Editorial

AFINAL: O QUE A APICULTURA ARGENTINA TEM A VER COM A APICULTURA BRASILEIRA?

Esta edição está dedicada ao 42º Congresso Internacional de Apicultura - APIMONDIA 2011, realizado de 21 a 25 de setembro de 2011, na cidade de Buenos Aires, Argentina.

Inegavelmente o Congresso e a ExpoApis foram um sucesso que superaram as expectativas, com a participação de mais de 8.000 pessoas de todo o mundo, das quais algumas centenas eram brasileiros.

A Argentina mostrou, sem medo, uma apicultura pujante que a coloca no terceiro lugar entre os maiores exportadores de mel do mundo e em primeiro lugar como exportador de mel de qualidade.

Como isto é possível?

Pudemos ver que o País tem uma Política Apícola apoiada pelo Ministério de Assuntos Agrários que desenvolve um trabalho importante no melhoramento genético de suas abelhas e o aprimoramento técnico dos seus apicultores como estratégia para o melhoramento da produção apícola

Na visita técnica realizada no dia 26 de setembro pudemos visitar um desses Centros "La Cabaña Apiário Pedro J. Bover", onde nos foi mostrado detalhadamente esse trabalho, ali desenvolvido.

Na parte da tarde visitamos as instalações de um grande apicultor argentino que nos mostrou as suas instalações: Um galpão de 20 x 10 metros, com pé direito de 5 metros, onde estava instalado um conjunto de Desoperculador elétrico acoplado à uma Centrífuga para 120 quadros, uma Doca para carregar e descarregar caminhão, portas de armazém enormes, as quais estavam totalmente abertas, dois tanques decantadores, melgueiras com e sem mel, tudo num só ambiente.

Moral da história: Vimos que o apicultor argentino tem total liberdade de trabalho o que leva o País a produzir 84.000 toneladas de mel, das quais 95% são exportadas.

De volta ao Brasil os apicultores brasileiros foram convidados para a apresentação do resultado final da revisão do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - RIISPOA.

Estavam presentes a Confederação Brasileira de Apicultura - CBA, Federações de Associações de Apicultores, FAAMESP e FAASC, Associação Brasileira de Exportadores de Mel - ABEMEL, Empresários Apícolas e Membros da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Mel e dos Produtos das Abelhas

No que tange a Apicultura Brasileira pudemos ver um RIISPOA que vai impactar mais de 70% dos apicultores com a obrigação da transformação de todas as Casas de Mel em UEPA - Unidade de Extração de Produtos Apícolas.

Referidas UEPAs serão registradas e inspecionadas pelo DIPOA, ou outro órgão de inspeção que tenha reconhecimento de equivalência.

Ora, enquanto o mundo todo adota políticas públicas de apoio ao trabalho dos apicultores, vimos isto na Austrália, França e na Argentina, só para citar os três últimos congressos da APIMONDIA, no Brasil está sendo empurrado, goela abaixo, instrumentos de inspeção, de fiscalização, que afrontam a realidade apícola brasileira.

Afinal: O que a apicultura argentina tem a ver com a apicultura brasileira?

Nada!!