Artigo

Aproveitamento do residual da própolis

Harold Brand
Biólogo, Meliponicultor e Consultor da APA
E-mail: hanceldbrand@gmail.com

O extrato de própolis geralmente é obtido por meio de infusões da própolis bruta em álcool de cereal. Uma vez removida parte liquida resta uma fração pastosa que é a parte residual comumente conhecida como Borra. Desse residual descartado pelos apicultores como lixo incomodo é possível obter um pó de alto potencial medicinal e alimentar, pois é portador de muitas substâncias biologicamente ativas:

O residual solido ou pastoso contém inúmeras substancias biologicamente ativas porque:

ARGUMENTOS

I. Ainda contém a maioria das substâncias não retiradas no processo de obtenção do extrato da própolis e outras permanecem intactas, pois são insolúveis no alcool.

II. Possui em sua massa uma quantidade apreciável de pólen.

Dependendo do táxon da planta que deram origem a esses pólens existe agregados a sua membrana externa proteínas, pigmentos, amido e óleos essências. O próprio protoplasma do grão de pólen é uma fonte rica em substâncias biologicamente ativas.

As substâncias agregadas as membranas do grão de pólen (exina e intina) e o seu protoplasma são verdadeiros tesouros enzimáticos (mais de 5000 enzimas diferentes) e coenzimas fundamentais para o metabolismo celular.

III. A cera componente da própolis bruta não é dissolvida pelo solvente álcool etílico, portanto permanece no residual. Na literatura encontramos numerosos trabalhos demonstrando os valores dos componentes químicos da cera das abelhas, principalmente o ácido palmítico.

IV. Junto o material recolhido pelas abelhas nas plantas as resinas (metabólicos secundários) vem agregados muitos tecidos vegetais (tricomas, células de revestimento, etc..) que tem valor biofitoterápicos e que fazem parte do residual (Borra).

1. Nota: A simples observação ao microscópio pode revelar a sua origem botânica desses tecidos.

V. A própolis bruta quando ingerida diretamente pelos animais é fracamente assimilável o que não acontece com o residual que é facilmente absorvido.

2. Nota: O grau de biodisponibilidade dos nutrientes do grão de pólen tem suas limitações na resistência das membranas de revestimento a ação dos sucos digestivos. Por isso, in natura, tal como recolhido das colmeias, e comercializada apenas 3 a 30% são aproveitáveis para absorção do organismo, no residual o aproveitamento é muito elevado.

POSSIVEIS APLICAÇÕES DO RESIDUAL

a) Como antiviral e bacteriano.

b) Conservação dos alimentos.

c) Contém inúmeras substâncias necessárias a formação dos grupos prostéticos da proteína (coenzima). Importantes no metabolismo animal.

d) Medicamento barato que podem fazer parte das rações de animais (mantém a sanidade principalmente dos animais em confinamento).

e) Reduzir a poluição ambiental (exemplo: neutraliza a dioxina grande inimigo oculto nas águas das cidades industrializadas).

f) Contém fitoalexinas, plataformas químicas para a formação de hormônios vegetais (fitohormonios).

OBS: Podem acelerar a germinação da sementes, induzir a florada, formação de raízes, etc..

g) Tem na sua composição inúmeros microelementos, de alto valor nas dietas alimentares de animais e humanos.

DIFICULDADES

a) Obtenção do produto da matéria prima (borra), o residual é normalmente descartado, pois o seu valor é desconhecido e como tal não é comercializado.

b) A dificuldade técnica da transformação do residual em pó seco para que possa ser aplicado. Do residual deve ser retirado o álcool remanescente, seco e fragmentado até se tornar pó para que possa ser misturado a ração animal ou mesmo humana. (As maquinas de trituração engripam devido a manutabilidade de alguns componentes do residual).

c) Cultural: dificuldade ou desconhecimento dos apicultores em aplicar técnicas ou cuidados para obter própolis bruto higienicamente e sem impurezas.

d) Pesquisas: embora o Brasil seja o país campeão mundial de diversidades de própolis (tanto de Apis como de abelhas sem ferrão) o número de pesquisas é reduzido, principalmente nas suas aplicações práticas.

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