Evento

Projeto do Mel de Ortigueira é caso de sucesso no AgroEx

Atila Santos da Paz Rosa. Assessor Executivo - Secretaria de Indústria, Comercio e Turismo do Governo Municipal de Ortigueira. - Fone: (42) 3277-2395 - Celular (42) 9973-2640

31º Seminário do Agronegócio para Exportação reuniu mais de 1,5 mil pessoas em Londrina; estratégias do agronegócio para exportação e ferramentas para exportar produtos agropecuários foram os temas do evento

Com o intuito de levar conhecimento sobre exportações, aos agentes do agronegócio brasileiro, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) promoveu em Londrina, norte do Paraná, na última sexta-feira, dia 5, o 31º Seminário do Agronegócio para Exportação (AgroEx).

A programação do AgroEx dividiu-se em dois momentos. No período da manhã, representantes do MAPA apresentaram paineis sobre as estratégias do agronegócio para exportação e, à tarde, foram debatidas ferramentas para exportar produtos agropecuários.

Dos quatro casos de sucesso mostrados no AgroEx, dois são projetos apoiados pelo Sebrae/PR: o Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná e o Projeto do Mel de Ortigueira.

A presidente da Associação de Produtores de Mel de Ortigueira (Apomel), Ana Mozuski Kutz, iniciou a apresentação do caso de sucesso falando sobre a constituição de sua família e sua experiência no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ortigueira. "Iniciamos na apicultura em 1984, com 50 colmeias. Em 1987, expandimos o apiário e, em 1992, a fim de exportar a produção, construímos a primeira Unidade de Extração de Mel do Paraná nos padrões sanitários exigidos pelos órgãos competentes", afirmou a presidente.

Ana Mozuski Kutz destacou que uma das mais importantes ações do Projeto de Mel de Ortigueira é o processo de identificação físico-química, sensorial e microbiológica do mel produzido em Ortigueira, uma parceria entre Sebrae/PR, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).

"O projeto vai permitir que os apicultores conheçam o produto produzido de maneira técnica. A caracterização dos atributos do mel produzido na região vai possibilitar identificar se um produto é do município de Ortigueira ou não. Tudo isso vai agregar mais valor ao nosso produto", frisou Ana Mozuski Kutz.

Outra conquista para mais de 30 apicultores de Ortigueira é a obtenção do selo de mel orgânico, certificação que atende determinadas normas europeias. "A Apomel tem por meta a construção de pontos de venda para comercialização dos produtos e subprodutos do mel produzidos pelos associados. Outro objetivo é a constituição de uma cooperativa para facilitar o comércio interno e externo do mel", adiantou a presidente da Associação. 

O consultor do Sebrae/PR em Ivaiporã, Fabrício Pires Bianchi, explica que fatores climáticos e de manejo têm reduzido a produção de mel em Ortigueira nos últimos anos e que a mudança dessa realidade é o objetivo de um programa de fomento à atividade iniciado no município neste ano.

 "Fortes chuvas, granizo e pouca atenção com questões de melhoramento genético têm causado uma baixa na produção média por colmeia no município. Esses fatores são pontuais e o Programa de Fomento à Apicultura em Ortigueira está trabalhando essas questões para que a média de produção das colmeias salte de 25 ou 35 quilos para até 100 quilos. Além disso, há todo um esforço sendo feito para incentivar a melhoria dos subprodutos do mel. Estimamos que o investimento para o desenvolvimento da apicultura na localidade ultrapasse R$ 1,3 milhão", explicou o consultor.

Números

De acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Paraná (Seab-PR), existem no Estado cerca de  20 mil apicultores. Em Ortigueira há cerca de 21 mil caixas de abelhas, 12 mil delas pertencem aos cerca de 60 associados da Apomel. Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Canadá e Japão são principais destinos da exportação do mel brasileiro.

O consumo de mel no Brasil é um dos mais baixos do mundo, chegando a quase 100 gramas por pessoa ao ano. O consumo de agrotóxicos no País, que é 120 gramas ao ano por pessoa, supera o de mel. Na Alemanha, por exemplo, o consumo de mel chega a 2,4 quilos por pessoa/ano.

