Artigo

ALTA PRODUTIVIDADE NA APICULTURA

Robson Sousa Raad - CONSULTORIA, INSTRUTORIA, ASSESSORIA, PROJETOS E PESQUISAS. Rua Cel. Manoel de Souza, 99 - Carangola - MG - Brasil - 36800 000 - tel.: (32) 3749 1022. E-MAIL: raadconsultoria@yahoo.com.br

A realidade atual que vem se mostrando é que o apicultor não está se transformando em um profissional. Ele continua a praticar apicultura sem identificar as floradas, praticando uma apicultura extrativista com um custo muito alto, ficando assim seus produtos menos competitivos no mercado e criando um hábito de dizer: Meu mel é mais caro porque é melhor, muito melhor do que o mel que vem de fora. Mas não é esta a realidade, méis de fora e de até outros países podem invadir nossas casas com preços muito mais competitivos que os nossos.

Este resumo não tem o objetivo de determinar com exatidão absoluta o que o apicultor deverá fazer em suas colméias, mas sim deixar uma referencia para que possa aprimorar sua apicultura dando -lhe a chance de aumentar sua eficiência e produtividade.

A primeira pergunta a se fazer é se nos gostamos o suficiente das abelhas e de nossas atribuições no campo, que justifique o trabalho e substitua o cansaço pôr uma satisfação de estar trabalhando com este inseto maravilhoso. Em outras palavras temos que admirar muito a abelha, e gostar muito de aprender, pois quando se trata de apicultura, nunca sabemos o suficiente.

As descobertas cientificas e principalmente as de técnicas de manejo de campo estão em evolução constante nos obrigando a estarmos sempre em contato uns dos outros a fim de trocarmos informações e estarmos sempre atualizados, participando de encontros, cursos, seminários e congressos.

Muitos apicultores não preparam suas colméias para a safra futura. Com isso deixam de produzir muitos quilos de mel gerando uma baixa produtividade.

Alimentação artificial antes da florada, a substituição sistemática anual de rainhas e a troca dos favos das colméias, são fatores decisivos para o aumento da produtividade.

A fim de explorarmos nossas floradas corretamente vamos nos colocar como as abelhas, e olhar as floradas com a visão de um enxame.

Vejamos: Uma rainha só se pode botar mais ovos se tivermos uma entrada regular de pólen e néctar, e que indiquem de que esta havendo o início de uma florada, e assim vai-se aumentando a postura de acordo com o desenvolvimento da colméia.

Antes de começarmos a fazer as explanações de nosso manejo, vamos considerar algumas coisas simples para que todo o processo possa ser justificado:

A- Leva-se mais ou menos uns 5 dias para começar a estimular uma rainha a acelerar sua postura,

B- Uma abelha leva 20 dias para nascer,

C- Até se tornar campeira, leva mais ou menos uns 25 dias. E o principal, uma rainha só poderá botar a vontade quando já tiver dentro da colméia um ciclo completo (uma sequencia) de abelhas em suas devidas funções, isto é:

Dentro da colméia temos 3 castas, Rainha, Zangão e Operárias, mas dentro da casta das operárias temos 5 classes sociais que são.

FAXINEIRAS, limpando os alvéolos, preparando-os para a nova postura da rainha,

NUTRIZES, cuidando dos ovos e das lavas e produzindo grande quantidade de geléia real,

CONSTRUTORAS, reformando e construindo favos na colméia,

GUARDIÃS, zelando pela segurança interna e externa da colméia, e,

CAMPEIRAS, que trarão todo o alimento necessário ao andamento de todo o trabalho dentro da colméia.

Olhando esta estrutura interna de uma colméia podemos concluir que:

Uma rainha só poderá botar com desenvoltura, somente após ter faxineiras na limpeza da colméia e dos favos, nutrizes para cuidar das crias, estas nutrizes só conseguirão trabalhar corretamente se tiverem também o apoio das faxineiras, e estas das construtoras, e das guardiãs e, por final, tudo isto não funciona se não tivermos um numero de campeiras suficientes a trazer alimento para toda a maquina funcionar e o principal, entrada regular de alimentos , pólen e néctar.

Se observarmos bem o tempo necessário de sequenciamento de uma colméia iremos ver que vamos ter que gastar mais ou menos uns 50 dias para que um enxame cresça e fique em ponto de produção, mas, se deixarmos a natureza cuidar disto para nós, os 50 dias gastos para crescer o enxame também irão coincidir com o fim de varias floradas, porque só durante uma florada a colméia terá uma boa condição para seu desenvolvimento, e grande parte das floradas não ultrapassa 60 dias.

O apicultor vai colher uma melgueira no final da florada e se dá por satisfeito, sem perceber que perde quase 7 semanas de floradas esperando o desenvolvimento dos enxames.

O nosso erro esta exatamente ai, se sabemos mais ou menos quando nossas floradas nativas vão acontecer devemos então dar a nossas colmeias condições para crescerem antes da florada e não durante a florada, pois durante as floradas temos que armazenar mel e colher o máximo possível.

Enquanto os enxames do campo estarão crescendo, os nossos já estarão grandes, e produzindo, e não ficar observando enxames crescerem JUNTO COM OS DA NATUREZA, que nada mais são de nossos concorrentes.

A principal técnica de manejo se dá na manutenção de nossos apiários que já estão instalados. Dentre estas técnicas, estão as de manejo no ninho, para darmos a estas condições de crescimento a altura de nossas necessidades, ou seja, fazê-las crescer dentro do tempo que precisamos e da qualidade de precisamos.

Devemos então observar o crescimento natural de um enxame na natureza, como ele ocorre, como a colônia expande dentro da caixa, o tempo que este leva para crescer, a capacidade de puxar a cera alveolada e principalmente observar o que aprendemos anteriormente sobre as classes sociais das abelhas.

