Sanidade Apícola

Nosema ceranae está Presente em Pólen Apícola Importado Comercializado em Território Brasileiro

SANTOS, LG1; MARTINS, M, F. 2, MESSAGE, D3; ALVES, MLTMF1; TEIXEIRA, EW1
1 Pólo Regional do Vale do Paraíba/DDD/APTA, SAA-SP. PRDTA-VP, CP 07, Pindamonhangaba, SP. CEP 12400-970.
3 Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Departamento de Entomologia, UFV. MG.

Resumo:

O microsporídio Nosema ceranae é um parasita intracelular obrigatório que afeta abelhas Apis mellifera de diferentes subespécies européias e também as abelhas A. mellifera africanizadas, tendo sido originário da A. cerana. Atualmente apresenta elevada prevalência em colméias de diversos países. O processo de infecção tem como início a ingestão de esporos, seja durante o processo de limpeza efetuado pelas operárias, seja durante o forrageamento na busca de recurso alimentar, ou mesmo pela ingestão de alimento contaminado. Este microorganismo se aloja no trato digestivo das abelhas, onde os esporos germinam e há liberação do tubo polar e a transferência do esporoplasma para o interior da célula epitelial. Os esporos são liberados junto com as fezes das abelhas e rapidamente podem contaminar toda a colônia, incluindo os produtos ali presentes como mel, pólen, cera, própolis e geléia real durante sua transferência para alimentação das crias. O pólen apícola, resultado da aglutinação efetivada por abelhas operárias do pólen das flores, mediante adição de néctar e substâncias salivares, é recolhido em coletores de pólen instalados em colméias. O considerável aumento da procura do produto por parte do consumidor, em virtude de suas propriedades nutricionais e os preços não-competitivos com os quais o produto tem adentrado em nosso país, via importação oficial sem o devido controle sanitário ou por meios clandestinos, afiguram-se como de extrema preocupação para manutenção da sanidade do plantel nacional. Este trabalho relata a primeira evidência genético-molecular de detecção de esporos de Nosema ceranae em pólen apícola importado comercializado em território nacional. Amostras de pólen com origem declarada como importada foram submetidas a análises moleculares pela técnica de PCR padronizada para detecção e identificação de DNA genômico da espécie. Os primers e as condições da reação foram apropriadas para amplificação, resultando em produto de tamanho esperado. Na reação de PCR não foram produzidos fragmentos não específicos ou artefatos. Tais constatações devem constitui-se em preocupação das autoridades e a ampliação de avaliações como as apresentadas nessa pesquisa geram informações que servem de subsídios para diretrizes governamentais, evidenciando a necessidade de conhecimento prévio do perfil sanitário de produtos apícolas importados e o risco que representam quanto à eventual dispersão de patógenos em território nacional.

Agradecimentos: Trabalho financiado pelo CNPQ, processo 578293/2008-0.

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