O agronegócio brasileiro

Mais de 1,5 mil pessoas acompanharam o evento aberto pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que destacou em seu discurso a importância do agronegócio para o País. "O Brasil é um dos mais eficientes produtores de alimentos de mundo. Um terço da economia brasileira gira em torno da agricultura e mais de 4 mil municípios nacionais dependem dessa atividade. Exportamos alimentos para mais de 183 países e somos os maiores produtores mundiais de café (40% do mercado global); cana-de-acúçar (40% do mercado global); suco de laranja (80% do mercado global); carne de frango (40% do mercado global); carne bovina (20% do mercado global) e o segundo maior produtor mundial de soja", frisou o ministro.

Durante o AgroEx, Stephanes abordou a problemática do domínio do mercado mundial de alguns produtos agrícolas, como o café, por exemplo, por poucos compradores. Analisando dados sobre o crescimento populacional, envelhecimento e áreas agricultáveis, o ministro, amparado por critérios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mostrou-se otimista em relação ao futuro do agronegócio brasileiro. "De acordo com a FAO, capacidade de produção, organização, agricultura aparelhada, tecnologia e disponibilidade de água são requisitos para que um País seja competitivo no agronegócio e o Brasil é um dos únicos do mundo que passa facilmente por esses critérios", avaliou.

Na opinião do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, o aumento das exportações brasileiras depende da expansão das áreas agricultáveis na região do cerrado e em estados como Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins, investimentos em irrigação, em pesquisa científica, em defesa sanitária animal e vegetal, em comércio exterior, e, em infraestrutura logística, além da diminuição da dependência externa de fertilizantes e o respeito às questões ambientais.

Já para o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do MAPA, Célio Porto, o câmbio desfavorável, juros altos, falta de escala e regularidade de produção, baixa da tradição exportadora e os baixos investimentos em marketing para desenvolver e consolidar uma marca internacional para os alimentos brasileiros são outros entraves ao aumento das exportações nacionais. "Um caminho para a solução desses problemas é a organização política, organização da produção e a melhoria das formas de comercialização. O crescimento populacional mundial, o aumento da renda e as mudanças de hábitos alimentares são grandes oportunidades para o agronegócio", explicou Célio Porto.

Londrina foi a primeira cidade a sediar o AgroEx em 2010. Desde 2006, foram promovidas 30 edições do Seminário, reunindo mais de 10 mil participantes.

AgroEx: casos mostram conceitos aplicados para sucesso da exportação

Os casos de sucesso em cada região onde o Seminário do Agronegócio para Exportação (AgroEx) servem de inspiração para os produtores que ainda não acessam o mercado externo. Em Londrina/PR, onde o evento foi realizado, nesta sexta-feira (5), as cerca de 600 pessoas que compareceram ao Parque de Exposições Governador Ney Braga conheceram os esforços de uma pequena associação apícola, de uma empresa produtora de frutas e de uma companhia bem-sucedida na exportação de produtos do agronegócio.

Alcançar mercados além do Paraná é o desejo da Associação dos Produtores de Mel do município de Ortigueira/PR, representada, no AgroEx, pela presidente Ana Mozuski. "Nossa meta é nos organizarmos para dar identidade e qualidade para o mel orgânico", afirmou. O trabalho realizado por Mozuski vem ao encontro do preconizado pelo evento: organizar para exportar produtos agropecuários identificando novos caminhos, como os orgânicos.

O caqui foi identificado como valioso por uma empresa de frutas de Porto Amazonas/PR. Demandada há 12 anos por compradores europeus, a companhia embarca, hoje, 300 toneladas ao ano. O engenheiro agrônomo responsável pela produção, diz que a certificação internacional buscada para melhorar esse comércio fez diferença não só na colocação da fruta no mercado europeu e indiano como também na qualidade do processo produtivo. "Além disso, fazer a venda direta para o importador, com maior rentabilidade", enfatizou.

Com 40 anos de experiência no cultivo de café e eucalipto, o empresário Nilson Jandre soube transformar em dinheiro não apenas o que vem da terra, mas conceitos que podem vir agregados a determinados produtos agrícolas, como a certificação Halal (atestado de abate segundo os preceitos islâmicos). "Exportação dá lucro", avisou ele à plateia.

Estímulos como esses são parte da programação de todas as edições do AgroEx e exemplificam conceitos repassados durante as palestras. O próximo seminário está previsto para 15 de abril, em Montes Claros/MG. (Eline Santos)

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