Algumas informações se tornam necessárias para que possamos entender as necessidades de fazermos estes manejos com a regularidade que é preciso. Uma destas, é que observarmos com atenção o tamanho das células verificaremos que estas vão diminuindo com o passar do tempo, chegando até mesmo ao ponto de que as abelhas terem que roer e refazer as células de nascimento de abelhas.

Deste ponto de vista e de varias observações podemos concluir que as abelhas que vão nascendo em células pretas, ou velhas estarão nascendo menores que as abelhas que nascem em células novas, pois quando uma abelha nasce as faxineiras não retiram do alvéolo sua crisálida (casca da pupa), apenas limpam e fazem um revestimento, assim quanto mais abelhas nascerem neste alvéolo menor fica e por consequência menor serão as abelhas que nele irão ser geradas e nascerem, por consequência menor sua capacidade de carga e de vôo, não conseguindo competir com abelhas que irão nascer em colméias manejadas.

Em uma observação feita em apiários abandonados com cera preta nos ninhos verificou-se que as abelhas se tornam muito mais agressivas pela falta de manejo, e chegou-se a uma medição de tamanho de abelhas chegando ate 1/4 menor que as de um outro apiário.

Alem disto uma cera preta serve de abrigo a traça e algumas doenças que poderão usar o espaço entre os casulos deixados a cada nascimento.

Baseado nestas justificativas acima é aconselhável que se troque todos os quadros de ceras dos ninhos por ano, claro dentro das limitações de cada enxame, ou seja na medida que o enxame possa responder a troca, sem afetar sua capacidade de puxar a cera e cuidar das futuras crias.

A cera para ser colocada no ninho na seguinte ordem: retira-se os dois quadros do canto, abre-se um espaço no centro da colméia e colocam-se os quadros de cera tomando o cuidado de colocar entre eles um quadro de cria operculado.

Na medida que se vai trocando, os quadros novos vão sempre ficando no meio da caixa, onde é feita o núcleo de cria da colméia, assim nos vamos dando a rainha uma nova base de postura para operárias que nascerão maiores que suas irmãs e com mais ou menos 50 dias após, ocorrerá a mudança total dos quadros do enxame e este estará com um plantel de abelhas muito maiores que as anteriores.

Um fato importante é que só se coloca quadros de cera nas colméias quando se tem uma entrada regular de alimento, mas, quando esta entrada está muito acentuada não é aconselhável colocar, por exemplo durante uma florada; pois as abelhas não darão tempo para que a rainha bote nestas placas, elas vão encher todas de mel, provocando um bloqueio de ninho o que não nos interessa.

No caso de preparação para safras este manejo pode ser feito quase que por inteiro durante a alimentação dos enxames.

Quando o enxame estiver com 4 quadros de crias (completos) este aceita e tem condições de trabalhar 01 placa de cera, quando atingir 6 (completos), pode-se introduzir duas, dentro das normas acima.

ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL

Esta pode ser oferecia de base de açúcar e água ou mel e água. No caso de açúcar, sem fazer muitas contas adiciona-se 400 gramas de açúcar em um litro de água (não precisa ferver), no caso do mel um quilo de mel em 9 quilos de água. Em qualquer destas misturas devemos oferecer 60 dias antes das floradas 500 ml deste xarope individualmente aos enxames de dois em dois dias, observado no começo a seguinte tabela: dar 100 ml de xarope aos enxames pequenos por quadro de cria até atingira a marca de 500 ml., lembrando sempre da regra que o importante não é o volume e sim a regularidade da entrada do alimento.

A oferta de rações para substituição de pólen natural deve ocorrer seguindo a mesma rotina, desde que não haja entrada regular de pólen, pois caso haja as abelhas não irão colhe a proteína artificial, observou-se que as rações secas e dadas em coletivo são extremamente mais eficientes.

Durante a alimentação aproveita-se para fazer um severo manejo nos ninhos e substituição dos quadros.

COLOCAÇÃO DE MELGUEIRAS

Qual o momento ideal para se colocar uma melgueiras nas colméias?

Esta pergunta assombra muitos apicultores, mas é uma coisa simples, basta observarmos. Uma colméia está pronta para receber uma melgueira quando esta tem de 8 a 10 quadros povoados, ou seja, quando se abre uma caixa e a colméia tem 8 ou 10 quadros cobertos de abelhas, com vários quadros de cria operculados e está realmente em franco desenvolvimento, ou seja, em crescimento.

Não devemos deixar uma colméia ficar grande para depois ampliar seu espaço, se esta começar a preparação para enxamear, será muito difícil conseguirmos deter tal extinto.

Vários apicultores perdem grande parte de suas rainhas novas por deixarem para ampliar o espaço muito tarde.

A colocação de novas melgueiras deve se seguir o mesma referência, ou mais fácil, no inicio de floradas basta se colocar outra melgueira quando a ultima melgueira estiver com 6 quadros povoados.

O USO DE TELAS EXCLUIDORAS

O uso de telas se torna necessário para que possamos dentro da colheita obter um produto de qualidade, livre de crias, e com mais segurança e tranquilidade efetuar os trabalhos de colheita, sabendo que não estaremos correndo nenhum risco de matar ou até mesmo levar uma rainha durante a colheita, mas esta deve ser colocada em cima da primeira melgueira, para não se limitar a postura da rainha.

ALIMENTADOR DE RAMPA PARA RAÇÃO

Você vai gastar três melgueiras e duas tampas, procure não colocar muita ração e cobrir o mais protegido possível.

Este modelo esta sendo bem aprovado para ração seca que é o melhor resultado.

Retorna à página anterior