SEMINÁRIO

Seminário reacende atividade apícola no Centro-Oeste

Encontro em Goiânia deve contribuir para que Goiás aumente a produção de mel nos próximos anos

O 1° Seminário de Apicultura do Cerrado, realizado em Goiânia (GO), de 7 a 9 de novembro, reuniu cerca de 600 apicultores de diversas partes do Brasil e público de aproximadamente quatro mil pessoas. A movimentação surpreendeu os organizadores, mas o sucesso do evento não pôde ser creditado apenas à visitação. O encontro reacendeu a atividade apícola na região Centro-Oeste.

Laryssa Danyelly Teixeira Versiani, de
apenas 17 anos, comprova a expectativa
do Sebrae Goiás
- Foto Edmar Wellington.

"Nossa intenção foi mostrar que, quando bem feita e planejada, a apicultura pode trazer rentabilidade", afirma Wanderson Portugal Lemos, diretor técnico do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), instituição realizadora do Seminário ao lado de parceiros. Wanderson acredita que as sementes plantadas na capital terão fruto nos próximos anos, tirando Goiás da 17ª colocação no ranking de produção de mel no país - 334 toneladas por ano.

"Goiás produz um mel cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Se os apicultores investirem na atividade, principalmente na área de conhecimento, temos tudo para alavancar a cadeia do mel, aumentando bastante a nossa produção. Temos potencial para liderar o ranking brasileiro", emenda.

E a participação no Seminário de Laryssa Danyelly Teixeira Versiani, de apenas 17 anos, comprova a expectativa do Sebrae Goiás. Moradora do Assentamento Santa Maria, em São João d'Aliança, no norte goiano (a 350 km da capital), ela foi uma da apicultoras mais entusiasmadas durante os três dias. Ela encheu um caderno com as anotações feitas durante as capacitações.

Palestra de Robson Raad
- Foto Edmar Wellington.

"Minha ideia é reunir mais aprendizado e trabalhar apenas com a venda de abelhas rainhas", explica a jovem, que já cuida de uma colmeia no assentamento. "É meu projeto piloto. A partir dele, vou iniciar o negócio." Laryssa, inclusive, faz curso técnico em apicultura pelo Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Além da jovem goiana, apicultores de diversos Estados estiveram presentes no Pavilhão de Eventos do Shopping Estação Goiânia, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal, Acre, Santa Catarina, São Paulo e Bahia, bem como produtores da Argentina e Bolívia. Destaque para indígenas da etnia Pareci, de Conquista do Oeste (MT), que vieram de caravana.

Entidades

Vista Parcial da feira do mel
- Foto Fernando Leite.

Outro fator que comprova o sucesso do Seminário de Apicultura do Cerrado foi a criação de duas novas entidades: a Rede de Entidades Apícolas do Pantanal, que envolve produtores do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e o Comitê Setorial da Apicultura em Goiás. "Organização e cooperativismo são os caminhos mais rápidos para se alcançar sucesso na atividade", destaca Joel Rodrigues Rocha, gerente setorial de Desenvolvimento Rural do Sebrae Goiás.

"O evento foi um sucesso. Conseguimos atender as expectativas dos produtores no que diz respeito ao conhecimento que pode ser aplicado no dia a dia, à inovação e gestão", destacou Masashi Hiroshima, gerente da Regional Entorno do Distrito Federal do Sebrae Goiás.

Daniela Caixeta, gestora do Sebrae Goiás e da organização do Seminário, avalia o resultado como extremamente positivo, justamente por ter superado as expectativas. "Além disso, tivemos uma boa participação e parceiros e oportunidades de negócios. O resultado foi satisfatório tanto na parte técnica como na troca de experiências."

O próximo Seminário de Apicultura do Cerrado deve ser realizado em 2015 (bianual), em local ainda a ser decidido.

Vista da casa do mel
- Foto Fernando Leite.

Rodadas de conhecimento

Durante os três dias do 1° Seminário de Apicultura do Cerrado, em Goiânia, foram realizadas 45 atividades de capacitação, entre palestras, mesas redondas, clínicas e rodadas de ideias. Praticamente todas as demandas de conhecimento dos apicultores foram atendidas, desde produção, problemas ambientais e mercado até a comercialização de produtos apícolas.

