Artigo
 
 

ASPECTOS DA APICULTURA NO JAPÃO

Mário Isao Otsuka, Diretor Responsável pela Revista Mensagem Doce
 
 
Toshihiro Higashi e Mario Isao Otsuka
Da esquerda para a direita o 
Sr. Toshihiro Higashi e o 
nosso diretor Mario I. Otsuka
Esteve em São Paulo, no período de 02 a 13 de outubro de 1997, o apicultor japonês Toshihiro Higashi de 22 anos. Veio diretamente da  Inglaterra, onde se encontrava estagiando na empresa Bee Health, na cidade de Scarborough em York. 

    No Japão Toshi e seu pai Massahiro praticam a apicultura na região de Osaka, onde residem, ao sul da Ilha principal do Japão, e também na Ilha de Hokaido no extremo norte e cuja distância de Osaka é de 1.500 km. 

São profissionais da apicultura, embora seu pai tenha ainda uma atividade paralela principal. São donos da empresa Azuma Honey Bee Farm Ltd. e do Museu Apícola Azuma Museum of Bees. 

 
 

    Conforme nos informou, em razão de uma grande população ( cerca de 130 milhões), uma extensão territorial pequena ( 367.700 Km2, pouco mais do que o Estado de São Paulo), e geograficamente bastante acidentada, não há apicultores amadores em seu país, pois não existem lugares para eles.

    Possuem 350 colméias que produzem, em média, 50 kg. de mel por colméia/ano. São geralmente 7 colheitas anuais e são colhidos méis de favos com mais ou menos 40% de operculação.

    As colméias são de 9 quadros colocados longitudinalmente ao alvado. E estão preparadas para migração, com uma janela de tela que podem ser fechadas rapidamente e assoalho fixo. Trabalham normalmente com apenas uma melgueira para poderem colher méis monoflorais, que basicamente são os procurados pelos consumidores mais exigentes. Não gostam, como no Brasil, de méis cristalizados.

    O méis são provenientes de floradas de cerejeira ( a flor típica do Japão), acácia e astrágalo chinês ( Astragalus sinicus L.). A astrágalo que dá 3 colheitas de mel por ano, há décadas passadas nascia espontaneamente todos os anos nas terras utilizadas para o plantio de arroz. É uma leguminosa que, portanto, fixo o nitrogênio no solo.

    Todavia, em virtude da mudança no hábito do trato da terra elas não mais nascem espontaneamente, necessitando serem semeadas todos os anos pelos apicultores. Para tanto, compram sementes com  isenção de impostos e com autorização dos donos das terras fazem a semeadura. O que atrai os consumidores a uma loja de méis é a  existência de mel monofloral de astrágalo.
 
    A migração das colméias para Hokaido se dá no mês de junho quando já não há mais floradas em Osaka. Se não houvesse essa migração perderiam seus enxames, pois em razão do forte calor e  luminosidade na época, as abelhas, mesmo não havendo mais nenhuma florada, saem das colméias à procura de alimentos desgastando-se muito fisicamente, o que reduz drasticamente sua longevidade.

    Na mesma época começam a surgir o ataque de bandos de Vespas Mandarina que, em alguns dias, acabam com todas as abelhas de uma colméia. As abelhas e as crias são alimentos dessa vespas.

    Ficam em Hokaido até novembro quando já começam a receber açúcar como alimentação, O açúcar para o apicultor é colorido artificialmente para evitar o mel de açúcar. Esse açúcar é isento de impostos.
Nos últimos 15 dias em Hokaido já começam a aparecer as primeiras vespas mandarina.

    O mel monofloral custa ao consumidor japonês cerca de US$ 18,35 o Kg.. Os méis adquiridos pelos entrepostos, tanto no mercado interno quanto por importação, são clarificados e desodorizados e assim distribuídos no mercado.

    Aqui, Toshi esteve por três vezes nos Apiários Ferrão Suave, de Mário Isao Otsuka e Benito Brito Pinto, conhecendo o comportamento das nossas abelhas africanizadas. Conheceu também a sede da APACAME, Apiário Martins Ltda., Zovaro Com.Agro Apis Ltda. e Apiários Sakamoto Ltda.

 
 

 
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