Visita Técnica

Visita Técnica ao Meliponário da Embrapa Amazônia Oriental

José Luciano Panigassi; Eng. Agrônomo, apicultor e meliponicultor.
jlpmelipona@hotmail.com

Foi realizada no dia 06 de Novembro de 2014, a visita técnica ao meliponário da Embrapa Amazônia Oriental, localizada no Bairro Marco na cidade de Belém - PA. A visita foi realizada no período da manhã, com um micro ônibus cedido gentilmente aos visitantes.

Na chegada ao meliponário o nosso grupo, foi dividido em três, cada um com seu monitor (a) para a apresentação das instalações, conhecimento sobre a biologia, manejo e características distintas, de cada espécie de abelha indígena sem ferrão.

Os monitores (as) que nos receberam foram :

Ana Carolina Martins de Queiroz - Bióloga Analista - Embrapa;

Jamille Costa Veiga - Bióloga, mestranda UFPA/MPEG;

Rodriga Andrade - estudante de Biologia;

Kateanne Souza Lira - estudante de Biologia;

Janete Teixeira Gomes - Técnica em Meio Ambiente e;

Sebastião de Souza Freitas - meliponicultor do Município de Igarapé- Açu.

Logo na descida do micro ônibus e na primeira visualização do meliponário, já se podia sentir uma euforia, devido a belíssima visão do conjunto de colônias distribuídas em abrigos coletivos, ao longo de um caminho sinuoso de pedriscos, envolto pelas belas árvores com o clima quente e úmido, agradável de Belém. Cada abrigo acondicionando dezenas de colônias da mesma espécie.

Euforia essa pois, o tempo que tínhamos para a visita era de 1 hora, isso contando com o tempo de ida e volta. Naquele paraíso melífero passaríamos tranquilamente 1 ou 2 dias inteiros para aprendermos um pouco, da biologia das diversas espécies de abelhas sem ferrão, sua reprodução, produção de mel e, inúmeras curiosidades, além de conhecermos a apaixonante flora melífera da Amazônia; mas tivemos que correr um pouco.

As espécies de meliponíneos que conhecemos foram:

Uruçu cinzenta (Melipona fasciculata);

Uruçu amarela (Melipona flavolineata);

Uruçu boca de renda ( Melipona seminigra)

Uruçu da bunda preta (Melipona melanoventer);

Marmelada (Frieseomellita sp.);

Canudo (Scaptotrigona sp.);

Mosquito ( Plebeia mínima );

Jataí ( Tetragonisca angustula ).

Falando no comportamento reprodutivo, o monitor Sebastião nos informou que, a Uruçu cinzenta ( Melipona fasciculata ) elimina imediatamente as rainhas virgens, logo após seu nascimento; que muitas vezes não conseguem nem emergirem dos discos e, já são atacadas pelas operárias. Ocasionalmente quando conseguem emergir, já saem correndo desesperadas pois já sabem que irão ser atacadas.

Já no caso da Uruçu amarela ( Melipona flavolineata ), elas mantém vivas as suas princesas durante 2 ou 3 dias e, depois as eliminam. Outro caso muito curioso nessa espécie ocorre entre os machos, eles podem ser negros, amarelos ou intermediários, isso é uma característica genética dessa espécie. A produção de mel das Uruçus é de 1 a 5 litros ao ano, conforme a florada e a época, existem relatos de maiores produções, mas basicamente é essa a quantidade.

Entre as colmeias racionais apresentadas pelas monitoras, a mais utilizada é a do modelo Fernando Oliveira - INPA, formada por 2 anéis no ninho onde, possuem uma divisória em forma de losango para a multiplicação das colônias.

O simples deslocamento dos anéis da colméia racional, já possibilita a multiplicação da colônia.

Na tampa foi possível observar dois orifícios de ventilação, que são lacrados com geopópolis pelas abelhas e, que também são importantes no fornecimento de xarope através de alimentadores pet, nesse caso em um dos orifícios é retirado o geoprópolis e, mantido livre para alimentação, os mesmos são fechados com rolhas de Buriti (Mauritia flexuosa) , após o fornecimento do xarope.

Detalhe da parte central do Alimentador Coletivo onde é encaixada a garrafa pet

Um outro tipo de alimentador é o coletivo confeccionado em madeira, onde é colocado uma garrafa pet virada com o gargalo pra baixo, e orifícios na tampa, distribuindo assim o xarope em duas canaletas estreitas, na direita e esquerda , permitindo a alimentação sem o perigo das abelhas se afogarem.

Os suportes coletivos foram pesquisados para o mínimo gasto em madeira, chegando no modelo final, são também protegidos com estopa embebida em óleo, para a proteção contra formigas.

Na Embrapa Amazônia Oriental, os pesquisadores estão realizando um trabalho muito importante, com a utilização das diversas espécies de meliponíneos na polinização de diversas culturas, como exemplo podemos citar algumas delas:

O Açaí (Euterpe oleraceae ) sendo polinizado pela Urucu amarela (Melípona flavolineata) e principalmente pela Canudo (Scaptotrigona sp). Na utilização de Melipona, utiliza-se 40 colônias/ha nessa cultura, segundo informação de Sebastião S. Freitas.

O Rambutã (Nephelium lappaceum) com a polinização realizada pela Uruçu amarela (Melípona flavolineata).

Entre as plantas melíferas nativas de grande importância podemos citar, a Sapateira ( Miconia minutiflora ), o Urucum ( Bixa orellana L.) ricos em pólen e a Tapiririca ou Tapiriri (Tapirira guianensis Aulb.) rico em néctar. Existem hábitos distintos entre as espécies, como a Uruçu cinzenta (Melípona fasciculata) que, prefere a visitação das flores nas capoeiras e matas, desprezando floradas rasteiras, só as visitam em caso de falta de alimento. Outra característica genética que chamou a atenção foi, o tamanho reduzido da abelha Jataí (Tetragonisca angustula), em relação a mesma espécie aqui no Sudeste, onde visivelmente é maior e mais robusta.

Em meio a tantas informações e curiosidades, fomos brindados com sachês de mel de Uruçu cinzenta (Melipona fasciculata) e Uruçu amarela (Melipona flavolineata), colhidos pelo incansável trabalho das abelhas, nas flores da exuberante e majestosa floresta amazônica.

Foi uma visita inesquecível no berço da ciência e extensão de conhecimentos a campo, naquele manhã do dia 06 de Novembro de 2014, e as visitas se extenderam no dia 7 e tive informações que até o dia 8 no Sábado, O Dr. Giorgio Cristino Venturieri estaria recebendo alguns visitantes.

Agradeço em nome da APACAME, aos monitores e a Embrapa Amazônia Oriental por essa doce acolhida e, maravilhosa oportunidade de apresentar alguns relatos daqueles momentos tão especiais.

Fotos da visita:


Retorna à página anterior