madeiras usadas na caixa Isis.
São indicadas para a criação das abelhas: Uruçú amarelo (Melipona fasciata rufiventris), Uruçú Verdadeiro (Melipona scutellaris), Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), Tiuba amarela(Scaptotrigona xanthotricha), Uruçú Mirim (Melipona Cesiboi) Jataí (Tetragonisca angustula), Moça Branca (frisiomellita varia) etc.
Devemos observar para cada espécie a ser criada uma medida específica.
Exemplos: Para Uruçú Amarelo e Uruçú Verdadeiro. (Medidas internas)
Tamanho da caixa 20,0 x 20,0 x 80,0cm Espessura da madeira 02,0cm Medidas do ninho 20,0 x 20,0 x 20,0cm Espessura da tábua separação ninho 1,5cm Tamanho da tampa 26,8 x 86,8cm Beiral da tampa 3,5cm Espessura da tábua do beiral 1,0cm Furos da parte de frente 02,0cm Furos na parte traseira 2,2cm Tamanho das melgueiras 17,5 x 19,0 x 26,0cm
Vol. 8,6 L.Espessura da tábua da melgueira 1,0cm Folga entre a melgueira e o corpo caixa 5 mm Folga entre a tampa e o corpo da caixa 8 mm Localização do furo da entrada no centro do ninho 7,0cm do piso Diâmetro do furo entrada 1,1cm MODELO JULIANE
Esta caixa é bastante prática e oferece algumas vantagens. O tamanho da câmara de cria é muito eficiente e o tunel interno possui o comprimento aproximado da colmeia na natureza, ou seja, o tubo de acesso tem 20,0cm até a zona dos favos de cria.
Na abertura da caixa, quando da inspeção, manejo e principalmente na colheita de mel, o ninho permanece intocável, evitando que as abelhas sejam molestadas e mantendo-se a temperatura interna.
Sendo as gavetas móveis, facilita o manejo na extração do mel.
Se usarmos a pratica da cera moldada na gaveta, ocorre um aumento na produção do mel, uma vez que extraído o mel, elas retornam para a caixa com a cera praticamente intacta.
DESCRIÇÃO E MEDIDAS INTERNAS DA CAIXA
Comprimento da caixa 24,0cm Largura da caixa 15,0cm Altura da caixa 18,0cm Podemos usar qualquer madeira, com espessura, de preferência , de 2,5cm, berm seca e bem aparelhada, sem tratamento.
Na montagem da caixa, devemos usar parafusos o que evita o empenamento das tábuas e dá mais resistência à mesma. O parafuso, no caso de abertura da caixa, sai facilmente evitando assim movimentos bruscos.
O espaço pontilhado que vemos no desenho são duas tábuas pregadas. Formando uma caixinha de 8 x 8 x 18cm de altura, que devemos preencher com um material isolante, por exemplo: maravalha, pó de serra, isopor etc.
(Corte lateral da caixa)
DESCRIÇÃO E MEDIDAS DAS GAVETAS. A caixa é composta de 05 gavetas(medidas internas) Largura da gaveta 14,0cm Comprimento da gaveta 15,0cm Altura da gaveta 3,2cm
Colmeia Juliani ( gavetas e sarrafinhos - suporte e medidas) São 8 sarrafinhos
Largura do sarrafinho 1,0cm Altura do sarrafinho 0,5cm Comprimento 14,0cm pregados a um centímetro do outro Quanto aos modelos e medidas das caixas Sobenko e Guiliani, os interesados encontrarão matéria nas Revistas MENSAGEM DOCE números 42 de julho/97 e 43 de setembro/97 respectivamente.
CAVALETES
Atualmente, a experiência e os longos anos de observação, nos aconselham a usar cavaletes individuais que facilitam o manejo e evitam movimentos desnecessários, que possam afogar as larvas ou gorar os ovos.
Os cavaletes podem ser construídos de madeira, cimento, ferro etc.. Devemos considerar a disponibilidade de material e as condições financeiras do meliponicultor.
Podemos construir cavaletes coletivos em forma de prateleiras com cobertura de telhas de barro ou amianto, sempre obedecendo a distância entre uma e outra caixa., como mencionamos na matéria anterior. Outro fato importante é que estes cavaletes devem possuir obrigatoriamente proteção contra invasão de formigas e estar a uma altura que não permita que outros inimigos das abelhas as alcance. Numa outra oportunidade falarei dos inimigos e as formas de evitá-los. Mencionarei também a maneira de combatê-los. Lembrei aqui das formigas, porque são as inimigas número um no meliponário, responsáveis pelo insucesso do meliponicultor, principalmente as formigas doceiras que conseguem expulsar as abelhas de seu ninho, fato esse que ocorre com mais frequência nas Jataís.
Como foi dito na matéria anterior, podemos criar nossas abelhas pendurando as caixas nas árvores, nas varandas das casas etc.. Mas, sempre colocando dispositivos de proteção contra os predadores e invasores.
Quero informá-los de que uso um cavalete individual idealizado por um sócio da APACAME, o Sr. Álvaro Chaves, que também é usado para a colmeia de Apis, construído de Cimento e ferro e por isso de grande durabilidade. Para conhece-lo basta consultar o número 36 da MENSAGEM DOCE do mês de maio/96, página 11, matéria “CAVALETE ÁLVARO CHAVES”.
Para exemplificar, aqui esta um cavalete simples de baixo custo e de fácil construção
Cavalete comum a 80,0cm do solo.