O extrato de própolis geralmente é obtido por meio de infusões da própolis bruta em álcool de cereal. Uma vez removida parte liquida resta uma fração pastosa que é a parte residual comumente conhecida como Borra.
Desse residual descartado pelos apicultores como lixo incomodo é possível obter um pó de alto potencial medicinal e alimentar, pois é portador de muitas substâncias biologicamente ativas:
O residual solido ou pastoso contém inúmeras substancias biologicamente ativas porque:
ARGUMENTOS
I. Ainda contém a maioria das substâncias não retiradas no processo de obtenção do extrato da própolis e outras permanecem intactas, pois são insolúveis no alcool.
II. Possui em sua massa uma quantidade apreciável de pólen.
Dependendo do táxon da planta que deram origem a esses pólens existe agregados a sua membrana externa proteínas, pigmentos, amido e óleos essências. O próprio protoplasma do grão de pólen é uma fonte rica em substâncias biologicamente ativas.
As substâncias agregadas as membranas do grão de pólen (exina e intina) e o seu protoplasma são verdadeiros tesouros enzimáticos (mais de 5000 enzimas diferentes) e coenzimas fundamentais para o metabolismo celular.
III. A cera componente da própolis bruta não é dissolvida pelo solvente álcool etílico, portanto permanece no residual. Na literatura encontramos numerosos trabalhos demonstrando os valores dos componentes químicos da cera das abelhas, principalmente o ácido palmítico.
IV. Junto o material recolhido pelas abelhas nas plantas as resinas (metabólicos secundários) vem agregados muitos tecidos vegetais (tricomas, células de revestimento, etc..) que tem valor biofitoterápicos e que fazem parte do residual (Borra).
1. Nota: A simples observação ao microscópio pode revelar a sua origem botânica desses tecidos.
V. A própolis bruta quando ingerida diretamente pelos animais é fracamente assimilável o que não acontece com o residual que é facilmente absorvido.
2. Nota: O grau de biodisponibilidade dos nutrientes do grão de pólen tem suas limitações na resistência das membranas de revestimento a ação dos sucos digestivos. Por isso, in natura, tal como recolhido das colmeias, e comercializada apenas 3 a 30% são aproveitáveis para absorção do organismo, no residual o aproveitamento é muito elevado.
POSSIVEIS APLICAÇÕES DO RESIDUAL
a) Como antiviral e
bacteriano.
b) Conservação dos
alimentos.
c) Contém inúmeras substâncias necessárias a formação dos grupos prostéticos da proteína (coenzima). Importantes no metabolismo animal.
d) Medicamento barato que podem fazer parte das rações de animais (mantém a sanidade principalmente dos animais em confinamento).
e) Reduzir a poluição ambiental (exemplo: neutraliza a dioxina grande inimigo oculto nas águas das cidades industrializadas).
f) Contém fitoalexinas, plataformas químicas para a formação de hormônios vegetais (fitohormonios).
OBS: Podem acelerar a germinação da sementes, induzir a florada, formação de raízes, etc..
g) Tem na sua composição inúmeros microelementos, de alto valor nas dietas alimentares de animais e humanos.
DIFICULDADES
a) Obtenção do produto da matéria prima (borra), o residual é normalmente descartado, pois o seu valor é desconhecido e como tal não é comercializado.
b) A dificuldade técnica da transformação do residual em pó seco para que possa ser aplicado. Do residual deve ser retirado o álcool remanescente, seco e fragmentado até se tornar pó para que possa ser misturado a ração animal ou mesmo humana. (As maquinas de trituração engripam devido a manutabilidade de alguns componentes do residual).
c) Cultural: dificuldade ou desconhecimento dos apicultores em aplicar técnicas ou cuidados para obter própolis bruto higienicamente e sem impurezas.
d) Pesquisas: embora o Brasil seja o país campeão mundial de diversidades de própolis (tanto de Apis como de abelhas sem ferrão) o número de pesquisas é reduzido, principalmente nas suas aplicações práticas.