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VISITA TÉCNICA (Meliponicultura) - (Preservação)

Departamento de Abelhas Indígenas Sem Ferrão da APACAME.
Waldemar Ribas Monteiro - Conservacionista, membro técnico.

Dando prosseguimento às visitas técnicas comumente realizadas pelo Departamento de Abelhas Sem Ferrão da APACAME, estivemos no litoral paulista, mais precisamente na cidade de Bertioga, convidados pelo Dr. Celso Perez dos Santos e Dra. Solange Cavalcante Perez dos Santos, que nos proporcionaram uma belíssima estadia. Como sempre, nesta empreitada tivemos a participação da Profa. Dra. Marilda Cortopassi Laurino, do Laboratório de Abelhas da USP/SP e seu esposo Sidnei Laurino.

Depois de descer a serra do Mar com floradas exuberantes de cigarreira (Senna multijuga), manacá da serra (Tibouchina mutabilis) e Canelas (Ocotea sp), tivemos a oportunidade de conhecer, em loco, a coleção de plantas mirtáceas, orquídeas e bromélias que o Dr. Celso e sua esposa colecionam e preservam em sua propriedade em plena Mata Atlântica. Neste local, Vale do Itapanhaú as características climáticas, diga-se umidade, são idênticas as da região Amazônia. O intuito da visita foi observar o relacionamento entre abelhas e as plantas citadas e conhecer as ações realizadas pelos proprietários na preservação desse magnífico ecossistema.

Para felicidade nossa encontramos uma considerável quantidade de meliponíneos vivendo em plena harmonia e perpetuando as espécies. Constatamos que um dos ninhos já sobrevivia neste ambiente e em caixa racional há onze anos e que algumas espécies podem ser alimentadas com rapadura com canela, fortalecendo muito bem os ninhos. Outro fato notável foi a longa entrada de uma colônia de mandaçaia (M. quadrifasciata) com duas aberturas e ambas sendo utilizadas pelas abelhas.

Na natureza pudemos observar alguns ninhos naturais de meliponineos: Um de caga-fogo (Oxytrigona) em ávore de pau-ferro (Caesalpinia ferrea) a apenas 1km da praia e um ninho de manduri (M. marginata) em tronco de guabiroba e jataí (T.angustula) em tronco de guariri, ambos entre 2,5-3km da praia. Este fato mostra que estas espécies estão bem adaptados ao ambiente com influencia de maresias.

Curiosamente, também vimos um ninho da abelha limão (Lestrimelitta sp) recém instalada numa caixa de jataí, pois tinha só duas camadas de células de cria, mas já possuía duas células reais sugerindo que esta abelha também enxameia nos meses de outono, no caso, março 2009. Ao contrário das outras abelhas ela vive da pilhagem de outros ninhos e flores e floradas não importam diretamente no seu ciclo de vida.

Como na casa havia centenas de exemplares de orquídeas, em algumas havia grande concentração das "abelhas das orquídeas" ou abelhas de língua longa, cientificamente conhecidas como Euglossa. Nestas flores, os machos não coletavam alimento, mas sim substancias odoríferas, usadas para atrair as femeas. Constatamos até 6 indivíduos coletando ao mesmo tempo.

Como curiosidade, e como demonstração da grande riqueza dos ambientes preservados, algumas abelhas solitárias faziam ninho na camada externa de argila do forno de pão.

Quero ressaltar também o esforço e entusiasmo que o Dr. Celso e a sua esposa Dra. Solange têm apresentado junto às autoridades de Bertioga para viabilizar o Projeto do Jardim Botânico e a criação de um meliponário num espaço a ser cedido pelo SESC.

O Departamento de Abelhas Indígenas sem Ferrão da APACAME agradece à Profa. Dra. Marilda e seu esposo Sidnei, ao Dr. Celso e a Dra. Solange pela excelente oportunidade que nos deram em vivenciar a Mata Atlântica ao realizar esta visita técnica.


Celso Perez ds Santos, Waldemar Ribas Monteiro, Marilda Cortopassi-Laurino, Sidnei Laurino. Foto: Solange Cavalcante Perez dos Santos

Confraternizaçao entre Waldemar Ribas Monteiro e Celso Perez dos Santos defronte ao "baile de abelhas" Melipona. Foto: Marilda Cortopassi-Laurino.

Entrada dupla e alongada de um ninho de mandaçaia (Melipona quadrifasciata) na regiao de Bertioga-SP onde ambas estavam ativas.Foto: Marilda Cortopassi-Laurino.

Machos de abelhas solitárias "abelhas das orquídeas" (Euglossa) visitando flores da orquídea Catasetum trulla para coleta de substancias aromáticas usadas para atrair as femeas desta espécie. Foto: Marilda Cortopassi-Laurino.

Solange Cavalcante Perez dos Santos, Celso Perez ds Santos, Waldemar Ribas Monteiro, Sidnei Laurino. Foto: Marilda Cortopassi-Laurino.
 


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