Robson Raad, um dos maiores especialista em mel do país e palestrante do Seminário, ressalta que o evento resultou em conhecimento aplicável, característica que pode fazer com que o apicultor se desenvolva. Ele lembra que a troca de experiências, como ocorreu durante o evento, estimula o senso crítico e a reflexão de como a atividade está sendo conduzida.

O apresentador Edu Guedes
em uma das oficinas de
gastronomia.

"Ao mostrar que existe um nível maior de tecnologia e conhecimento, induzimos o produtor a aplicar o aprendizado de forma simples e gradativa, o que resulta em benefícios", declara Raad.

Um dos temais mais debatidos durante o encontro foi o associativismo. O apicultor goiano Carlos Roberto Alves de Oliveira, vice-presidente da Associação dos Apicultores de Formosa e Região (Asafor), resumiu bem a importância do assunto. "Hoje, é difícil, em qualquer atividade, ter competitividade sem contar com o apoio de uma associação. Sem esse respaldo, é complicado, tanto produzir, como comercializar. O associativismo é importante para o produtor sobreviver, gerar quantidade suficiente para comercializar e exportar. Sozinho ele (o produtor) não consegue."

Gerente do escritório Regional do Sebrae Goiás no Entorno do Distrito Federal (DF), Masashi Hiroshima explica que um dos objetivos do Seminário e do trabalho junto aos apicultores é justamente mostrar a importância de os grupos em comum se organizarem. "Para, assim, conseguir gerar volume e destaque para a atividade produtiva. Por meio do associativismo não só aumenta a produção, mas também se adquiri conhecimento e prática. Minimiza os erros."

Wanderson Portugal Lemos, diretor técnico do Sebrae Goiás), destacou a interação entre os produtores. "Foi uma troca de experiências e interação entre produtores do Estado e outras regiões. Assim, tivemos diversas oportunidades e conhecimentos absorvidos, que os produtores poderão aplicar nas propriedades, melhorando a produção e a qualidade de vida."

Negócios do mel

Constantino Zara Filho
- Presidente da APACAME em palestra
- Foto Fernando Leite.

Paralelo ao 1° Seminário de Apicultura do Cerrado, foi realizada a 1ª Feira do Mel, no Pavilhão de Eventos do Shopping Estação Goiânia. Oitenta e dois expositores comercializaram artigos diversos para a atividade apícola, como equipamentos e utensílios, e produtos à base de mel ou alusivos, como própolis, pólen, cera, geleia real, cosméticos, alimentos, saúde e beleza e artesanato.

As vendas diretas renderam R$ 42 mil aos comerciantes. A empresa baiana Prasab, por exemplo, negociou todo o estoque de luvas, botas, roupões e acessórios para o apicultor nos dois primeiros dias do evento (7 e 8). "A gente corre o Brasil nesses eventos apícolas, mas esse foi o melhor que já participei, o mais organizado. A recepção em Goiânia foi muito boa." Quanto aos negócios futuros, os expositores esperam vendas de pelo menos R$ 400 mil.

Além das transações comerciais, destaque para as oficinas gastronômicas e o desfile Moda Apis. Três chefs renomados em Goiás - Emiliana Azambuja, Humberto Marra e André Barros - dividiram o espaço com o apresentador e chef de cozinha Edu Guedes, do programa Hoje em Dia, da Rede Record. A oficina de Edu foi a mais concorrida. Ainda assim, eles esbanjou simpatia pela feira.

Já o desfile Moda Apis reuniu 30 looks desenhados por 80 alunos do curso Design de Moda da Universidade Salgado de Oliveira (Universo/Goiânia). Os estudantes se inspiraram no tema "Cadeia produtiva do mel". A produção de cinco peças de lingeries, de confecção do município de Taquaral de Goiás (polo de moda íntima no Estado, a 91 km da capital), também foi mostrado no desfile, com inspiração nas abelhas e no processo produtivo do mel.

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